sexta-feira, 18 de outubro de 2024

BICO CALADO

  • “(…) Por detrás deste espetáculo do julgamento de Ricardo Salgado encontra-se a relação de dupla dependência entre a política e a finança anunciada no final do século XVII por Mayer Amschel (Bauer) Rothschild, o fundador da família que criou o sistema bancário que da Europa, através do Banco de Inglaterra, expandiu para os Estados Unidos, onde se associou à família Rockefeller e que está na base do FED, a Reserva Federal Americana. O sistema que os Espirito Santo e os outros banqueiros utilizaram e utilizam para obter lucros assenta no que pomposamente se designa por fractional reserve lending, (FRL) ou “empréstimo baseado numa reserva fracionada”, ou “empréstimo sem cobertura ou base real”. Embora de enunciado complexo, a prática é muito simples;significa emprestar mais dinheiro do que está em caixa e transformou-se na maior fraude legal de todos os tempos. (…) Todo o negócio bancário se baseia na usura, toda a utilização do capital para obter lucro é abusiva, isto porque o lucro é obtido com a venda de um produto que não tem base material, que existe apenas porque as autoridades de um dado estado garantem que o banqueiro, o moneychanger, é de confiança e honrará o compromisso de pagar os juros aos depositantes. O BES sob a administração de Ricardo Salgado vendeu mais dinheiro do que aquele que podia remunerar aos juros acordados. E fê-lo coberto pela reputação de confiança que lhe era e foi publicamente demonstrada pelas mais altas figuras do Estado, o presidente da República, Cavaco Silva, tido por eminente professor de Finanças, pelo primeiro-ministro Passos Coelho, pela ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, recentemente nomeada pelo atual governo comissária europeia, pelo governador do Banco de Portugal, a entidade reguladora, Carlos Costa, pelos mais conceituados comentadores políticos com acesso aos mais poderosos meios de comunicação, caso de Marcelo Rebelo de Sousa. Todos serviram de fiadores de Ricardo Salgado! Todos e todos os ministros que assinaram a ata do Conselho de Ministros que decretou a “resolução” do BES deviam responder em tribunal e serem corresponsabilizados pelos prejuízos. O BES foi também a instituição escolhida pelo ministério da Defesa dirigido por Paulo Portas para conduzir as operações financeira de leasing que esteve e está na base do fornecimento dos helicópteros EH 101 e dos submarinos da classe Tridente, que pertencem formalmente a uma empresa e não ao Estado Português. Um banco da maior confiança do Estado e dos seus governos, de que nenhum agente político desconfiou, antes pelo contrário afiançou. O que aconteceu ao BES, ou no BES, foi, em termos simples um excesso do abuso de confiança dentro de um sistema, o bancário, que assenta num contínuo abuso da confiança instituído pelos Estados que obrigam os cidadãos a confiar nos usurários (os banksters) para terem acesso aos bens essenciais, desde a habitação ao transporte, à alimentação, à educação, ao lazer. Quem estabelece o valor dos bens são, em última instância, os banqueiros que em Washington e na Wall Street de Nova Iorque impõem o valor do dólar como moeda de troca universal. São eles que estabelecem a inflação que gera lucros aos banqueiros e prejuízos aos clientes. São eles que desencadeiam crises e guerras para manipular o valor do dinheiro. (…) O julgamento de Ricardo Salgado conduz à triste conclusão de que no capitalismo os cofres dos bancos contêm papel que tem o valor que a Reserva Federal dos Estados Unidos lhe atribuir e que os Estados nacionais atestam com a assinatura do governador do banco nacional. Nenhum cidadão sabe o que significam os algarismos do seu extrato bancário. Alguém decidiu que as “obrigações” emitidas pelo BES eram papel sem valor e eram, mas resta a pergunta, porque elas, porque aquelas? Porque ninguém do BCE em Franckfurt ao Banco de Portugal em Lisboa viu o que se estava a passar no BES? Essas perguntas jamais serão colocadas em tribunal. O espetáculo no Campo da Justiça, centrado na figura de um vencido que gera sentimentos de vingança a vários níveis, a do poderoso arrastado para o cadafalso, também esconde a vileza das ratazanas políticas que continuam a representar o seu número de macacos cegos, surdos e mudos. Já agora, não há lesados no caso BPN, dos amigos de Cavaco Silva, nem do BANIF da Madeira.” Carlos matos Gomes, O julgamento de Ricardo Salgado — Big Show BESMedium.
  • Ontem, na festa de inauguração do Camões, apinhada de gente, foi anunciado o Ministro da Educação, nem uma palma, Carlos Moedas, nem uma palma. E o Director, um homem de Abril, João Jaime Pires e o auditório levantou-se de pé, durante vários minutos a aplaudi-lo. Digo sempre aos meus alunos, a história popular não é uma história ‘engraçadinha’ sobre as classes trabalhadoras, é a história total. Quem, daqui a muitos anos, for fazer a história da luta pelo Camões, lugar apetecível para a especulação imobiliária, sem a mobilização dos que por ele lutaram e sem este voto com os pés, este des-reconhecimento feito a Moedas e ao Ministro, faz uma história manca. Vivemos tempos de estrelas e figuras públicas. Mesmo quando há dirigentes intelectuais públicos, raros, sobrevaloriza-se o papel de “falar bem”. Primeiro, como tudo, a oralidade também se aprende e devia aprender, em Oxford aprende-se a debater em público, onde se formam as classes dirigentes, as dirigidas não têm voz nem devem aprender tal coisa. Mas, todos devíamos ser dirigentes e todos devíamos aprender a falar em público. Segundo, não se pode esquecer o papel dos organizadores na nossa sociedade, existem figuras não muito públicas, por exemplo o João Jaime é acanhado e discreto, a sensação que nos dá é que nem sabe por vezes onde colocar as mãos. E no entanto ele encarna a figura do organizador, aquele que sabe administrar, democraticamente, colectivos. Essa qualidade é das mais importantes e, hoje, raras, de uma sociedade. O que temos hoje são gestores, a destruir tudo, mas precisamos muito de organizadores, administradores, que pensam o bem público e organizam pessoas, diferentes e complexas. Organizar não é mandar, é uma arte de tecer relações humanas. O Camões é filho de lutas e é uma comunidade, uma escola aberta, que nunca falhou uma manifestação pelos docentes e teve sempre as portas abertas à democracia dentro das suas portas. Ontem Moedas foi interrompido por gritos de estudantes “Palestina Livre”. Só lamento não ter gritado junto, fiquei a olhar para ver se todos se juntaram, creio que tantos ficaram como eu, mas os estudantes, aqueles estudantes, salvaram a honra. Não podemos hoje celebrar nada sem recordar que estamos a viver um genocídio e que a educação é e só pode ser se for também política e humanista radical. (…)” Raquel Varela, Camões, hoje e ontem a Democracia.
  • O navio que transporta explosivos para os militares israelitas continua fundeado ao largo de Malta, com vários países a não permitirem a sua entrada em portos nacionais, receando vir a ser responsabilizados por cumplicidade com o genocídio por parte da justiça internacional. O Kathrin demorou 18 dias a tirar o pavilhão português e hasteia agora a bandeira alemã, segundo refere o registo nos sites que monitorizam a marinha mercante. Fonte.
  • O embaixador ucraniano na UE, Vsevolod Chentsov, pressionou os aliados a não participarem na COP29]organizado pelo Azerbaijão, se este receber o líder russo. Fonte.

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