O PDM de Espinho foi revisto, alterado e aprovado em 2016
pelo executivo camarário de maioria PSD. Entre outros pontos, nele se
estabelece que a estação de Espinho-Vouga será transferida para 3 Kms a sul,
para a zona do atual apeadeiro de Silvalde, onde a Refer/Infraestruturas de
Portugal diz ter projeto para uma nova estação da Linha do Norte. A partir
daqui, um novo traçado será construído, para leste, até à linha do Vouga. O
troço que parte da atual estação de Espinho-Vouga será desativado e convertido
em ciclovia.
Passados 6 anos, dois candidatos do PSD por Aveiro, António Topa Gomes e Ricardo Sousa, certamente empolgados pela campanha eleitoral, pretendem fazer tábua rasa destes pormenores do atual PDM, segundo se infere da reportagem do semanário Defesa de Espinho de 20 de janeiro de 2022. Diz o primeiro que a eletrificação da ferrovia e a sua interseção com a Linha do Norte são exemplos da requalificação que se impunha. E diz o segundo, espinhense de gema, ex-assessor do ex-primeiro ministro Passos Coelho e ex-assessor do ex-presidente da Câmara de Espinho, Pinto Moreira: «A linha do Vouga tem sido descurada ao longo de várias décadas e chegou a uma situação de degradação. Esta linha deverá fazer o interface com a Linha do Norte, o que é um ganho para nós, espinhenses e para o distrito, permitindo uma mobilidade para o litoral com caraterísticas únicas. No percurso entre as duas estações falta encurtar distâncias. Queremos que se repense esta ligação e que o interface seja muito mais intuitivo para as pessoas.»
Tirem agora as vossas conclusões.
Em 2016, escrevia no semanário Maré Viva de 23 de fevereiro: «O ‘esverdear’ desta megaoperação é difícil de engolir, uma vez que todo aquele canal, liberto da linha do Vouga, será uma excelente mais-valia para eventuais projetos imobiliários. Por outro lado, a transferência da estação de Espinho-Vouga para 3 Kms a sul parece colidir com a missão de promover a colmatação estrutural e de reforçar a coesão territorial. Vai, certamente, contribuir para a fragmentação e desqualificação do tecido urbano e dos espaços envolventes e para a ineficiência e insustentabilidade ambiental e económica em termos de energia.»
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