Recortes de notícias ambientais e outras que tais, com alguma crítica e reflexão. Sem publicidade e sem patrocínios públicos ou privados. Desde janeiro de 2004.
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019
Bico calado
«Vice-presidente do Partido Aliança sob suspeita. Em causa está a alegada construção ilegal da casa de família e o pagamento de pareceres jurídicos [50 mil euros] com dinheiro da autarquia em benefício próprio. Carlos Pinto deixou a liderança da autarquia em 2013 e é agora um dos vice-presidentes do Partido Aliança, fundado por Pedro Santana Lopes. SIC.
«O antigo Pavilhão Atlântico custou 60 milhões de euros aos contribuintes, mas foi entregue por um terço desse valor ao genro de Cavaco Silva, numa negociata que envolveu o “Dono Disto Tudo”, Ricardo Salgado. Cristas tem noção de que este assunto pode mesmo arruiná-la, pois está a ser investigada pela Procuradoria-Geral da República. Foi neste contexto que subitamente surgiu a moção de censura, um dia após a reportagem ter sido transmitida.» Uma Página numa Rede Social.
A Cristas deve estar com as orelhas a arder a propósito do caso do Pavilhão Atlântico. Tubo de Ensaio/TSF 18fev2019.
Conselheiros do governo britânico receberam contratos no valor de milhões de libras em projetos nucleares fracassados, apesar de em alguns casos também assessorarem as empresas por trás desses mesmos projetos, conta o insuspeito The Times.
A Westmoreland Coal Co. faliu e a mina de Kemmerer, em Lincoln Country, Wyoming, vai ser vendida em leilão. Os mineiros vão para o desemprego e perdem os seus seguros de saúde. Common Dreams.
Empresas indonésias devem pelo menos 1,3 bilião de dólares em multas não pagas por danos ambientais causados por desflorestação generalizada e incêndios fatais ligados a dezenas de milhares de mortes prematuras, revela a Greenpeace com base em dados oficiais. AFP.
Relatórios sigilosos revelam como a maior fabricante mundial de dispositivos cardíacos fraudou licitações e estimulou cirurgias desnecessárias no Brasil durante 20 anos. Publica.
Ilhan Omar entrou em choque com o recém-enviado à Venezuela, Elliott Abrams, durante uma audiência na Comissão de Relações Externas da Câmara dos Representantes, discutindo o papel dos militares americanos na América Central. Abrams, colaborador do Departamento de Estado na administração Reagan, enfrentou várias acusações por mentir ao Congresso e violar a lei dos EUA como mentor do desastre Irã-Contra. A sua desonestidade destruía a presidência de Ronald Reagan através de um impeachment iminente. Abrams foi autorizado a declarar-se culpado por duas acusações reduzidas e mais tarde foi perdoado por George H.W. Bush, que temia o impeachment por causa do seu papel no Irã-Contra. Via MintPress.
Dois executivos da empresa que fretou o avião dos EUA que foi apanhado a contrabandear armas para a Venezuela foram referenciados a uma empresa de carga aérea que ajudou a CIA na entrega de alegados terroristas a centros de “locais negros” para interrogatórios. A revelação ocorre quando o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, rejeitou um comboio de "ajuda humanitária" dos EUA, por temer que possa conter armas destinadas a armar a oposição do país apoiada pelos EUA. MintPress.
«(…) Nunca ninguém se interroga por que razão nunca houve nada de parecido com a Operação Marquês ao longo dos extensos 48 anos de ditadura? Não havia corruptos nos altos lugares da nação? Não havia corruptos na União Nacional? Nenhum general, embaixador, deputado à Assembleia Nacional, ministro ou secretário de Estado, comandante da Legião ou graduado da Mocidade Portuguesa, nenhum governador colonial, bispo, “meteu a mão na massa”? Ou houve casos de corrupção que a Censura não nos deixou conhecer? Sem dúvida, como se vê nos cortes da Censura, do mesmo modo que escondia a pedofilia, as violações, os roubos, as violências, os suicídios. Mas a resposta é pior ainda: não havia corrupção porque não havia justiça para os poderosos do regime, e a pouca que havia era para os escalões intermédios para baixo. E, por isso, a corrupção entre os grandes da Situação, fossem políticos, com a mais que comum transumância da política para os negócios, decidida quase sempre pelo próprio Salazar, fossem os banqueiros e empresários do regime, estavam naturalmente protegidos porque ninguém sequer se atrevia a iniciar um inquérito. A excepção com os “ballets roses” foi um caso de costumes, e mesmo assim fortemente protegido pela Censura. Sim, meus caros “anti-sistémicos”, o Portugal ideal com que têm uma não-nomeada simpatia, era um regime profundamente corrupto e onde se escapava à punição muito mais eficazmente do que na democracia. A verdade é que, por muita malfeitoria que exista, os regimes democráticos são muito menos corruptos do que as ditaduras, ou os “paraísos anti-sistémicos”.» José Pacheco Pereira, in Chamar à democracia "sistema" e depois ser contra o "sistema" - Público 16fev2019.
«(…) A escola em causa é uma das três básicas de um agrupamento de um bairro de Lisboa. São três e aquela é a única que tem "os ciganos". É "a escola dos ciganos". Como é que uma mãe poderia querer que o seu filho fosse para "a escola dos ciganos"? Há aquela outra em que pais e mães se desunham para conseguir moradas - "funciona como uma privada" - e há a outra, a do meio, que é assim mais ou menos, mas não tem ciganos. Ninguém quer ir para "a escola dos ciganos". O rótulo está dado, o retrato está feito, ponto final parágrafo. É preciso entrar nos portões da escola em causa para perceber o que se passa lá dentro. Porque podemos entrar, essa é a primeira vantagem. O recreio é gigantesco, tem árvores que se pode trepar (bom, às vezes não, diz-me o pequeno que gosta de se esconder no meio das folhagens), tem um campo de basquetebol e outro de futebol, tem um relvado, tem um baloiço de pneu. Tem filhos de professores universitários, de jornalistas, de economistas, de geólogos, tem meninos sem pai nem mãe que vêm de uma instituição próxima, tem sotaques brasileiros, franceses, chineses. Tem professores homens e mulheres, tem professores brancos e negros. Tem pais que ajudam a tratar da horta - as alfaces já brotam e custam 20 cêntimos -, outros que tomam conta da biblioteca e desenham sereias às amigas que aparecem sempre juntas. O diretor reúne-se com os representantes das turmas para saber como se pode resolver os problemas da escola - eles têm entre 6 e 10 anos e, por isso, excelentes soluções. Na festa de final do ano juntamo-nos todos. Altos, baixos, magros, gordos, ricos, remediados, pobres, brancos, negros, indianos, chineses, ciganos. Nesta escola somos todos e por isso acredito que somos mais por causa disso. Que pena não haver um ranking para medir isto.» Rita Ferreira, in A "escola dos ciganos" está em que lugar no ranking? – DN 16fev2019.
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