sexta-feira, 8 de março de 2019

Reflexão – O que andam a queimar as fábricas de cimento?


O lixo é cada vez mais o combustível utilizado pelas fábricas de cimento para alimentar os seus fornos. Os adeptos da queima de lixo dizem que é melhor para o Ambiente: libera menos gases de efeito estufa do que os combustíveis tradicionais e fornece uma opção de descarte de resíduos que reduz os aterros sanitários. Os fabricantes de cimento também lucram: em vez de pagar pelo carvão, eles são pagos para queimar o lixo.

Uma investigação recente do OCCRP revela vários níveis de criminalidade e negligência neste negócio. Em «Cement’s Dirty Business» (O negócio sujo do cimento), jornalistas do OCCRP viajam pela Europa para mostrar como a indústria de cimento da Romênia agora opera em grande parte recorrendo ao lixo, contrabandeado-o de países estrangeiros sem considerar questões de saúde e segurança.

Na Itália, mafiosos ligados à poderosa Camorra, infiltraram-se no comércio de resíduos incineráveis e aproveitam-se da corrupção e de um regime de inspeção frouxo na Romênia. Na Alemanha, as fábricas do leste são vistas como uma solução ideal para o problema do descarte de lixo do país. E na Romênia, o chefe de longa data da Agência de Proteção Ambiental do governo, que autorizou o envio ilegal de lixo da Itália, também fundou uma empresa privada que conseguiu contratos lucrativos para monitorizar as emissões das fábricas de cimento.
Devido à essa falta de supervisão, as sete fábricas de cimento da Roménia podem queimar qualquer coisa, incluindo substâncias legalmente proibidas, como resíduos médicos à custa de cidadãos comuns forçados a respirar e viver no meio aos gases tóxicos que emanam das suas chaminés.

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