terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Bico calado

  • «O espaço publicitário entre excertos da inquirição do ex-líder leonino vale ouro. Será que quem fornece o material o faz de graça? Quando veremos uma investigação do Ministério Público sobre isso? (...) Ora desde que a CMTV começou a transmitir os áudios dos interrogatórios do processo de Alcochete que entrámos em contagem decrescente para a divulgação do de Bruno de Carvalho: é bem possível que só essa perspetiva leve mais pessoas a sintonizar o canal. É possível até que este já esteja a leiloar o espaço publicitário correspondente. É igualmente possível – muito provável até – que, tal como se suspeita ser o caso no processo e-Toupeira, no qual dois funcionários judiciais estão acusados de terem fornecido elementos reservados ou em segredo de justiça a um responsável do Benfica com a contrapartida de “atenções”, haja quem na justiça receba “atenções”, do tipo material, pelo fornecimento dos interrogatórios do caso de Alcochete. (...) Entregar o interrogatório judicial de Bruno de Carvalho a um canal é como entregar-lhe malas de dinheiro. Ou seja, é financiamento por via de atividade criminosa. (...)» Fernanda Câncio, in Quanto vale o interrogatório de Bruno de Carvalho?DN 2dez2018.
  • «Na entrevista de hoje ao DN, Isabel Jonet lança o alerta: «há outra vez mais gente endividada, com salário penhorado, sem subsídio de desemprego». Isto porque, segundo a presidente do Banco Alimentar, «a recuperação económica que houve não chegou às famílias mais pobres», apesar de «algumas melhorias em abonos». «Aquilo que eu noto», acrescenta, «é que nos últimos meses sentimos como que algum agravamento da situação das famílias mais carenciadas». Curiosamente, o INE divulgou também hoje os resultados do Inquérito ao Rendimento e Condições de Vida, que dá conta da redução do risco de pobreza de 19,0 para 17,3% entre 2015 e 2017, com uma diminuição igualmente significativa no universo das formas mais extremas de carência: a população em situação de privação material severa passa de 9,6 para 6,9%, numa quebra que ronda as -283 mil pessoas (estimando-se que este indicador atinja os 6,0% em 2018). A presidente do Banco Alimentar poderia de resto olhar para as estatísticas da instituição que dirige e que convergem com os indicadores oficiais. Entre 2015 e 2017 o número de beneficiários do BACF diminuiu em cerca de 66 mil (-15,2%), passando o peso relativo do número de pessoas assistidas na população total de 4,2 para 3,6%. Com uma entrevista concedida na véspera de mais uma campanha de recolha de alimentos, é de admitir que Isabel Jonet tenha considerado a necessidade de «forçar a nota» (mesmo que à custa da deturpação da realidade), para melhorar o fund raising (ou food raising, melhor dizendo). O que, convenhamos, não deixa de alimentar a suspeição de que os «objetivos» empresariais do BACF se sobrepõem, uma vez mais, à alegada «causa» a que a instituição se dedica.» Nuno Serra, in Ladrões de bicicletas. No Reino Unido a hipocrisia é semelhante ou até pior: a deputada conservadora Claire Perry apareceu a patrocinar a criação de mais um banco alimentar, quando o seu currículo como política foi deste tipo: sempre contra a subida do salário mínimo, contra subsídios para a habitação social, sempre contra a criação de emprego para os jovens
  • Francisco Serrano foi o primeiro deputado do Vox por Andalucía eleito para o parlamento regional. O mesmo que, em 2011 fora condenado pelo Supremo Tribunal  a 10 anos de incapacidade profissional por, na qualidade de juiz de Família, ter prevaricado num processo em que se julgava a custódia de um menor. La  hora digital.
  • Um grupo de colonos israelitas incendiou cerca de 100 oliveiras de agricultores palestinianos perto de Nablus, conta o World Bulletin.
  • Um rato invadiu um multibanco na Índia. Roeu e comeu notas no valor de 18 mil dólares. Técnicos que recuperaram a máquina encontraram-no morto. Reuters.

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