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domingo, 17 de julho de 2022

Açores: Miradouro da Lagoa de Fogo é projeto viciado?

«Todas as 86 participações do processo de consulta pública, realizado em 2021, relativo à proposta para o Miradouro da Lagoa do Fogo, apresentado pela Secretaria Regional do Ambiente e Alterações Climáticas (SRAAC) foram CONTRA.

Não podemos deixar de assinalar um branqueamento de informação relevante, com destaque à dispensa do Estudo de Impacte Ambiental, numa obra envolvendo a zona mais sensível da ilha, num projeto promovido pela própria SRAAC. A falta de memória descritiva justificativa, de orçamento estimado, a ausência de qualquer referência à quantidade de materiais, à movimentação de solo e coberto vegetal, ou como é resolvido o problema do estacionamento no Verão são outros indicadores importantes que a SRAAC não está a tratar com a seriedade que um projeto desta sensibilidade ambiental exige. Igualmente grave é o facto desta Secretaria insistir em publicitar versões que não correspondem à que está projetada para este empreendimento: como a que o edifício é que controla o fluxo de descidas dos visitantes (o controlo é feito nas escadas no Miradouro, nunca no edifício); que a forma de corrigir a curva desativada é construir nela (que é feito com a reposição natural do solo), que o estacionamento existente é suficiente, etc.

A SRAAC nunca revela o relatório da Discussão Pública, que já tem um ano, e por nota de rodapé na imprensa avisa que já enviou um novo projeto, diferente do debatido, com mais área de construção, mais impacto ambiental e na paisagem por ter um novo volume visivel, alteração dos lanternins para cúpulas esféricas, etc. para que se iniciem os trabalhos de construção o quanto antes.

Onde anda a democracia? Onde está a transparência? E a legitimidade para avançar para um projeto polémico desde o seu início por não resolver nenhum dos problemas da Lagoa do Fogo? Preocupa-nos que a ideia seja a de PRIVATIZAR aquele miradouro, para justificar a cobrança de parqueamento já em marcha. À semelhança do que já está a acontecer na Ponta da Ferraria e em breve na Vista do Rei.

Consideramos essencial que a SRAAC esclareça sobre mais este branqueamento grave e inadmissível.» Act Azores.

Alguns dados relevantes sobre este projeto, ocultados emdiscussão pública e que demonstram bem a gravidade da recusa em efetuar umestudo de impacto ambiental em zona protegida: (1) O edifício proposto teria que incluir uma mini-ETAR, exigindo a abertura de Kms para colocação de tubaria para eletricidade; (2) betonização em plena reserva natural; (3) 1,7 milhões de euros para artificializar e eventualmente privatizar este ex-libris natural; (4) na segunda versão do projeto, aparecem 13 lanternins, omitidos nas imagens fotoralistas da consulta pública para dar a ideia de que seria uma invervenção sem presença de construção.

O próprio desenho do miradouro está feito para cortar a vista a quem passa na estrada regional e vedado também por fora, não apenas no limite com a caldeira.

Por udo isto, a ACT Azores prepara queixas a nível nacional e europeu, bem como uma petição contra este crime e processo muito pouco transparente e digno de caso de estudo de ‘lavagem ao cidadão’.

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