quinta-feira, 25 de julho de 2019

Reflexão – A indústria de plásticos pode continuar a enganar professores e crianças?

 
A indústria de plásticos está a patrocinar campanhas de relações públicas e lóbi para fazer com que seja ilegal os governos locais proibirem os produtores de plástico de limitar o desperdício e a poluição.

Os estudantes da Westmeade Elementary School trabalharam muito no seu dragão. E isso valeu a pena. O recipiente de plástico que as crianças pintaram de verde e equipado com dentes brancos triangulares e uma placa que diz “Dá-me comida” conquistou os estudantes do subúrbio de Nashville, Tennessee. A ideia é ajudar o ambiente, mas a verdadeira história por trás do dragão, como aliás acontece em grande parte das ações contra os resíduos de plástico, é mais complicada.

O concurso foi patrocinado pela A Bag's Life, uma operação de promoção e educação para a reciclagem da American Progressive Bag Alliance, um lóbi que luta contra as restrições ao plástico. Esta organização faz parte da Associação das Indústrias de Plásticos, um grupo que inclui a Shell Polymers, a LyondellBasell, a Exxon Mobil, a Chevron Phillips, a DowDuPont e a Novolex, empresas que lucram imenso com a produção contínua de plásticos. 
E enquanto A Bag’s Life encorajava as crianças a divulgar a mensagem edificante de limpar o lixo plástico, a sua organização-mãe, a American Progressive Bag Alliance, apoiava uma lei estadual que visava retirar aos cidadãos do Tennesseee a capacidade de enfrentar a crise dos plásticos. A legislação tornaria ilegal os governos locais proibirem ou restringirem os sacos e outros produtos plásticos de uso único – precisamente uma das poucas coisas que de facto reduz os resíduos de plástico.
Uma semana depois de o dragão de Westmeade vencer o concurso, a APBA viu-se recompensada: o tão desejado projeto de lei fora aprovado pelo legislativo estadual. Semanas depois, o governador assinou a lei que impedia Memphis de cobrar uma taxa por sacas plásticas. Entretanto, A Bag's Life dava às crianças da Westmeade que tinham trabalhado no dragão um cartão-presente de 100 dólares para gastar no que quisessem. E com esta minúscula fração da sua enorme riqueza, a indústria de plásticos aplicou um verniz verde sobre a sua luta desesperada para continuar a lucrar com um produto que está a poluir o mundo.


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