A Coligação C6, que integra associações de defesa do ambiente nacionais como a ANP/WWF, GEOTA, FAPAS, LPN, QUERCUS e SPEA, acusou o governo de António Costa de gerir de forma “irresponsável” e “sem respeito” pelos procedimentos necessários o acordo de construção do novo aeroporto de Lisboa no Montijo. Tudo porque descartou a necessidade de uma prévia avaliação de impacte ambiental e sem considerar alternativas. O governo assinou em 8 de janeiro o memorando de entendimento com a ANA, para o modelo de financiamento do investimento no novo aeroporto do Montijo e para a ampliação do aeroporto Humberto Delgado. JNegócios.
Entretanto, o PCP acusa o governo de ter vendido a Ana à Vinci por 3 mil milhões a troco de um apeadeiro que não passa de um frete à Vinci. Em 2012, a multinacional francesa comprometera-se a construir um novo aeroporto com os lucros realizados.
Sobre este tema, Nicolau Santos escrevia assim, em meados de fevereiro de 2017: «O Montijo tinha importantes restrições operacionais e ambientais: necessidade de reabilitação e ampliação de (ou das) pista(s), inclusive para fora do perímetro da Base Aérea; aproximações e descolagens conflituantes com a Portela; competição pelo espaço aéreo com a Força Aérea, incluindo a frota de busca e salvamento; existência de ventos cruzados; grande concentração de aves e interferência com rotas de migração; maior impacto sobre as populações com o aumento do ruído; etc.” (opinião de Rui N. Gonçalves, engenheiro do ambiente). (…) o país ficou refém da concessão à Vinci e de uma solução que não serve os seus interesses estratégicos, mas que é quase a única possível por depender das taxas aeroportuárias. É a diferença entre termos políticos (muitos) e estadistas (quase nenhum).»
Ainda a propósito:
«(…) Ainda há dias, a CCRC/Centro e o ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas chumbaram a colocação de um tapete rolante da escola da estância de esqui da serra da Estrela, com uma extensão de cerca de 150 metros por 3 de largura, tendo a entidade em causa sido notificada do respetivo processo de contraordenação e ordenado o levantamento do tapete. A estrutura permitiu alargar a prática dos desportos de inverno a crianças a partir dos três anos, aumentando a capacidade de transporte de 250 para 1680 pessoas por hora.
A declaração de impacte ambiental explica que o tapete (450 m2, imagine-se…) “condiciona” totalmente a vegetação nos mais de 300 m2 de construção, bem como muitas centenas de metros quadrados à volta afetados pelas descidas (?) dos esquiadores, numa “elevada pressão sobre a vegetação e inibição da sua regeneração natural”.
Este é o Estado que é capaz de produzir relatórios contendo insanidades descritivas e prolixas de natureza ambiental, na base de um exagero ridículo averiguado. O mesmo Estado que permite a deposição de lamas contaminadas do Tejo em área protegida; o mesmo Estado que relativiza o estudo de impacte ambiental quanto às dragagens do Porto de Setúbal que afetam os golfinhos e a recarga de areia nas praias em Troia; o mesmo Estado que esquece o impacte ambiental das pedreiras de Borba, que depois matam cidadãos indefesos.
Quando agora se ouvem os governantes usarem as questões ambientais do aeroporto do Montijo com vários pesos e muitas medidas, percebe-se a reputação global a que chegou este Estado: sem credibilidade perante os cidadãos.» Carlos Pinto, in Ambiente à la carte – jornal i.
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