BICO CALADO
-
“(…) Por detrás deste espetáculo do julgamento de Ricardo
Salgado encontra-se a relação de dupla dependência entre a
política e a finança anunciada no final do século XVII por Mayer
Amschel (Bauer) Rothschild, o fundador da família que criou o
sistema bancário que da Europa, através do Banco de Inglaterra,
expandiu para os Estados Unidos, onde se associou à família
Rockefeller e que está na base do FED, a Reserva Federal Americana.
O sistema que os Espirito Santo e os outros banqueiros utilizaram e
utilizam para obter lucros assenta no que pomposamente se designa
por fractional reserve lending, (FRL) ou “empréstimo
baseado numa reserva fracionada”, ou “empréstimo sem cobertura
ou base real”. Embora de enunciado complexo, a prática é muito
simples;significa emprestar mais dinheiro do que está em caixa e
transformou-se na maior fraude legal de todos os tempos. (…) Todo o
negócio bancário se baseia na usura, toda a utilização do capital
para obter lucro é abusiva, isto porque o lucro é obtido com a
venda de um produto que não tem base material, que existe apenas
porque as autoridades de um dado estado garantem que o banqueiro,
o moneychanger, é de confiança e honrará o
compromisso de pagar os juros aos depositantes. O BES sob a
administração de Ricardo Salgado vendeu mais dinheiro do que aquele
que podia remunerar aos juros acordados. E fê-lo coberto pela
reputação de confiança que lhe era e foi publicamente demonstrada
pelas mais altas figuras do Estado, o presidente da República,
Cavaco Silva, tido por eminente professor de Finanças, pelo
primeiro-ministro Passos Coelho, pela ministra das Finanças, Maria
Luís Albuquerque, recentemente nomeada pelo atual governo comissária
europeia, pelo governador do Banco de Portugal, a entidade
reguladora, Carlos Costa, pelos mais conceituados comentadores
políticos com acesso aos mais poderosos meios de comunicação, caso
de Marcelo Rebelo de Sousa. Todos serviram de fiadores de Ricardo
Salgado! Todos e todos os ministros que assinaram a ata do Conselho
de Ministros que decretou a “resolução” do BES deviam responder
em tribunal e serem corresponsabilizados pelos prejuízos. O BES foi
também a instituição escolhida pelo ministério da Defesa dirigido
por Paulo Portas para conduzir as operações financeira
de leasing que esteve e está na base do
fornecimento dos helicópteros EH 101 e dos submarinos da classe
Tridente, que pertencem formalmente a uma empresa e não ao Estado
Português. Um banco da maior confiança do Estado e dos seus
governos, de que nenhum agente político desconfiou, antes pelo
contrário afiançou. O que aconteceu ao BES, ou no BES, foi, em
termos simples um excesso do abuso de confiança dentro de um
sistema, o bancário, que assenta num contínuo abuso da confiança
instituído pelos Estados que obrigam os cidadãos a confiar nos
usurários (os banksters) para terem acesso aos bens
essenciais, desde a habitação ao transporte, à alimentação, à
educação, ao lazer. Quem estabelece o valor dos bens são, em
última instância, os banqueiros que em Washington e na Wall Street
de Nova Iorque impõem o valor do dólar como moeda de troca
universal. São eles que estabelecem a inflação que gera lucros aos
banqueiros e prejuízos aos clientes. São eles que desencadeiam
crises e guerras para manipular o valor do dinheiro. (…) O
julgamento de Ricardo Salgado conduz à triste conclusão de que no
capitalismo os cofres dos bancos contêm papel que tem o valor que a
Reserva Federal dos Estados Unidos lhe atribuir e que os Estados
nacionais atestam com a assinatura do governador do banco nacional.
Nenhum cidadão sabe o que significam os algarismos do seu extrato
bancário. Alguém decidiu que as “obrigações” emitidas pelo
BES eram papel sem valor e eram, mas resta a pergunta, porque elas,
porque aquelas? Porque ninguém do BCE em Franckfurt ao Banco de
Portugal em Lisboa viu o que se estava a passar no BES? Essas
perguntas jamais serão colocadas em tribunal. O espetáculo no Campo da
Justiça, centrado na figura de um vencido que gera sentimentos de
vingança a vários níveis, a do poderoso arrastado para o
cadafalso, também esconde a vileza das ratazanas políticas que
continuam a representar o seu número de macacos cegos, surdos e
mudos. Já agora, não há lesados no caso BPN, dos amigos de Cavaco
Silva, nem do BANIF da Madeira.” Carlos matos Gomes, O julgamento
de Ricardo Salgado — Big Show BES – Medium.
- “Ontem, na festa de inauguração do Camões, apinhada de gente,
foi anunciado o Ministro da Educação, nem uma palma, Carlos Moedas,
nem uma palma. E o Director, um homem de Abril, João
Jaime Pires e o auditório levantou-se de pé, durante
vários minutos a aplaudi-lo. Digo sempre aos meus alunos, a história
popular não é uma história ‘engraçadinha’ sobre as classes
trabalhadoras, é a história total. Quem, daqui a muitos anos, for
fazer a história da luta pelo Camões, lugar apetecível para a
especulação imobiliária, sem a mobilização dos que por ele
lutaram e sem este voto com os pés, este des-reconhecimento feito a
Moedas e ao Ministro, faz uma história manca. Vivemos tempos de
estrelas e figuras públicas. Mesmo quando há dirigentes
intelectuais públicos, raros, sobrevaloriza-se o papel de “falar
bem”. Primeiro, como tudo, a oralidade também se aprende e devia
aprender, em Oxford aprende-se a debater em público, onde se formam
as classes dirigentes, as dirigidas não têm voz nem devem aprender
tal coisa. Mas, todos devíamos ser dirigentes e todos devíamos
aprender a falar em público. Segundo, não se pode esquecer o papel
dos organizadores na nossa sociedade, existem figuras não muito
públicas, por exemplo o João Jaime é acanhado e discreto, a
sensação que nos dá é que nem sabe por vezes onde colocar as
mãos. E no entanto ele encarna a figura do organizador, aquele que
sabe administrar, democraticamente, colectivos. Essa qualidade é das
mais importantes e, hoje, raras, de uma sociedade. O que temos hoje
são gestores, a destruir tudo, mas precisamos muito de
organizadores, administradores, que pensam o bem público e organizam
pessoas, diferentes e complexas. Organizar não é mandar, é uma
arte de tecer relações humanas. O Camões é filho de lutas e é
uma comunidade, uma escola aberta, que nunca falhou uma manifestação
pelos docentes e teve sempre as portas abertas à democracia dentro
das suas portas. Ontem Moedas foi interrompido por gritos de
estudantes “Palestina Livre”. Só lamento não ter gritado junto,
fiquei a olhar para ver se todos se juntaram, creio que tantos
ficaram como eu, mas os estudantes, aqueles estudantes, salvaram a
honra. Não podemos hoje celebrar nada sem recordar que estamos a
viver um genocídio e que a educação é e só pode ser se for
também política e humanista radical. (…)” Raquel Varela,
Camões, hoje e ontem a Democracia.
- O navio que
transporta explosivos para os militares israelitas continua fundeado
ao largo de Malta, com vários países a não permitirem a sua
entrada em portos nacionais, receando vir a ser responsabilizados por
cumplicidade com o genocídio por parte da justiça internacional. O
Kathrin demorou 18 dias a tirar o pavilhão português e hasteia
agora a bandeira alemã, segundo refere o registo nos
sites que monitorizam a marinha mercante. Fonte.
- O embaixador
ucraniano na UE, Vsevolod Chentsov, pressionou os aliados a não
participarem na COP29]organizado pelo Azerbaijão, se este receber o
líder russo. Fonte.
Sem comentários:
Enviar um comentário