Flores, Açores.
Em França, muitas autarquias mandaram desinfetar as ruas com grandes doses de desinfetantes, bactericidas e fungicidas.
Porém, se esta operação de limpeza não demonstrou a sua eficácia sanitária, a eficácia ambiental está garantida, diz Florence Denier Pasquier, da France Nature Environnemen: «Para os meios aquáticos, é uma má ideia», sublina.
Aliás, nenhum organismo oficial emitiu aviso favorável à desinfeção de ruas.
A própria Agência Regional de Saúde de Nouvelle-Aquitaine tomou uma posição contra a desinfeção numa conferência de imprensa segunda-feira, 30 de março. Segundo o Dr Daniel Habold, diretor de saúde pública da AR, a desinfeção de ruas não é uma necessidade para a saúde pública. Para ele, pulverizar com lixívia as ruas de Bordeaux não parece necessário, não há argumento a favor dessa iniciativa, sem esquecer que se trata de produtos tóxicos. A Direção Geral de Saúde também alertou que «grandes quantidades de álcool e desinfetante inalado podem ter efeitos colaterais significativos para as populações».
Florence Denier Pasquier lembra que «todos os produtos utilizados têm propriedades biocidas», ou seja, eles não matam apenas vírus. «Portanto, é provável que esses produtos afetem o funcionamento das estações de tratamento, que purificam a água graças, entre outras coisas, às bactérias», explica. Esses microrganismos podem ser mortos por uma exposição maciça a substâncias biocidas.
Mas Florence Denier Pasquier está mais preocupada com muitos municípios que têm uma rede de pluviais separada da dos esgotos: nesse caso, os líquidos da limpeza urbana acabam diretamente em linhas de água, ribeiras e rios. «Poderemos via a descobrir uma grande poluição, com a destruição de populações aquáticas», alerta.
Muitos autarcas eleitos, como os de Rosny-sous-Bois e Brassac-les-Mines, admitem que pulverizam as ruas dos seus municípios para dar um sentimento de segurança aos cidadãos. Há, porem, autarquias, como as de Metz, Bordeaux e Grenoble, que se abstêm de desinfetar as suas ruas com lixívia.
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