- Um estudo divulgado na publicação científica "Springer Nature", defende que maiores concentrações de metais detectadas em esqueletos de pessoas que foram sepultadas no concelho da Praia da Vitória podem estar ligadas à contaminação de solos e aquíferos, em consequência da presença militar norte-americana na Base das Lajes. Este trabalho, que tem como primeiro autor Félix Rodrigues, que está a realizar um doutoramento sobre a matéria na Universidade de Coimbra, refere que, no que se refere ao cádmio, crómio e molibdénio, "as maiores concentrações em amostras esqueléticas podem possivelmente refletir exposição à contaminação de fontes ambientais ligadas a atividades militares". Recorde-se que a Base das Lajes é uma base aérea militar portuguesa no Atlântico que tem sido usada pelos EUA desde a Guerra Fria, principalmente para reabastecimento intercontinental e que para esse propósito, grandes tanques de combustível e uma extensa rede de oleodutos foram construídos no município de Praia da Vitória. Nas últimas duas décadas, vazamentos de combustível foram detectados e confirmados como contaminantes de solos e aquíferos que fornecem água para uso público. Para este último, os contaminantes identificados incluem TPH, PAH, BTEX, VOCS e metais. Os investigadores sublinham que embora os relatórios de avaliação de risco tenham identificado riscos inaceitáveis para a saúde humana, e investiga- ções jornalísticas sugiram taxas de cancro anormalmente altas, nenhuma avaliação sobre possível exposição humana foi conduzida até ao momento. O artigo científico lembra ainda que, dado que grandes derrames de combustíveis tinham sido identificados nessas estruturas, os norte-americanos encomendaram um estudo, em 2003, conhecido como DISCO (Discovery of Suspected and Contaminated Sites Study) e conduzido pela empresa CH2MHILL, com o objetivo de avaliar a qualidade do solo e das águas subterráneas. O relatório resultante, assim como outro de 2005, da autoria da mesma empresa, identificou vários locais contaminados com derivados de hidrocarbonetos, destacando riscos potenciais à saúde humana. Esse e outros elementos viriam a ser tornados públicos por trabalhos jornalísticos, em 2008, a que se seguiram estudos, incluindo pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC). "Foi somente no último relatório do LNEC, de 2020, que as interpretações se tornaram unânimes entre os grupos: A contaminação ambiental está presente em vários locais do município de Praia da Vitória, afetando as águas subterrâneas e trazendo riscos à saúde humana dentro e fora do perímetro militar", sublinha o artigo agora publicado. Fonte: Diário Insular. Via Félix Rodrigues.
Serviço público: sugere-se a (re)leitura dos seguintes postes publicados pelo blogue Ambiente Ondas3 nas datas abaixo:
Sem comentários:
Enviar um comentário