domingo, 21 de fevereiro de 2021

Reino Unido: mães vencem ação contra parque de estacionamento ao lado de escola em Manchester

  • A Câmara de Manchester perdeu o combate jurídico para construir um parque de estacionamento de 440 lugares ao lado da única escola primária do centro da cidade. A «brincadeira» saiu-lhe cara, uma vez que, para além de ter pagado 70 mil libras a um gabinete de advogados para lutar contra um grupo de opositores ao projeto, terá de, agora, pagar as despesas do processo em tribunal (70 mil libras) e indemnizar o grupo opositor (35 mil libras). Refira-se que a Câmara de Manchester tinha pagado £ 37 milhões pelo Central Retail Park numa parceria com uma empresa de capital privado do Sheikh Mansour bin Zayed al-Nahyan, um príncipe de Abu Dhabi dono do clube de futebol Manchester City. O plano era construir um estacionamento temporário antes de lá se construir escritórios. A Trees Not Cars propôs que o local fosse transformado num "parque comunitário", realizando protestos para defender a sua posição. Como as manifestações e petições falharam, o grupo avançou com uma revisão judicial argumentnado que a licença de construção deveria ser bloqueada por causa da poluição do ar. Helen Pidd, The Guardian. Este caso fez-me recordar episódio semelhante narrado por Julia Navarro algures em História de um canalha (Bertrand Editora 2016)
  • Ursula von der Leyen está rodeada de colaboradores com um passado recente ligado à indústria dos combustíveis fósseis que em nada favorece a imagem de uma equipa que elegeu o combate às alterações climáticas como prioridade. Os casos mais evidentes são Josep Borrell, Alto Representante da União Europeia e Vice Presidente da Comissão, Stella Kyriakides, Comissária responsável pela pasta da saúde e segurança alimentar e Adina Vălean, Comissária responsável pela pasta dos transportes. Da análise das várias declarações de interesse apresentados no início das suas funções, verifica-se que as suas ligações vão desde relações familiares com membros da indústria dos combustíveis fósseis até pagamentos por prestação de serviços de consultoria à mesma indústria, a partir de contas offshore. Esquerda.
  • A pegada de carbono gerada pelo turismo nas Ilhas Canárias tem aumentado. Os voos internacionais de e para o arquipélago representam 31% das emissões totais do setor em Espanha, entre 2% e 3% das emissões totais na Europa e cerca de 1% à escala global. Do total de emissões que as Canárias expelem para a atmosfera, 54,3% correspondem apenas a voos internacionais, segundo um estudo realizado pelo Grupo para a Redução do Risco de Desastres e Cidades Resilientes da Universidade de La Laguna. O estudo destaca também grandes desigualdades. Por exemplo, um voo entre as Ilhas Canárias e a Gâmbia emite mais do que o que é gerado por um habitante deste país durante um ano. Por outro lado, as emissões de um alemão num voo para as Ilhas Canárias equivalem a 5,3% do total das suas emissões anuais. “No caso das ilhas, é difícil pensar que possamos viver sem turismo e sem dependência aérea”, diz Abel López, um dos autores do estudo. Por isso, destaca que uma medida interessante para reduzir o impacto da aviação no clima seria fazer os turistas prolonger a sua estadia. Por país, Rússia, Finlândia e Suécia são os que geram a maior pegada de carbono por pessoa devido à distância da viagem: 0,60 Tn de CO2 em uma viagem de ida e volta. É seguido por Noruega, Islândia, Dinamarca, Polônia, Áustria, República Tcheca e Hungria, com entre 0,5 e 0,6 toneladas. Países como Reino Unido e Alemanha, embora gerem menos –entre 0,4 e 0,5 Tn de CO2–, concentram o maior peso do total, com dois terços das emissões totais. Eduardo Robaina, Climatica.
  • A segurança alimentar de Madagascar está em perigo. Este problema deve-se a vários actors, nomeadamente: (1) pobreza; (2) entre 1980 e 2010, Madagascar sofreu 35 ciclones e inundações, 5 períodos de seca severa, 5 terremotos e 6 epidemias; as condições meteorológicas extremas de Madagascar intensificaram-se devido às alterações climáticas, aumentando a vulnerabilidade alimentar; (3) a mineração massiva, a partir de 2000, usurpou terras destinadas à produção de alimentos e deslocalizou as pessoas que ali viviam; (4) 52 empresas estrangeiras investiram em projetos agrícolas com vista ao lucro imediato e desligado da realidade local. Yanis Iqbal, Dissident Voice.

  • «No seu ultimo livro, no capítulo Produção de eletricidade sem carbono, Bill Gates afirma que “o nuclear é a única fonte de energia livre de carbono que pode fornecer energia de forma confiável dia e noite, em todas as estações”. Preocupa-me ver Gates tão mal informado. Pode garantir que consultou peritos, analistas e ativistas, mas, pelos vistos, consultou os errados e a sua abordagem acabou sendo estúpida. Gates deveria saber o seguinte: A energia nuclear não terá qualquer impacto útil na redução de emissões prejudiciais, tendo em consideração a pegada de carbono de toda a sua 'cadeia de combustível' de urânio - da mineração, trituração, enriquecimento de urânio (que é altamente exigente em energia), fabricação de combustível, irradiação, acondicionamento de resíduos radioativos, armazenamento, embalagem para descarte final. Mark Jacobson, professor de engenharia civil e ambiental da Universidade de Stanford, num estudo detalhado - “Análise de soluções para aquecimento global,poluição do ar e segurança energética” -demonstra que as emissões de CO2 da energia nuclear são entre 10 a 18 vezes maiores do que as das tecnologias de energia renovável.» David Lowry.

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