Lê-se que a Trafigura vai colaborar com Moçambique para desenvolver projetos de restauração florestal em larga escala, conforme acordo assinado em Baku, à margem da COP29. Em causa está o Projeto Regional de Restauração da Floresta do Miombo, cujo memorando foi assinado pelo embaixador e chefe da delegação de Moçambique na cimeira, Alfredo Nuvunga, e a representante da Trafigura, Hannah Hauman. O objetivo é produzir créditos de carbono para a sua comercialização no mercado voluntário. A Floresta de Miombo cobre dois milhões de quilómetros quadrados e garante a subsistência de mais de 300 milhões de habitantes de 11 países da África austral. O projeto já conseguiu angariar 500 milhões de dólares doados por dezenas de empresários norte-americanos.
É interessante ver esta empresa envolvida num projeto de reflorestação, conhecendo-se-lhe um vasto currículo de truques, fraudes e malfeitorias ambientais.
- Em 2006, a Trafigura foi acusada pelos graves problemas de saúde causados pelos resíduos tóxicos despejados em Abidjan, na Costa do Marfim. Após clamor internacional, a empresa teve de pagar indemnizações no valor de 33 mil euros a 31 das 100 mil vítimas da contaminação e 110 milhões de libras para realizar uma limpeza organizada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
- Em fevereiro de2013, a Trafigura Maritime Ventures Limited, filial da Trafigura Maritime Logistics PTE Limited, com sede em Malta e sede em Singapura e braço comercial da Total, foi excluída do processo de concurso da comissão de compras de petróleo da Enemalta por envolvimento num caso de fixação de preços de petróleo.
- Em 2016, a Trafigura foi acusada de ter feito fretes de combustível poluente para a África ocidental pagos por empresas suíças.
- Em novembro de 2018, a Global Witness solicitou ao Serious Fraud Office do Reino Unido e às autoridades dos EUA que investigassem supostas ligações entre o escândalo da Operação Lava Jato brasileira e três empresas de comércio de petróleo.
- Em 2019, diretores da Trafigura foram investigados por suspeitas de suborno de 15,3 milhões de dólares a homólogos da brasileira Petrobras para conseguirem bons negócios.
- Em dezembro de 2023, a Trafigura e o seu antigo diretor de operações Mike Wainwright foram acusados por investigadores suíços de terem organizado subornos de cerca de 5 milhões de euros a um funcionário do governo angolano que representava a Sonagol, a empresa petrolífera estatal de Angola, entre 2009 e 2011.
- Em junho de 2024, a Trafigura concordou em pagar à Comissão de Negociação de Futuros de Commodities dos EUA US$ 55 milhões para resolver alegações de fraude, manipulação e impedimento de denunciantes.
Esperemos que esta mui versátil empresa não se desoriente e perca no Miombo.
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