A Zero dá nota
negativa à proposta de OE2024, porque o “Governo não tem a ambição necessária
face à necessidade urgente de reduzir as emissões de gases com efeito de
estufa, de travar o contínuo aumento da produção de resíduos, de promover uma
gestão sustentável dos recursos hídricos e de adotar um modelo de agricultura
que contribua para a restauração da natureza e a coesão social”.
Sobre as taxas
relativas aos plásticos, a Zero teme que sejam os consumidores os únicos a
pagar esse custo, porque “nada é referido sobre a necessidade de fazer
repercutir sobre quem coloca embalagens de plástico no mercado a taxa europeia
sobre as embalagens de plástico não recicladas”.
Quanto à
contribuição sobre os sacos de plástico leves e muito leves, a Zero considera
que essa penalização deve abranger “todos os sacos muito leves,
independentemente do material em que são feitos, desde que descartáveis” e critica
a proposta, considerando-a “desequilibrada”, prevendo que “em nada contribuirá
para a redução da produção de resíduos”.
“Só uma
taxação mais alargada das soluções descartáveis poderá surtir esse efeito e,
mais uma vez, o Governo falha este objetivo, parecendo mais interessado em
angariar receita do que em utilizar ferramentas fiscais para promover uma
economia circular”, consideram os ambientalistas, que criticam a ausência de
clareza no OE2024 sobre a contribuição sobre “embalagens de utilização única
utilizadas em refeições prontas a consumir”.
Relativamente
à adequação à Lei de Bases do Clima, as “medidas representam uma dotação
orçamental total de cerca de 3 mil milhões de euros, um valor extremamente
baixo, que representa menos de 3% da despesa total”.
Quanto à
fiscalidade verde, a Zero considera que a política deve ser “abrangente e não
cingida a combustíveis”, procurando promover “consumos sustentáveis” na
“aquisição e uso de produtos em vários tipos de consumo”, o que “não se reflete
nesta proposta de OE”.
Embora elogie os passes grátis de transportes até aos 23 anos, a associação pede uma “melhoria substancial da oferta”, nomeadamente nos centros urbanos. Apesar de o imposto de circulação para os veículos com matrícula anterior a 2007 ter subido, o que incentiva o seu abate, a Zero alerta que a “medida pode tornar-se regressiva pois penaliza os cidadãos de mais baixos rendimentos caso os apoios ao abate sejam inferiores ao valor médio de mercado”.
Na agricultura,
os ambientalistas criticam o modo como está definido o “regime extraordinário
de apoio a encargos suportados na produção agrícola”, que contribui para “o
benefício desproporcionado de grandes explorações com baixa eficiência no uso
dos recursos naturais”.
A Zero critica ainda a ausência de “quaisquer incentivos à reutilização e uso eficiente da água” e considera “urgente a atualização da Taxa de Recursos Hídricos a aplicar ao setor agrícola e à produção hidroelétrica como forma de promover maior equidade entre os diferentes setores utilizadores de água”, que penaliza, hoje em dia, os “utilizadores domésticos”.
Refira-se, entretanto, que este OE prevê apenas 423 milhões de euros para a conclusão do
programa de investimento nos projetos do Ferrovia 2020, cerca de metade do que o
OE para 2023 previa.
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