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segunda-feira, 18 de julho de 2022

Bico calado

  • «(…) Costa acha que o debate democrático lhe lembra os programas de comentário desportivo: “É uma bolha que se entusiasma imenso com casos e casinhos, consome horas infindáveis de tempo de televisão por cabo, quase tanto tempo como aqueles infinitos debates em que durante toda a semana comentadores comentam o jogo de futebol da semana anterior”. Na verdade, Cavaco poderia subscrever isto se, no seu tempo de primeiro-ministro, a televisão por cabo estivesse desenvolvida. Se juntarmos a este exaltante discurso na Comissão Nacional do passado fim-de-semana em Ílhavo, a decisão do PS em adiar o regresso dos debates com o primeiro-ministro a um modelo decente, percebemos como Costa está profundamente decidido a cumprir uma maioria absoluta com o menor diálogo possível. Cada país tem o que merece — no Reino Unido o primeiro-ministro é obrigado a ir todas as semanas ao Parlamento e mesmo que os britânicos sejam capazes de eleger um Boris Johnson, também sabem correr com eleAna Sá Lopes, A cavaquização de António Costa: “Safa! Safa! Safa!” - Público 16jul2022. Vagamente relacionado: O recente, surpreendente e assolapado amor do PS pelo PSD, João Miguel Tavares – Público 16jul2022.
  • «(…) A rtp é uma televisão de colónia, minúscula e com noticiários cada vez menos credíveis. Sendo pública, aceita concorrer com a porcaria da sic, tvi, cmtv e cnn. Fica igual: um esgoto de falsas notícias que são pura propaganda ocidental. (…)» Fonte.

  • «A Secção de Interesses dos EUA em Havana tem vindo a exibir mensagens eletrónicas no seu edifício, em benefício dos cubanos que passam por lá. Uma mensagem dizia que a Forbes, revista financeira semanal, tinha considerado Fidel Castro o sétimo chefe de estado mais rico do mundo, com uma fortuna estimada em 900 milhões de dólares. Isto tem chocado os transeuntes, tendo em conta que esta sociedade socialista afirma ter a distribuição de rendimentos mais justa do mundo. Não estão também chocados, caros leitores? Quer saber exatamente em que é que a Forbes baseou as suas classificações? Dois meses antes de a Secção de Interesses ter exibido a sua mensagem, a Forbes já tinha declarado que as estimativas eram "mais arte do que ciência". “No passado", escreveu a revista, "baseámo-nos na percentagem do produto interno bruto de Cuba para estimar a fortuna de Fidel Castro. Este ano, utilizámos métodos de avaliação mais tradicionais, comparando ativos estatais que Castro é suposto controlar com empresas comparáveis cotadas na bolsa". A revista deu como exemplos empresas estatais, tais como empresas retalhistas e farmacêuticas e um centro de congressos. Portanto, aí está. Foi baseada em nada. Sabendo que o presidente americano "controla" as forças armadas americanas, será que devemos atribuir o valor de todos os bens do Departamento de Defesa à sua riqueza pessoal? E a riqueza pessoal do primeiro-ministro britânico inclui a BBC, não é verdade?» William Blum, America’s deadliest export – Zed Books 2014, p 193.

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