quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Bico calado

  • «(…) Depois de vários atrasos e sucessivas promessas por cumprir, o projeto apresentado publicamente de um Estádio Municipal com quatro bancadas cobertas deu lugar a um projeto minimalista com apenas uma bancada coberta, sem que esse projeto final do Estádio Municipal de Espinho tenha sido tornado público ou discutido em qualquer órgão autárquico. Depois de vários atrasos e sucessivas promessas por cumprir, um projeto para um Estádio Municipal com quatro bancadas cobertas que estava orçamentado em 2,6 milhões de euros deu lugar a projeto com apenas uma bancada coberta, mas estimado em cerca de 5 milhões de euros.» PS Espinho.(…)» PS Espinho.
  • «Ryanair declarou prejuízos às finanças, só que teve lucros. As finanças analisaram as contas da filial portuguesa da companhia aérea low-cost. Entre 2014 e 2016 foram encontradas diversas irregularidades que fazem com que os prejuízos apresentados de 17,6 milhões de euros afinal venham a ser 1,5 de lucros. A empresa continua a recusar passar faturas aos clientes.» Esquerda.
  • «Uma das mais notáveis reportagens publicadas em Portugal nos últimos anos revela alguns detalhes da privatização da EDP e da REN. Foi Paulo Pena, no Diário de Notícias, e conta como Ricciardi, ao comando do BES Investimentos e usando pelo menos quatro telefones, cercou o governo (o termo é do jornalista e parece adequado) para condicionar essas duas privatizações. Foram um sucesso, a EDP foi adquirida pela Three Gorges e a REN pela State Grid, ou seja, pelo Estado chinês, com alguns outros accionistas. Nos dois casos, o BESI assessorou a operação, tendo cobrado 1,4 milhões de euros, a fazer fé nos registos contabilísticos. O Tribunal de Contas veio mais tarde a concluir que esta intervenção seria ilegal e que o BESI não deveria ter sido consultor financeiro nestas operações: “o BESI prestou serviços de consultoria financeira ao Estado (como avaliador) e posteriormente como consultor financeiro dos compradores, o que contraria as normas do concurso de pré-qualificação para prestação de assessoria financeira nos processo de privatização”. Mas não será a primeira vez, e quem sabe se não será também a última, em que a entidade financeira que trabalha para o governo na preparação da privatização é depois a mesma que conclui a privatização do lado do comprador. Por razões de uma investigação judiciária, algumas destas conversas terão sido escutadas. Segundo o DN, a Three Gorges conheceria as ofertas dos concorrentes na EDP e conseguiu por isso baixar a sua proposta à última da hora, poupando num ápice o saboroso valor de 117.095.067,30 euros. Mas a manobra mais complexa terá sido em torno da REN, uma empresa estratégica, dado que tem o monopólio efetivo do transporte de energia em alta tensão em Portugal. Como o governo parecia hesitar na decisão, Ricciardi terá multiplicado iniciativas para pressionar uma solução a favor dos seus clientes. Conta-nos a reportagem que tentou falar com Passos, que não atendeu à primeira, falou depois com Relvas e transmitiu-lhe a ameaça, real ou inventada, de que a China poderia vir a cortar relações diplomáticas com Portugal se não lhe fosse vendida a empresa. Relvas confirma a ameaça; Ângelo Correia, que recebeu o telefonema seguinte, também confirma e garante que terá falado disso a Passos; Carlos Moedas, que estava em Londres com Vitor Gaspar e Maria Luís Albuquerque, também recebeu chamada, mas não se lembra dos detalhes. Todo este frenesim foi a 31 de janeiro de 2012, no dia seguinte o primeiro-ministro terá devolvido o telefonema a Ricciardi e conversaram, garante Passos que “a privatização avançou sem nenhum cálculo político do governo”. A 2 de fevereiro o Conselho de Ministros reuniu e a privatização foi aprovada. Cereja em cima do bolo, o BESI pressionou a demissão de Henrique Gomes, o então secretário de Estado da Energia, que contestava o sistema de rendas, e conseguiu-o dois meses depois. Dossier encerrado, abra-se o champanhe.» Francisco Louçã.
  • «A Marisa do BE acha que não faz mal votar a favor de invasões a países árabes desde que depois se recebam os refugiados. O Nuno Melo do CDS acha que não faz mal desde que depois não se recebam os refugiados. Ténues diferenças entre o capitalismo unicórnio e o capitalismo real.» Manuel Tiago.
  • Ativista marroquino foi detido, julgado e condenado por protestar contra a participação de Israel numa exposição, relata o Middle East Monitor.
  • Uma fábrica de trolls vista por dentro. Na Polónia. DN.
  • «A ajuda internacional dos EUA torna os países corruptos ainda mais corruptos. O nosso apoio a certos países, incluindo a Ucrânia, produziu cleptocracias, ou coisas piores», escreve James Bovard na The American Conservative.
  • A WhatsApp processou a NSO, uma empresa israelita de ciber vigilância, que acusou de estar por detrás de mais de uma centena de ataques secretos a ativistas de direitos humanos, advogados, jornalistas e académicos em apenas duas semanas, no início deste ano. The Guardian.

Sem comentários: