terça-feira, 7 de abril de 2020

Bico calado

  • Quando os Estados começaram a aconselhar o encerramento das lojas, incluindo as lojas de armas, o lóbi das armas voltou-se para a Casa Branca. Após duas semanas de telefonemas, e-mails e lóbi, os grupos de direitos das armas fizeram com que o governo Trump incluísse as lojas de armas na lista dos bens essenciais. Politico.
  • «O ciclo agrícola não ouve os humanos e não se compadece com as nossas preces para adiar a apanha, a colheita, a vindima ou a ceifa. O número de trabalhadores agrícolas cresce, em média, de modo significativo, nos 2º e 3º trimestres do ano. Nos últimos oito anos o sector da agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca empregou, em média, mais 28.300 pessoas nos 2º e 3º trimestres do que nos 1º e 4º. Sabendo que muitos destes trabalhadores sazonais eram não residentes, isso significa que vamos ter um problema grave de escassez de mão de obra na agricultura na época que se aproxima. Quem os vai substituir? Ou vamos deixar apodrecer a fruta, os tubérculos por desenterrar, a vindima por fazer? E o que vamos comer no próximo ano?» João Duque, in Alimpaduras da eira Expresso.
  • «O padre Pedro Coutinho já estava avisado: um amigo próximo ligou-lhe a avisar que ia passar pelo lar de Nossa Senhora do Amparo para doar alguns produtos básicos, como caridade nestes tempos de pandemia do novo coronavírus (Covid-19). O que o sacerdote não sabia é que quem lhe entregaria esses produtos seria uma comitiva do Chega, liderada pelo presidente e deputado André Ventura, que posaria para fotografias a segurar leite e fraldas para incontinência.» Sábado.
  • «Fatores ambientais, económicos e políticos agravaram-se durante gerações, colocando os negros em maior risco de doenças crónicas que deixam os pulmões fracos e o sistema imunológico vulnerável: asma, doenças cardíacas, hipertensão e diabetes. Em Milwaukee, no Wisconsin, ser negro significa que a sua expetativa de vida é 14 anos mais curta, em média, do que alguém branco. Na sexta-feira passada, os afro-americanos representavam quase metade dos 945 casos de Milwaukee e 81% das 27 mortes num município cuja população é 26% negra. Milwaukee é um dos poucos lugares nos Estados Unidos que rastreia o colapso racial de pessoas que foram infetadas pela Covid-19, sugerindo o que se passa noutras comunidades negras em todo o país. No Michigan, onde a população do estado é 14% negra, os afro-americanos representam 35% dos casos e 40% das mortes. Detroit, onde a maioria dos moradores é negra, emergiu como um ponto quente com um alto número de mortos, tal como New Orleans. A Louisiana não publicou os casos por raça, mas 40% das mortes do estado ocorreram no muncípio de Orleans, onde a maioria dos moradores é negra.» Akilah Johnson e Talia Buford, na ProPublica.
  • «A pandemia de coronavírus está a obrigar a indústria alimentar alimentos e os reguladores a mudarem as políticas, à medida que lutam com prateleiras vazias, um excesso de produtos frescos e leite e mudanças repentinas nos hábitos de compra dos consumidores. O problema não é falta de alimentos e mercadorias. O desperdício de alimentos tornou-se um grande problema, pois os grandes compradores - como dormitórios de universidades e redes de restaurantes - de repente pararam de receber entregas. Como resultado, milhões de litros de leite estão a ser descartados, e os agricultores não têm alternativa a não ser transformar legumes frescos em compostoAdam Behsudi e Ryan McCrimmon, na Politico.
  • O primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, que teve formação médica antes da política, registou-se novamente como médico para ajudar durante a crise, fazendo um turno por semana, conta o New York Times.
  • Jornalistas ameaçados e detidos numa altura em que países restringem a cobertura noticiosa à Covid-19, titula o Washington Post. Para os autores do artigo, há censura em todo o mundo. Omitem os EUA, pois claro. Por coincidência, os responsáveis por muitos media espanhois, acabam de subscrever um manifesto dirigido ao primeiro-ministro de Espanha denunciando atos de censura de dizem ter sido vítimas e apelando para a resolução do problema. Para uma abordagem mais abrangente deste problema, convirá consultar estas fontes: ABC, Politico, The Guardian, The Atlantic, Index on Censorship e, sobretudo,  In the name of liberty…: Our freedoms are being taken before our very eyes, de Rachael Jolley.

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