Dezenas de triliões de dólares movimentam-se anualmente pela economia global e pelos mercados financeiros. Encontrar uma forma de canalizar esse dinheiro para a luta contra as alterações climáticas é uma das questões mais prementes e urgentes que enfrentamos.
O Acordo de Paris contém uma linha importante sobre o financiamento climático. Afirma que os governos devem “tornar os fluxos financeiros consistentes com um caminho rumo a baixas emissões de gases com efeito de estufa e a um desenvolvimento resiliente ao clima”. Isso exigirá uma transformação completa do setor financeiro tal como o entendemos atualmente. Mas antes que isso possa ser alcançado, há também um enorme trabalho de base que precisa ser feito.
Foram criados vários fundos climáticos para apoiar os objetivos do Acordo de Paris. E mesmo antes de o acordo histórico ter sido assinado, já havia fundos que ajudavam os países e as comunidades a construir resiliência à crise climática. Estes fundos podem ser vistos como pioneiros na forma diferente de fazer finanças. Aquele que prioriza o clima, as comunidades e o mundo natural.
O Fundo de Adaptação (AF) foi criado para proteger as comunidades vulneráveis contra os impactos devastadores das alterações climáticas. A sua abordagem pioneira consiste em criar projetos-piloto de pequena escala que sejam inovadores, impactantes e possam ser ampliados noutros locais. Ao proporcionar às entidades acesso direto ao financiamento do Fundo, o trabalho pode ser conduzido rapidamente, o que é de grande benefício no combate à urgência da crise. Desde 2010, o AF comprometeu-se com mais de mil milhões de dólares em quase 160 projetos, com um impacto estimado sobre 42 milhões de pessoas. O seu trabalho influenciou comunidades em quase todos os continents, da erosão costeira no Senegal à gestão da água nas Maldivas. (…)
No cerne do Fundo está proporcionar o espaço e a oportunidade para provocar mudanças onde elas são mais necessárias e para dar um exemplo a ser seguido por outros. Isto foi observado no trabalho do Fundo Verde para o Clima (GCF), o maior fundo climático do mundo, com mais de 13,5 mil milhões de dólares alocados em 240 projetos.
Um dos exemplos mais claros de expansão da inovação vem dos cursos de água de Andhra Pradesh, na Índia. O estado fica na costa sul da Índia e está exposto a um número crescente de ciclones e tempestades provenientes da Baía de Bengala. Isto causa erosão costeira, esgotamento dos recursos pesqueiros e colheitas arruinadas devido à invasão de água salgada. O projecto AF (...) procurou combater o problema restaurando mangais no Delta de Krishna. Isto evitaria a subida do nível do mar e criaria um habitat para a piscicultura. O projeto utilizou uma pequena quantia de 0,7 milhões de dólares para restaurar florestas de mangais degradadas, formar a população local nas técnicas e criar 50 hectares de um sistema integrado de piscicultura. As técnicas inovadoras e de baixo orçamento e os resultados bem-sucedidos forneceram um forte exemplo a seguir. O GCF fez exatamente isso com um projecto ampliado de 130 milhões de dólares para proteger mangais e ervas marinhas em 24 ecossistemas em distritos costeiros da Índia.
Ampliar
projetos bem-sucedidos como este significa, em última análise, mais impacto e
alcançar pessoas mais vulneráveis. Mas pegar num projecto mais pequeno e bem
sucedido e alargar o seu âmbito não é isento de desafios. Cada projeto é tão
bom quanto o apoio que recebe dos países e instituições anfitriões, das
comunidades locais e da disponibilidade de financiamento. Quanto mais complexo
for o projeto, maior será a probabilidade de necessitar de apoio adicional
para garantir a sua sustentabilidade a longo prazo. (...)”
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