Barrinha de Esmoriz/Lagoa de Paramos. Imagem recolhida aqui.
A semana passada, escrevendo sobre as obras de «requalificação» da Lagoa de Paramos/Barrinha de Esmoriz, dizia que era, de facto, preciso muito engenho e arte para ultrapassar as recomendações internacionais de peritos em matéria ambiental. E lamentava que os nossos decisores e eleitos ainda evidenciassem tanta carência de literacia ambiental para concretizarem essas recomendações.
Primeiro, porque se insiste no erro de repor e reforçar um dique fusível que há 12 anos, foi destruído em pouco tempo por galgamentos e marés vivas. Até agora ninguém assumiu responsabilidades ou foi responsabilizado por tamanho desbaratar de recursos públicos e pelo atropelo aos mais elementares princípios da conservação dos frágeis ecossistemas costeiros.
Segundo, porque se escamoteia um grave problema a montante: a poluição transportada pela Ribeira de Rio Maior e pela Vala de Maceda e que desagua na Barrinha. Não reduzir e eliminar a poluição a montante comprometerá todo o ecossistema e exigirá dragagens sucessivas e onerosas para o erário público.
Terceiro, porque se repetem os truques do costume. Apesar de todos os atrasos no arranque da obra, os seus responsáveis, nomeadamente a adjudicatária ABB, alegaram, no decurso da obra, um volume de lodos e areias pantanosas superior ao previsto. E, como a conclusão da obra está agendada para julho de 2017, em plena época balnear e véspera de eleições autárquicas, vale tudo, inclusive os famigerados «trabalhos a mais». Eles aí estão: a segunda draga já entrou em ação e uma terceira vem a caminho.
Tudo isto pago pelo erário público, pelos impostos dos contribuintes. Embora muitos deles digam que gostam deste tipo de «programa» e estejam prontos para aplaudir e aparecer na fotografia, outros ainda sabem dar valor ao dinheiro, especialmente aquele que sai do suor do seu dia de trabalho.
Sem comentários:
Enviar um comentário