França: maioria do Parlamento apoia moratória sobre a exploração dos fundos marinhos
- Com excepção dos Républicains e Rassemblement National,
nove grupos políticos apoiaram a iniciativa do deputado ambientalista Nicolas
Thierry e convidaram o governo a defender uma moratória sobre a
exploração dos fundos marinhos. Porquê privar-nos destes metais
estratégicos: cobre, níquel, manganês, que indústria poderia precisar? Porque
extraí-los do mar profundo constitui não só um grande risco para a salvaguarda
dos ecossistemas oceânicos, mas também para um ambiente que armazena uma grande
quantidade do dióxido de carbono emitido pelas atividades humanas. O objetivo
é, portanto, de evitar "consequências desastrosas". Martine Valo,
Le Monde.
- O Parlamento Europeu votou a favor de uma nova lei que
introduz procedimentos e medidas de controlo mais rigorosos para as
transferências de resíduos, incluindo a proibição de todos os resíduos
destinados a eliminação. A quantidade de resíduos trocados em todo o mundo tem
crescido constantemente, com 182 milhões de toneladas comercializadas em 2018.
A União Europeia desempenha um papel central neste contexto, com 32,7 milhões
de toneladas de resíduos exportados em 2020 para países fora da UE, o que
representa um aumento de 75% desde 2004. "Temos de transformar o
desperdício em recursos no mercado comum, e assim cuidar melhor do nosso
ambiente e competitividade", afirmou a deputada dinamarquesa Pernille Weiss,
relatora do Parlamento no processo. A maior parte dos resíduos transferidos
para fora da Europa consiste em sucata metálica ferrosa e não ferrosa, papel,
plástico, têxteis e vidro. As transferências de resíduos podem resultar em
graves impactos ambientais e sanitários nos países de destino, e priva a
indústria de reciclagem da UE de recursos que podem reduzir a dependência de
matérias-primas primárias. Para resolver este problema, o Parlamento Europeu
votou a favor de uma proibição das transferências de todos os resíduos
destinados a eliminação na UE, excpto se autorizado em casos limitados e bem
justificados. Valentina
Romano, EURACTIV.
- A Agência Nacional Francesa de Gestão de Resíduos
Radioactivos (Andra) apresentou um pedido de autorização para criar o centro de
eliminação geológica profunda do Cigéo ao Ministério da Transição da Energia. O
dossier de 10.000 páginas abre o caminho de vários anos de investigação, o que
poderá levar as autoridades a dar a uma luz verde à construção das
infra-estruturas em terrenos situados na fronteira de Meuse e Haute-Marne.
Criado em 1991, o Cigéo pretende armazenar 83.000 m3 de resíduos nucleares de
"nível intermédio de longa duração" e de "alto nível",
sendo este último o mais radioativo, sob 500 metros de argila. Mais de metade
destes resíduos já foi produzida e encontra-se atualmente em armazenamento
temporário nas instalações de Orano (antiga Areva) em La Hague. Perrine
Mouterde, Le Monde.
- A presidente da câmara de Paris, Anne Hidalgo, anunciou a
realização de um referendo em 2 de abril para os cidadãos decidirem se querem continuar
a ter trotinetes nas ruas da cidade ou se as proíbem. TZVETOZAR
VINCENT IOLOV, The Mayor.
- O governo britânico insiste na construção de mais dois
reatores nucleares junto da praia de Sizewell, apesar de todas as provas de erosão
na praia e da inevitabilidade da subida do nível do mar mercê das alterações
climáticas. Beyond Nuclear.
- Santa Cruz de Tenerife vai introduzir uma série de regras
de conduta para os residentes e visitantes em zonas urbanas. A nova legislação
inclui a poibição de fumar nas praias e de deixar qualquer lixo para trás. Os
bares de praia, quiosques, restaurantes e qualquer outro negócio operando nas
praias poderá ser multado por não fornecer um caixote do lixo. Da mesma forma,
podem sofrer multas por utilizarem plásticos de utilização única. A alimentação
de animais vadios e selvagens, tais como pombos, gatos e cães é também
proibida. Estão também previstas multas para quem fizer qualquer tipo de
graffiti, escrita ou arranhões em qualquer área no espaço público. O valor das
multas oscilam entre 750 e 3.000 euros. TZVETOZAR VINCENT
IOLOV, The Mayor.
- O Secretário-Geral das Nações Unidas António Guterres fezum discurso mordaz às elites empresariais e políticas em Davos, arrasando os
gigantes dos combustíveis fósseis e governos por promoverem a extração de
petróleo e gás face ao caos climático cada vez mais devastador em todo o mundo.
"A ciência é clara há décadas", disse Guterres. "Não estou a
falar apenas de cientistas das Nações Unidas. Estou a falar mesmo de cientistas
de combustíveis fósseis". Guterres referia-se a um estudo revisto por
pares publicado na semana passada, mostrando que a ExxonMobil - uma das maiores
empresas petrolíferas do mundo - previu com precisão o aquecimento planetário
nos seus modelos internos já nos anos 70, mesmo quando os executivos da empresa
negavam publicamente a realidade das alterações climáticas. "Cada vez mais
empresas estão a assumir compromissos de carbono zero", disse Guterres.
"Mas as referências e critérios são muitas vezes duvidosos ou obscuros.
Isto engana os consumidores, investidores e reguladores com falsas narrativas.
Alimenta uma cultura de desinformação e confusão climática. E deixa a porta bem
aberta para a lavagem verde. A transição para o carbono zero deve assentar em
cortes reais de emissões - e não depender de créditos de carbono e mercados
sombra". JAKE JOHNSON,
Common Dreams.
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