sexta-feira, 18 de outubro de 2024

REFLEXÃO: TRANSVASES ENTRE BACIAS HIDROGRÁFICAS SEM IMPACTOS SOCIAIS?

Um investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro afirma que as transferências de água entre bacias hidrográficas criam grandes conflitos sociais e problemas de défice nos locais de onde é retirado o recurso.

As necessidades de água, obviamente, são mais prementes no sul do país, onde chove menos, mas é exatamente onde têm aumentado as áreas de culturas altamente exigentes em água”, salienta Rui Cortes, investigador do Centro de Investigação e Tecnologias Agroambientais e Biológicas, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Na sua opinião, é fundamental encarar-se as questões agrícolas como um aspeto essencial e não caminhar, como parece que está a suceder, no sentido de aumentar a artificialização dos cursos de água, do uso de águas subterrâneas (através de furos) ou aumentar o número de barragens (a regularização).

Está-se a caminhar para uma situação que é muito perigosa que é o facto de que a gestão dos recursos hídricos deve ser feita por bacia hidrográfica e, ao proporem-se os transvases, vai-se quebrar completamente o que está preconizado na Diretiva Quadro da Água”, desta ainda, lembrando que há dois meses foi aprovada uma estratégia europeia da biodiversidade que prevê precisamente a redução de barreiras e o aumento de rios livres. E, refere, Portugal está a “pensar caminhar para uma situação de criação de mais barragens e de transvases, o que não vai ao encontro do que é proposto por essa estratégia europeia”.

Relativamente aos transvases, Rui Cortes considera que é uma medida que, a concretizar-se, irá ter uma “repercussão negativa do ponto de vista da biodiversidade e da qualidade ecológica dos cursos de água”. Fazer transferências de água de uma bacia para outra é criar problemas de défice nas bacias de onde é retirada a água”, afirma, considerando ainda que os “transvases criam grandes conflitos a nível social”.

Exemplifica com o caso de Espanha, designadamente com a transferência de água do Alto Tejo para a Andaluzia, referindo que os agricultores da zona do Tejo espanhol têm protestado fortemente e que o Governo espanhol já decidiu reduzir os transvases em 40%.

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