Bico calado
- «A maior parte da minha vida fui do PSD, tendo feito parte da Secção Ocidental do Porto. Com o passar dos anos, deixei de me rever neste partido, talvez devido a não me identificar com o modo de fazer política de algumas pessoas. Desde que cheguei a Espinho há quase dois anos, tive a plena certeza que tomei a decisão correta. Logo nos primeiros meses, assisti a uma Assembleia Municipal onde os elementos de vários quadrantes da oposição tiveram de sair escoltados pela polícia, pois o presidente da câmara fez o favor de misturar política com futebol, utilizando a claque do clube da terra para ameaçar elementos da oposição. Primeiro sinal que algo está muito mal (…) Com o passar do tempo, lá me fui apercebendo que no seio do PSD local fazem parte os principais responsáveis que fizeram de tudo para boicotar Rui Rio como presidente do partido, descurando o interesse local e nacional em detrimento dos próprios interesses pessoais. De facto, vivo num local onde um vice-presidente e possível candidato à Câmara é arguido num processo de corrupção, onde alguns ajustes diretos entre Câmara e alguns serviços deviam ser investigados pela PJ. Um presidente e vice que atribuem as maiores verbas de jogo a uma instituição onde os próprios fazem parte dos corpos sociais, enquanto outras instituições viram o seu orçamento reduzido. (…)» Paulo Nuno Baptista, in Força Espinho. Conferir com artigo de José Carlos Santos, Membro da Comissão Politica Distrital do PSD de Aveiro, no Defesa de Espinho.
- «(…) Especialmente doloroso de ver, neste festival de branqueamento de imagem (…) foi José Miguel Júdice, patrão do grande escritório PLMJ, onde durante anos o seu colega e amigo Jorge Brito Pereira assessorou Isabel dos Santos. No seu programa de comentário político na SIC Notícias (…) desfiou um rol deprimente de argumentos em defesa da riqueza acumulada nos negócios angolanos. Que Isabel dos Santos "nunca pediu nada de ilegal", que nunca notou que a filha do então Presidente de Angola usasse fundos públicos, que há muita coisa que ainda não sabemos. "Era prudente que houvesse mais prudência", rematou. Pois. E é vergonhoso que haja tão pouca vergonha. (…) O bastonário da Ordem dos Advogados veio pregar que as provas do Luanda Leaks foram concebidas em pecado, mas ainda ninguém lhe ouviu um murmúrio sobre o facto de os advogados envolvidos nestes esquemas terem violado os deveres de comunicação de operações suspeitas. Processos abertos pela Ordem, zero. O que não admira: quando em 2017 foi transposta a quarta diretiva de branqueamento de capitais, obrigando os advogados e outros profissionais a reportarem negócios suspeitos, a Ordem anunciou olimpicamente que não cumpriria a lei, que consideram uma ofensa ao sagrado dever de sigilo – quando a lei visa precisamente criar uma separação sanitária entre os advogados que legitimamente defendem os seus clientes (por mais bandidos que estes possam ser) e os advogados que prestam assessoria no cometimento de crimes, a troco de chorudas comissões. (…) Se queremos a continuidade de um sistema democrático são e eficiente teremos de fazer ruturas; e aceitar que essas ruturas implicam varrer boa parte da elite nacional – os cavalheiros dos grandes negócios nos grandes escritórios de advogados, os políticos da negociata, os caciques do aparelho, os reguladores em porta giratória para os regulados, os comentadores instalados que nos propagandeiam um status quo envenenado. (…)» João Paulo Batalha, in A curto prazo estamos todos mortos - Sábado 31jan2020.
- A Airbus subornou funcionários públicos e ocultou os pagamentos como parte de um padrão de corrupção mundial, afirmaram juízes, tendo a fabricante de aviões europeia concordado em indemnizar a França, o Reino Unido e os Estados Unidos 4 biliões de dólares. Reuters.
- Dois membros dos partidos que integram o governo alemão vão ser investigados por alegadamente terem aceitado subornos em troca de ajudarem a branquear a reputação do governo autoritário do Azerbaijão. Transparency International.
- No Uruguai, uma rede de oficiais da marinha é acusada de fornecer combustível de aviação para aeronaves que transportavam droga, conta a InSight Crime.
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