quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Reflexão – Como roubar água de um rio legalmente


O rio Colorado nasce nas Montanhas Rochosas e atravessa sete estados dos EUA, regando cidades e terras agrícolas, antes de chegar ao México, onde deveria desaguar no mar de Cortez. Em vez disso, o rio é represado na fronteira EUA-México, mas do lado do México o rio corre quase seco. Que melhor exemplo haverá de injustiça ambiental?

No século 19, o fluxo do rio no México era superior a 1.200 metros cúbicos por segundo. Os EUA começaram a controlar o Colorado e a transformar um deserto num grande centro agrícola.
Em 1901, os EUA construíram o canal Alamo através do México, que desviou a água do rio para terras agrícolas no Imperial Valley,  na Califórnia. Do outro lado da fronteira, empresários americanos ambiciosos, auxiliados por oficiais mexicanos corruptos, assumiram o controlo da maioria das terras e águas aráveis.
A construção da barragem Hoover em 1936 reduziu o fluxo do rio no México para 164 metros cúbicos por segundo.
Em 1942, os EUA construíram o canal All American, contornando o México para abastecer diretamente o Imperial Valley e as cidades vizinhas.
O desaparecimento do Colorado foi selado em 1944, quando o México e os EUA assinaram um acordo para construir a barragem de Morelos na fronteira e garantir água ao México apenas para agricultura. Depois da construção da barragem de Glen Canyon no Arizona em 1966, o fluxo do rio no México caiu para 8,3 metros cúbicos por segundo.
Na década de 1980, 80% das florestas e pântanos do delta perderam-se e o estuário ficou destruído, com resultados devastadores para a vida marinha, aves migratórias, mamíferos e comunidades indígenas.
Atualmente, o fluxo do rio no México é de 0,5 metros cúbicos por segundo.

Nina Lakhani, in The Guardian.


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