quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Montijo: «aprende a nadar, companheiro»

  • O governo de António Costa já pode avançar com o projeto do aeroporto do Montijo, confirmando-se, assim, o esperado frete da Agência Portuguesa do Ambiente na produção de uma declaração de impacto ambiental favorável. Apesar disso, a decisão mantém cerca de 160 medidas de minimização e compensação relacionadas com a avifauna, ruído, mobilidade e alterações climáticas. Entretanto, oito organizações ambientalistas (Almargem, ANP/WWF, A Rocha, GEOTA, LPN, FAPAS, SPEA e Zero ) anunciaram que vão recorrer aos tribunais e à Comissão Europeia para travar o processo, por considerarem ir contra as leis nacionais, as diretivas europeias e os tratados internacionais. Notícias ao minuto.
  • Testes de laboratório feitos em águas de riachos junto de plantações de abacate em expansão em Barão de São João, no oeste algarvio, mostraram índices de glifosato – a substância ativa do herbicida associado a cancro humanos - 50 vezes superiores aos níveis recomendados pela União Europeia. Além disso, os vizinhos queixam-se de que os poços e rios à volta de Barão estão a secar, porque há «duas plantações de abacate com um total de quase 200 hectares e um campo de golfe de aproximadamente 70 hectares que extraem água do solo nesta área, numa época em que a chuva está mais baixa do que nunca.» Portugal Resident.
  • A Espanha declarou a emergência climática. A declaração vem menos de uma semana depois de Barcelona ter feito o mesmo. Os ambientalistas aclamaram a atitude do governo espanhol, manifestando-se disponíveis para continuar a lutar contra a crise climática. Fontes: AP, Common Dreams, e Ambiente Ondas3.

1 comentário:

OLima disse...

Ex-presidente do LNEC diz que aeroporto do Montijo não é decisão do Governo
Carlos Matias Ramos afirma que "não é uma decisão estratégica do Governo, a longo prazo, dos interesses do país. Mas sim da concessionária [ANA - Aeroportos de Portugal] que tem a faca e o queijo na mão por um contrato que lhe foi altamente benéfico” O ex-presidente do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) Carlos Matias Ramos considerou esta quarta-feira, em Lisboa, que o futuro aeroporto do Montijo, Setúbal, não é uma decisão do Governo, mas sim da concessionária ANA - Aeroportos de Portugal.

Matias Ramos falava à agência Lusa após uma delegação da Plataforma Cívica Aeroporto BA6 Não ter entregado um documento, com posições contra a construção do aeroporto na Base Aérea do Montijo, ao secretário de Estado adjunto e da habitação, Alberto Souto de Miranda, no Ministério das Infraestruturas e da Habitação, em Lisboa.

Não é uma decisão estratégica do Governo, a longo prazo, dos interesses do país. Mas sim da concessionária [ANA - Aeroportos de Portugal] que tem a faca e o queijo na mão por um contrato que lhe foi altamente benéfico”, realçou o também antigo bastonário da Ordem dos Engenheiros.

De acordo com Matias Ramos, o Governo está preso a um contrato celebrado com a concessionária.

[O secretário de Estado] Percebe isto. Mas está manietado por um contrato”, indicou.

Para o antigo bastonário, a reunião com o Governo foi muito positiva da parte relacional com os cidadãos, mas ficaram algumas dúvidas por tirar no campo operacional.

Nós defendemos aqui o que temos vindo a defender de uma forma séria e rigorosa, pedindo que nos mostrem os estudos que dizem que têm, que nunca mostraram”, precisou Matias Ramos, lamentando não haver consideração pelo Campo de Tiro de Alcochete, como solução. O antigo presidente do LNEC lembrou ainda que cerca de 30 mil pessoas vão ser afetadas, no Montijo, problema que, segundo o mesmo, poderia ser resolvido com a escolha do Campo de Tiro de Alcochete, que afetará cerca de 400 habitantes.

Ali [Alcochete] não tem limitações de espaço de expansão, porque não tem povoações ao lado como o Montijo. Cerca de 30 mil pessoas vão afetadas. No Campo de Tiro de Alcochete, são 400. E com 400 consigo resolver o problema”, sublinhou.

Citando projeções das taxas de crescimento e número de passageiros mundiais, Matias Ramos considerou que o Montijo vai saturar em 2033 ou 2035.

A solução Portela mais Montijo saturará por volta de 2033, 2035… O aeroporto vai ser construído, teoricamente, em 2020. Isso significa cerca de quatro anos de concessão. Vamos construí-lo para 10 anos de operação”, disse.

Após cerca de duas horas de reunião, o ex-presidente do LNEC reiterou que a posição da Plataforma Cívica é a não construção de um aeroporto no Montijo, e que a decisão devia ser clara às populações.

A nossa posição é Montijo não. A decisão [do Governo] devia ser baseada em coisas claras transmitas à população e não em falácias”, anotou, recordando que “o Estado está limitado a situações que são impostas pelo próprio contrato”.

A ANA e o Estado assinaram em 08 de janeiro o acordo para a expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa, com um investimento de 1,15 mil milhões de euros até 2028 para aumentar o atual aeroporto de Lisboa (Humberto Delgado) e transformar a base aérea do Montijo no novo aeroporto de Lisboa.
https://tvi24.iol.pt/sociedade/ana/ex-presidente-do-lnec-diz-que-aeroporto-do-montijo-nao-e-decisao-do-governo