sábado, 27 de julho de 2024

GUARDA: MILHÃO DE ÁRVORES FICOU NO PAPEL

  • Desinteresse dos privados impede Câmara da Guarda de plantar um milhão de árvores. Fonte.
  • Cascais reintroduz animais no parque natural para combater efeitos das alterações climáticas. Fonte.
  • As cinco torres de habitação social do Aleixo, no Porto, foram abaixo e os planos para a ocupação do terreno vazio desde então passam pela construção de novos edifícios de altura semelhante. Mas, desta vez, não serão para habitação social, embora um dos blocos seja destinado a 140 a 150 fogos de habitação acessível. Público 26Jul2024.
  • O BE questionou o Ministério do Ambiente sobre a deposição ilegal de entulho junto da zona industrial de Amorim, na Rua do Rio Novo, junto à A28. Os bloquistas dizem que a situação não é nova e que entre os resíduos é possivel encontrar placas de amianto e outros materiais tóxicos, entulho de obras, louças, móveis, placas, restos de madeiras e plásticos. Fonte.
  • Há 27 anos que a Nestlé tem explorações de água ilegais em França. Empresa explora furos de água para os quais não tem licença sem pagar impostos e sem ser responsabilizada pelas consequências ambientais e sociais. Fonte.
  • O bairro da Cidade Velha de Praga, também conhecido como Praga 1, proibiu o tráfego noturno no seu território. O objetivo é proporcionar um sono mais tranquilo aos residentes do bairro e melhorar a sua qualidade de vida em geral. O novo decreto proíbe a entrada na zona da Cidade Velha em torno da Rua Dlouhá entre as 22h00 e as 06h00 da manhã. Fonte.

REFLEXÃO: FUNGO QUE VIVE NO FUNDO DO MAR PODE DECOMPOR PLÁSTICO

Uma partícula de plástico (vermelho) é colonizada pelo fungo marinho Parengyodontium album (imagem: Annika Vaksmaa/NIOZ)

Um fungo que vive no mar pode decompor o plástico polietileno, desde que este tenha sido previamente exposto à radiação UV da luz solar. Os investigadores do NIOZ, entre outros, publicaram os seus resultados na revista científica Science of the Total Environment. Esperam que muitos mais fungos degradadores de plástico estejam a viver em zonas mais profundas do oceano.

O fungo Parengyodontium album vive em conjunto com outros micróbios marinhos em camadas finas sobre o lixo plástico no oceano. Os microbiologistas marinhos do Instituto Real Holandês de Investigação do Mar (NIOZ) descobriram que o fungo é capaz de decompor partículas de plástico polietileno, o mais abundante de todos os plásticos que foram parar ao oceano. Os investigadores do NIOZ colaboraram com colegas da Universidade de Utrecht, da Ocean Cleanup Foundation e de institutos de investigação em Paris, Copenhaga e St Gallen, na Suíça. A descoberta permite que o fungo se junte a uma lista muito reduzida de fungos marinhos que degradam o plástico: até à data, só foram encontradas quatro espécies. Já se sabia que um maior número de bactérias era capaz de degradar o plástico.

BICO CALADO

  • "Chamar Volta a Portugal à principal prova de ciclismo do país é já só uma força de expressão. Os ciclistas nem percorrem agora todas as regiões de Portugal e até andam cada vez mais de autocarro, porque a localidade de partida, no dia seguinte, é quase sempre diferente da do sítio da chegada. Este ano, por exemplo, os ciclistas pedalarão, a partir de hoje, 1.540 quilómetros, mas serão transportados em viaturas por mais 763. A ‘culpa’ é da organização que define os percursos em função das autarquias que abrem os ‘cordões à bolsa’ com dinheiros públicos. O PÁGINA UM contabilizou, só no ano passado, 16 contratos entre autarquias e a empresa organizadora (Podium Events) no valor total de quase 860 mil euros, ultrapassando um milhão se se incluir IVA. Este ano o valor deverá ultrapassar a fasquia de um milhão, uma vez que a Santa Casa da Misericórdia vai, com 310 mil euros por edição, passar a patrocinar a ‘camisola branca’. À conta dos pagamentos com dinheiros públicos – num evento que conta com dezenas de patrocinadores privados –, Lisboa só vai ser a meta da etapa desta quinta-feira porque a Junta de Freguesia de Marvila ‘despachou’ 90 mil euros. (…) O município da Guarda pagou 140 mil euros, havendo mais seis autarquias que pagaram, para ver os ciclistas a terminarem ou a começarem etapas, valores acima dos 75 mil euros, a saber: Loulé (85.000 euros), Viana do Castelo (83.500 euros), Castelo Branco, Fafe e Montalegre (80.000 euros, cada um), Mondim de Basto (79.950 euros) e Covilhã (52.500 euros). Com verbas mais modestas para patrocinar a Volta a Portugal adiantaram-se ainda as autarquias de Paredes (40.000 euros), Abrantes (25.000 euros), Anadia (20.325 euros), Penamacor (20.000 euros), Ourique (12.500 euros, embora a etapa tenha partido de Sines). A Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo deu um patrocínio de 15.000 euros. No total, a Podium Events – que organiza este evento desde 2001, embora com outra denominação antes de 2013 – recebeu, via municípios, quase 860 mil euros de dinheiros públicos." P1.
  • Israel não deve participar nos Jogos Olímpicos de Paris, afirmou o presidente do Comité Olímpico Palestiniano, Jibril Rajoub, instando o Comité Olímpico Internacional (COI) a reconsiderar a sua decisão e a sensibilizar o mundo para as atrocidades cometidas em Gaza. Rajoub disse que Israel perdeu o direito de competir nos Jogos Olímpicos, tal como aconteceu com a África do Sul entre 1964 e 1988, durante o apartheid. Fonte.
  • Douglas Macgregor denuncia carnificina na Palestina. O testemunho de um médico é arrepiante (5:30-7:40).
  • “(…) Hoje, em Paris, a questão da pretensa neutralidade axiológica dos Jogos coloca-se uma vez mais, mas de forma renovada. Numa França em ebulição política e num mundo em implosão, as Olimpíadas serão, como sempre, um espelho geopolítico e uma plataforma para questionar as relações de poder. Motivos não faltam: o Comité Olímpico assume-se como autoridade moral global, mas esse propósito convive mal com a mercantilização imparável dos Jogos; Rússia e Bielorrússia foram excluídas por violarem as tréguas, mas o mesmo não acontece com Israel, que já bombardeou Gaza depois da entrada em vigor das tréguas, dia 19 de julho; Paris decretou um estado de exceção, com mecanismos experimentais de videovigilância por inteligência artificial, para já provisórios, mas que anunciam um futuro sinistro para as liberdades individuais. (…)” Pedro Adão e Silva, Não deem tréguas políticas aos Jogos – Público 26Jul2024.

‘QUANDO PORTUGAL ARDEU’ 31


“’Eu [escultor Francisco Simões] era jovem, impreparado como professor, embora tivesse a intuição e leituras a meu favor. E lembrava-me dos meninos que desmaiavam. Os professores tinham o 7.º ano do liceu, nunca tinham tido dinheiro para estudar em Lisboa. Criámos uma comunidade em que a família era parte da escola. Nunca senti desconforto, pelo contrário. Os pais ajudaram a arranjar o campo. Na disciplina de Trabalhos Manuais, que eu chamava «atividades úteis», em vez de gastarmos dinheiro em cartolinas e papéis, cavámos uma horta. Tínhamos morangos, cenouras, fazíamos sumos. Criámos trutas, coelhos e até havia uma vaca. Era uma escola comunitária, com uma noção de democracia muito intensa, onde até usava a matemática para gerir a venda dos produtos. O dinheiro servia para comprar roupas para os alunos. Eram eles que decidiam quem mais necessitava, não eram os professores. Mas não havia caridadezinha. Ganhavam o dinheiro deles, o respeito pela noção de trabalho, de ética. Mesmo o professor de Moral, o padre Ramos, com quem também conversei, entendeu isto. Disse-lhe que não tinha nada contra os mandamentos, o Pai-Nosso, a Ave-Maria, mas fiz-lhe ver que a catequese devia estar fora da escola. O que eu pretendia para a disciplina de Religião e Moral era ensinar o civismo e o respeito pelos mais desfavorecidos. Ele concordou, foi impecável.’”

Miguel Carvalho, Quando Portugal ardeu (2017) – Oficina do Livro 2022, p 195.

sexta-feira, 26 de julho de 2024

BANHOS DESACONSELHADOS EM PRAIAS DE ESPINHO E PORTO

  • A ida a banhos foi desaconselhada nas praias Seca e da Frente Azul, no concelho de Espinho, e na praia de Salgueiros, Porto, após as análises da qualidade das águas terem revelado valores microbiológicos acima dos parâmetros de referência, encontrando-se por isso imprópria para banhos. Fonte.

  • A Universidade do Algarve está a promover a introdução da cultura da pitaia, também conhecida como fruta do dragão, na região do Algarve. Originária da América Central, esta fruta apresenta duas características que a tornam atrativa para cultivo: consome menos água do que o abacate e a laranja, e possui um valor de mercado significativamente elevado. Fonte.
  • Falésias instáveis obrigam a Câmara de Peniche a relocalizar marginal para o interior. A atual avenida passará a ser um circuito pedonal e ciclovia. JN 25Jul2024.
  • Alunos tiram as medidas às árvores no Parque da Cidade do Porto para saber que carbono capturam. Anota-se a espécie a que pertencem e mede-se o diâmetro e a altura das árvores com a ajuda da fita métrica e de uma aplicação promovida pela NASA que instalaram no telemóvel. A capacidade de capturar carbono depende da dimensão e do tipo de árvore. Por exemplo, os carvalhos são das melhores espécies nesta função. Depois, os voos de um drone fazem a fotogrametria, ou seja, sobrepõe-se várias imagens para também estimar a altura das árvores. Na terceira fase, ordens são dadas ao satélite GeoSat-2 para recolher imagens da região em estudo. Todos estes dados serão comparados com os dados de satélite para depois se aplicar uma fórmula e perceber qual o verdadeiro impacto das árvores que foram catalogadas e confirmar se os resultados de campo correspondem aos resultados de satélite. Público 25Jul2024.
  • Paris tem os Jogos, mas não tem os fregueses. Muitos moradores aproveitaram para financiar as próprias férias com recurso ao Airbnb. Compensou arrendar as casas e ir para fora enquanto estrangeiros pagam balúrdios para estarem no coração da cidade durante os Jogos. Público 25Jul2024.
  • Quase uma em cada seis das 4541 notas analisadas, provenientes de 207 países, inclui a vida selvagem, revela um estudo recente. Fonte.
  • O Estado moçambicano perde cerca de 50 milhões de meticais por ano em impostos não pagos e mal pagos com a exploração de ouro e calcário na província de Sofala, segundo o Centro de IntegridadePública. Fonte.
  • Os ativistas do clima participaram numa “onda de protestos” em toda a Europa, sob o lema “o petróleo mata”. Os protestos tiveram lugar na Alemanha, Áustria, Suíça, Noruega, Espanha e Finlândia, enquanto no Reino Unido 10 ativistas da Just Stop Oil foram detidos por suspeita de planearem perturbações no aeroporto de Heathrow. The Guardian.


REFLEXÃO: 'OS JOGOS OLÍMPICOS DE PARIS SÃO UMA LIÇÃO DE LAVAGEM VERDE'

Jules Boykoff, cientista político e autor de vários livros sobre os Jogos Olímpicos, argumenta que,  apesar da promessa de fazer da “sustentabilidade a peça central do seu empreendimento”, os jogos de Paris são, em vez disso, uma “versão reciclada do capitalismo verde que é inconsciente no seu incrementalismo, vago com a sua metodologia e frouxo com a sua responsabilidade”.

Escreve: “Se os organizadores dos Jogos Olímpicos querem realmente ser sustentáveis, os Jogos têm de reduzir a sua dimensão, limitar o número de turistas que viajam de longe, tornar as suas cadeias de abastecimento mais ecológicas e abrir os seus livros ecológicos para uma verdadeira prestação de contas. Até lá, os Jogos Olímpicos são um “greenwash”, um paleio da treta, numa altura em que os factos climatológicos exigem uma transformação sistemática em esplêndido Technicolor”.

E acrescenta: “Um estudo académico que investigou a sustentabilidade de 16 Jogos Olímpicos diferentes, entre 1992 e 2020, concluiu que o acompanhamento ambiental tem vindo a diminuir ao longo do tempo. Os quatro Jogos Olímpicos menos sustentáveis - os Jogos de Sochi 2014, Rio 2016, Tóquio 2020 e Londres 2012 - foram todos recentes”.

BICO CALADO

Franco Banfi/BigPicture: Concurso de Fotografia do Mundo Natural/Academia de Ciências da Califórnia

  • “(…) Outra destas personagens, reemersa há dias ao ser nomeado “secretário privado” de José Cesário, o eterno secretário de Estado das Comunidades dos governos do PSD, é um tal Vitório Cardoso, outro destes improvisados intelectuais orgânicos da direita que, sem qualicações especícas para coisa alguma, progride à sombra de nomeações políticas para lugares periféricos no aparelho de poder ou para atividades habitualmente descritas como lobbying. A História é, contudo, para eles um terreno irresistível para fazer propaganda. Vitório é destes que acusa Aristides de Sousa Mendes de “[pôr] em risco a vida de todos os portugueses”, reiterando insinuações sem base documental, que outros já fizeram, de como os alemães ameaçariam invadir Portugal para perseguir em 1940 os refugiados ajudados pelo cônsul. Noutro texto, o mesmo homem sustenta um chorrilho de disparates que contrariam todas as provas reunidas pela investigação historiográfica portuguesa e internacional sobre a ditadura de Salazar nos anos da Guerra de Espanha (1936-39). Para fazer um elogio bacoco da política de Salazar durante a Guerra de Espanha, comete erros garrafais, confundindo 1936 com 1975, errando nas datas de início da guerra de Espanha, da criação da PVDE ou da “ilegalização do PCP” (e dos demais partidos), e assegurando que “o Estado Novo manteve [na guerra] uma postura de não intervenção”. (…) este dirigente do PSD elogia rasgadamente a polícia política por esta, justamente na fase em que a repressão foi mais brutal, ter tido “um papel fundamental para combater os atos subversivos da oposição política, nomeadamente dos comunistas que poderiam pôr em causa a unidade, liberdade e soberania nacionais”. Falsificações históricas é o que mais há. O grave é que os seus autores cheguem ao poder e por lá se pavoneiem.” Manuel Loff, Uma cultura comum – Público 24jul2024.
  • ‘Influencer não faz nada, vai só a cocktails comer croquetes. E é o que digo sempre: se isto me paga as contas, então é uma profissão’ Ana Garcia Martins, Público 25Jul2024.
  • “Ruela lembra-se extremamente bem de tudo aquilo que a descompromete e muito mal de tudo o que potencialmente a possa comprometer — a ela ou a Marcelo Rebelo de Sousa. (…) Maria João Ruela espalhou-se ao comprido com a intermitência da sua memória, aliada a uma série de contradições que, por vezes, surgiam dentro da mesma frase. (…) há demasiados buracos nos mails conhecidos para não desconfiarmos de que Belém teve a sorte de não encontrar alguns deles. Resultado: em vez de ajudar a esclarecer, a audição de Ruela tornou tudo mais confuso. Ludibriar bem dá imenso trabalho, e se era para desviar as atenções, Marcelo deveria ter promulgado os sete diplomas ontem e não na terça.” João Miguel Tavares, A memória de Maria João Ruela é como os interruptores – Público 25Jul2024.

  • 69 atletas olímpicos palestinianos mortos por Israel em Gaza. O Comité Olímpico Internacional e a FIFA juntaram-se para assegurar lugar a uma equipa do apartheid genocida de Israel. Fonte.

  • As forças israelitas terão matado pelo menos 366 funcionários das Nações Unidas e membros das suas famílias na Faixa de Gaza desde outubro de 2023. Fonte.

  • No discurso no Congresso dos EUA, Netanyahu critica manifestantes americanos e é ovacionado de pé. Fonte.

‘QUANDO PORTUGAL ARDEU’ 30

Escola da Calheta, Madeira.

“’Na escola da Calheta, onde [escultor Francisco Simões] fui diretor mais tarde, havia um diretor, José Manuel Brás, que era presidente da Câmara, da Casa do Povo, chefe da União Nacional, da Misericórdia, ou seja, o exemplo mais gritante do cacique. Tinha por sua conta cabos de ordem, polícia privada nomeada por ele que até podia usar armas. Eram contínuos da escola e choferes. A mulher tinha a quarta classe e era professora de Português. A filha tinha o segundo ano e era professora de Desenho. Havia as maiores barbaridades. Na escola, os alunos eram chicoteados e punidos de forma violenta. Este homem todo-poderoso e autoritário chegou ao ponto de impor a lei seca. Aquela gente trabalhava um dia inteiro, a cavar batatas, a socar as canas ou a fazer outros trabalhos violentos, e sabe-se como um copo de vinho fazia parte da dieta e lhes repunha a energia de que precisavam. Pois ele não deixava que as tabernas e as mercearias vendessem álcool. 
Um dia, um rapaz entrou numa taberna e quis beber qualquer coisa e foi abalroado pelos cabos de ordem. Aquilo acabou com um dos jagunços a disparar à queima-roupa e a assassinar o jovem, que, além disso, era amparo de família. 
Fiz uma notícia para o Comércio do Funchal. Mais ou menos assim: ‘No sítio do Loreto, um indivíduo conhecido por José Brás mandou assassinar um rapaz, amparo de família, tal e tal.’ Nem referi o autor do disparo. O autor moral é que interessava. O censor não percebeu a notícia e aquilo passou. A represália veio depois, por lápis azul, da primeira à última página.’”

Miguel Carvalho, Quando Portugal ardeu (2017) – Oficina do Livro 2022, pp 192-193.

quinta-feira, 25 de julho de 2024

MADEIRA: BAR INSTALADO EM PRAIA DE CORPO SANTO COMO SE FOSSE ÁREA PRIVADA

  • A Praia da Lagoa, em Porto Santo, Madeira, é palco de investimento turístico ao arrepio da lei, denuncia Ana Antunes, profissional na área do Ordenamento do Território e frequentadora da zona há mais de 30 anos. Tudo porque os investidores implantaram um bar de praia que, segundo ela, não cumpre o estabelecido no Programa da Orla Costeira. Para cúmulo, a bandeira azul foi lá hasteada com a presença dos responsáveis locais, depois de Ana Antunes ter apresentado quexas junto das autoridades competentes. “Os empreendimentos turísticos instalados apropriaram-se de áreas públicas. É uma extensão considerável da melhor zona da praia do Porto Santo. Na prática, resulta na privatização da praia – que é pública – com a conivência da Câmara Municipal do Poto Santo e do Governo Regional, uma vez que quer o PDM que o POC determinam um acesso da Estrada Regional até à praia, desembocando na imediação do antigo bar de praia Tia Maria”, acrescenta Ana Antunes. Jornal da Madeira 24jul2024.
  • Aviso amarelo até domingo com temperaturas normais, titula o Jornal da Madeira. Fantástico. Se as temperaturas são normais para a época, porquê o aviso amarelo? Ou há por aqui um fretezinho às indústrias do turismo?
  • Consulta pública até 14 de gosto: Marina de Setúbal. A futura marina irá localizar-se no estuário do Sado, na área atualmente ocupada pela Doca do Clube Naval Setubalense, situada na frente ribeirinha e na zona central da cidade de Setúbal. Este projeto insere-se numa zona que será sujeita a uma intervenção mais abrangente, que inclui a regeneração urbana da frente ribeirinha da cidade entre as docas das Fontainhas e dos Pescadores.
  • O presidente da Junta de Freguesia de Fátima (PSD), um empresário e uma empresa que explora uma pedreira foram acusa dos de recebimento indevido de vantagem e abuso de poder. Em causa a cedência de um terreno da autarquia para o depósito ilegal de inertes da firma Filstone. Segundo a investigação da PJ de Leiria, em troca, Humberto Silva terá recebido bilhetes para jogos do Benfica e do Sporting, além de obras de remodelação na casa de família. JN 24jul2024.
  • Seis javalis foram abatidos, no início do mês de julho, na zona florestal contígua à praia do Creiro, na Serra da Arrábida, em Setúbal, depois de várias pessoas se terem queixado de tentativas de ataques. O abate foi realizado por dois caçadores e acompanhado pelo ICNF. Fonte.
  • Centenas de pessoas assinaram uma petição dirigida à Assembleia da República pela redução do ruído no concelho de Vila Franca de Xira provocado pela mudança das rotas dos aviões. Em causa está o aumento do ruído provocado na zona mais a sul do concelho de Vila Franca de Xira, nomeadamente Póvoa de Santa Iria, Forte da Casa, Vialonga e Alverca do Ribatejo pelo novo sistema implementado pela NAV relativamente ao acesso ao aeroporto de Lisboa. Fonte.
  • Uma vaga de nova produção de petróleo e gás em 2024 ameaça libertar quase 12 mil milhões de toneladas de emissões que aquecem o planeta, com os países mais ricos do mundo - como os EUA e o Reino Unido - a liderarem uma corrida desenfreada à expansão dos combustíveis fósseis, apesar dos seus compromissos climáticos. Fonte.

BICO CALADO

Anadolu/Getty Images

  • Os maiores laboratórios de análises do países concertaram presos entre si e ameaçaram o Estado com um boicote aos testes da Covid-19 para lucrarem mais. A Autoridade da Concorrência condenou-os a pagar cerca de 49 milhões de euros em multas. Fonte.
  • O PS de Vale de Cambra considerou grave a confirmação pela autarquia local de que um funcionário da câmara responsável pelo PDM tenha comprado terrenos antes de os valorizar. Fonte.
  • Depois de transformarem o único hospital oncológico de Gaza num quartel militar, as forças de ocupação israelitas filmaram-se a destruir equipamento médico, tendo um soldado sido visto a usar a sua espingarda para esmagar uma máquina de ultra-sons. Fonte.
Taylor Thomas Albright/Mediadrumimages
  • “Na democracia que lidera o mundo ocidental, um candidato à Presidência da República, à frente nas sondagens eleitorais, escapou a um atentado à bala, disparada a 150 metros de distância por um atirador que, supostamente, os melhores serviços secretos do mundo não viram. Na democracia que lidera o mundo ocidental, o Presidente da República em exercício considerou-se incapaz de prosseguir na campanha eleitoral e desistiu da recandidatura que o seu partido, num quase unanimismo suicida, aprovara meses antes. Na democracia que lidera o mundo ocidental, um debate eleitoral entre aqueles dois homens mostrou como o comando político do país esteve, nos últimos sete anos, na posse de duas personalidades cujo quadro mental tem demasiadas aproximações à demência clínica: um pelas sucessivas explosões de incontinência verbal agressiva, outro pela incapacidade cognitiva aparente e pela inconsistência do discurso – foi isto que andou a capitanear o Ocidente. Na democracia que lidera o mundo ocidental, a pessoa que vai substituir o candidato desistente, o ainda líder da nação mais poderosa do planeta, garantiu, de um dia para o outro, os apoios necessários, sem ter de repetir eleições primárias dentro do seu parti do. A nova candidata assegurou, em menos de 24 horas, com alguns telefonemas, donativos no valor de 81 mi lhões de dólares, um recorde de obtenção de fundos em tão curto espaço de tempo. Na democracia que lidera o mundo ocidental, os milhões que os grandes empresários dão aos seus candidatos afastam as verdadeiras alternativas políticas, pois quem não recebe grandes quantidades de dinheiro dos ricos não é capaz de fazer propaganda eficaz num país que tem 77 vezes a área de Portugal. Na democracia que lidera o mundo ocidental, desconhecem-se os verdadeiros compromissos que os candidatos fazem com os doadores milionários. Para além de não se saber que pactos foram estabelecidos em política interna, o que prometeram aos tycoons e influencia decisivamente o resto do mundo é igualmente secreto: o que garantiram estes candidatos aos seus patronos sobre a guerra na Ucrâ nia? E sobre a Palestina? E sobre as relações com a União Europeia? E sobre os conflitos com a China, o Irão, a Coreia do Norte, a Venezuela? E sobre a corrida aos armamentos? E sobre a ONU? E sobre a internet? E sobre a Inteligência Artificial? E sobre o mundo financeiro? E sobre o meio ambiente? E sobre a liberdade de expressão? E sobre imigração? E sobre... A democracia que lidera o mundo ocidental não é, demonstram estas eleições, um regime de confiança, de lucidez, de honestidade, de bom senso, de lealdade. A democracia que lidera o mundo ocidental, vença quem vencer as suas Presidenciais, não devia, simplesmente, liderar o mundo ocidental. Afinal, com o que se vê e o que não se vê, como é possível confiar nos seus políticos?” Pedro Tadeu, A América deve continuar a liderar? – DN 24jul2024.

‘QUANDO PORTUGAL ARDEU’ 29

“Nos Açores, os métodos são decalcados. Mas quem decalca quem? A Frente de Libertação dos Açores (FLA), instrumentalizada por interesses ligados ao Departamento de Estado norte-americano, também ameaça proclamar a independência da ‘comuna de Lisboa’. Dirigentes açorianos do PCP são levados ao aeroporto e expulsos. Padres também. As sedes comunistas do MDP e do MES são incendiadas. Um delegado do Ministério do Trabalho é metido no avião com a roupa que tem no corpo. A FLA ‘não quer politiquices’ e aceita qualquer regime ‘sem a foice e o martelo’.

Miguel Carvalho, Quando Portugal ardeu (2017) – Oficina do Livro 2022, p 186.