sexta-feira, 3 de abril de 2020

Bico calado

  • Eanes foi entrevistado na RTP. Ao minuto 20, admitiu a nacionalização de empresas estatais que tinham sido privatizadas por governos PS-PSD-CDS. Mais: lamentou as Forças Armadas não terem sido chamadas a intervir na linha da frente logo no início do combate à Covid-19. Como, sr General, se os nossos mais bem equipados militares se encontram em missão no Afeganistão e na República Centro Africana, sem sabermos de facto o que andam a fazer e quanto custam ao erário público? Quem o vê agora, e quem o viu em novembro de 1975! Para este blogue, as memórias não são curtas.
  • Produção de cereais em Portugal no mínimo do último século. E pandemia vai complicar o abastecimento, titula o Expresso. Só não percebo o que impede o Expresso e outros media de abrirem as suas edições com este tema. Deve ser muito difícil meterem-se num jipe e visitar aldeias e ir a campos falar com os agricultores que tudo fazem para nos fazerem chegar o pão nosso de cada dia à nossa mesa. Também não estou à espera que os jornalistas usem as tecnologias de fácil localização de citações para fazerem referência a esta, de 11 de dezembro de 2018: «Apenas três cereais asseguram quase metade das calorias que a Humanidade consome: trigo, arroz e milho. Apesar da sua importância, Portugal é profundamente deficitário. Em apenas três décadas o país perdeu 71% da área cultivada com cereais. No final dos anos 80, a superfície cultivada com cereais ocupava cerca de 900 mil hectares, quase 10% do território nacional. No ano passado, a área circunscrevia-se a 260 mil hectares, ou seja, menos 71%, uma perda de 640 mil hectares. De acordo com especialistas, o fim das ajudas ligadas e a liberalização das Política Agrícola Comum explica uma boa parte deste quadro. Hoje Portugal tem um dos níveis mais baixos do mundo em matéria de autoaprovisionamento de cereais. Mas se atendermos aos cereais utilizados para a alimentação humana, a situação é ainda mais alarmante com a produção de trigo a garantir apenas 5% das necessidades do país. (...)» Pergunta à Comissão Europeia de Miguel Viegas, deputado do PCP no Parlamento Europeu, em 11dez2018.
  • Bruxelas vai escolher operadora em Portugal para analisar mobilidade durante pandemia de Covid-19. Comissão Europeia pretende recolher dados anónimos através da localização dos telemóveis, analisando a mobilidade em altura de confinamento. SICA fonte da notícia é anónima. Apenas uma operadora será escolhida. O negócio começou a ser combinado há uma semana. Tudo em nome da nossa rica saúde, dizem: « solicitou às companhias a partilha de metadados anónimos dos utilizadores para modelar e prever a propagação do vírus.»  Há dias, este blogue citava Selam Gebrekidan, segundo a qual, para autocratas e outros que tais, o coronavírus é uma oportunidade de obter ainda mais poder. Líderes de todo o mundo aprovaram decretos e legislação de emergência, expandindo o seu alcance durante a pandemia. Será que alguma vez as vão revogar?  
  • Pelo menos 38 marinheiros da Marinha a bordo do porta-aviões USS Theodore Roosevelt, no Pacífico ocidental, testaram positivo para coronavírus até agora, titula a insuspeita Fox. É irónico como a arma mais letal da humanidade esteja a ser ameaçada por um organismo invisível.
  • Foram ministros do governo britânico e cientistas seniores que subestimaram repetidamente a gravidade da Covid-19 no parlamento do país e nos media. A cronologia pormenorizada é do Declassified UK.
  • «Observar o surto de Covid-19 é como assistir a um lapso de tempo da crise climática. Tal como na crise climática, a nossa resposta à Covid-19 exige humildade intelectual. Devemos levar a sério as advertências e recomendações da ciência; nos dois casos, a vida depende de respostas informadas... Tal como na crise climática, os modelos teóricos revelaram-se essenciais para antecipar o que provavelmente acontecerá no futuro». Lawrence Torcello e Michael Mann, na Newsweek.
  • O conselho de administração da Whiting Petroleum Corp. aprovou US $ 14,6 milhões de bónus para os principais executivos dias antes de a produtora de óleo de xisto pedir a falência, titula a Energy Voice.

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