quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Nações Unidas: mercantilização da água poderá gerar monopolização do mercado e prejudicar acesso dos pobres a um bem que é público

  • O governo britânico iniciou conversações com a EDF sobre a construção de uma nova central nuclear de 20 mil milhões de libras em Suffolk. A central de Sizewell C pode gerar 3,2 gigawatts de eletricidade, o suficiente para fornecer 7% das necessidades do Reino Unido, mas o projeto é controverso, com os ativistas dizendo que é ridiculamente caro e que os contribuintes terão de pagar a conta pelos custos extras. Roger Harrabin e Simon Read, BBC. Aliás, o Reino Unido confirma oficialmente que a energianuclear é limpa.
  • Lojas de bricolage em toda a Europa estão a vender madeira retirada ilegalmente da região de Taiga, no extremo leste da Rússia, onde a corrupção tem contribuído para a rápida destruição de florestas virgens. Luke Harding, The Guardian.
  • Na Irlanda, um terço dos rios e um quarto dos lagos não respeitam os padrões de qualidade da água, admite um relatório da Agência de Proteção Ambiental para 2019. Kevin O'Sullivan, The irish Times.
  • Uma longa investigação internacional encontrou evidências cientificamente válidas de que os enormes poços que armazenam resíduos tóxicos nas areias petrolíferas sofrem derrames, deixando os habitantes de Alberta preocupados sobre quem os vai limpar. Sharon J. Riley, TheNarwhal.
  • Mais de duas dúzias de trabalhadores agrícolas texanos que trabalhavam em Illinois adoeceram depois de terem sido repetidamente pulverizados com pesticidas tóxicos por aviões, segundo uma queixa apresentada no Tribunal Distrital dos EUA. A pulverização indiscriminada de pesticidas prejudicou vários menores, trabalhadores idosos e uma mãe grávida. Os demandantes processaram a Pioneer Hi-Bred, uma subsidiária da Corteva (anteriormente DowDupont), bem como a empresa de pulverização aérea e aplicador que contaminou os trabalhadores. Texas Rio Grande Legal Aid.
  • Bairros mais ricos e mais brancos atingidos por incêndios florestais têm mais probabilidades de obter ajuda para reduzir o risco de incêndios futuros. Dados publicadas pela Resources for the Future, um grupo de pesquisa sedeado em Washington, mostram que depois de um incêndio florestal, o governo federal está mais propenso a tomar medidas para reduzir a gravidade de futuros incêndios na mesma área, mas apenas quando as comunidades próximas são mais brancas ou têm rendimentos superiores à média. Christopher Flavelle, NYTimes.
  • O relator especial da ONU para água e Direitos Humanos, o espanhol Pedro Arrojo-Agudo, manifestou preocupação com a mercantilização da água, que poderá prejudicar o acesso de comunidades e pessoas mais pobres a um recurso natural essencial para a sobrevivência humana. «Não se pode atribuir valor à água como se faz com outras “commodities”», afirmou Arrojo-Agudo. «A água pertence a todos e é um bem público. Está intimamente ligada às nossas vidas e aos meios de subsistência, e é um componente essencial para a saúde pública». Arrojo-Agudo sublinhou que, com a mercantilização de contratos futuros de água, existe o risco de monopolização do mercado pelos grandes “players” do agronegócio e da indústria, marginalizando e impactando, assim, setores mais vulneráveis da sociedade e da economia.
  • Indústria de biocombustíveis contesta proposta do governo de inserir “diesel verde” na mistura do biodiesel. A eventual aprovação pelo governo do chamado “diesel verde” da Petrobras para compor a mistura de biodiesel poderia levar a uma ociosidade de indústrias do biocombustível que resultaria em falência de empresas do setor. Roberto Samora, Reuters.
  • A hidroelétrica de Sinop, no rio Teles Pires, na Amazónia brasileira, está em trabalhar há mais de um ano, mas os moradores afetados pela obra ainda não receberam a compensação justa pelos impactos ambientais e sociais. A Companhia Energética Sinop (CES) pagou aos moradores um sexto do valor justo dos seus terrenos, sem espaço para negociação. Os baixos níveis de água no rio provocaram a morte massiva de peixes e apropagação de mosquitos transmissores de doenças, representando riscos para a saúde da comunidade. A CES, de propriedade majoritária da concessionária francesa EDF, é apontada como um exemplo do tipo de investimento estrangeiro que deveria ser monitorizado mais de perto pelos reguladores europeus. Luna Gámez, Mongabay.
  • As chuvadas arrastaram a maioria dos vestígios do derrame de petróleo que devastou o Rio Seco neste outono. Dezenas de pescadores e suas famílias abandonaram as suas casas. Os que ficaram, aguardam compensações da Petroleos de Venezuela pela perda de barcos, equipamentos e vendas. A Venezuela possui as maiores reservas de petróleo conhecidas do mundo, mas enfrenta enormes dificuldades devido às sanções que restringem as exportações de petróleo que são a base da sua economia e impedem a importação de peças essenciais para manutenção. Fabiola Zerpa, Peter Millard e Andrew Rosati, Bloomberg.

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