sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Reflexão – «Não é uma outra cápsula descartável de café que vai salvar o mundo»


«Até mesmo o plástico marinho é em grande parte um problema das pescas. Acontece que 46% do lixo do Grande Pacífico - que passou a simbolizar a nossa sociedade descartável - é composto de redes descartadas, e grande parte do restante consiste em outros tipos de equipamentos de pesca. Materiais de pesca abandonados tendem a ser muito mais perigosos para a vida marinha do que outras formas de resíduos. 
Quanto aos sacos e garrafas que contribuem para o desastre, a grande maioria surge em países mais pobres, sem bons sistemas de recolha e reciclagem. (…)

Uma famosa ambientalista publicou uma foto dos camarões-rei que tinha comprado, celebrando o facto de que tinha conseguido convencer o supermercado a colocá-los no seu próprio saco, em vez de ser num saco plástico, e relacionando isso à proteção dos mares. 
Mas comprar camarões provoca muitos mais danos à vida marinha do que qualquer plástico em que são embrulhados. A pesca do camarão tem as maiores taxas de capturas acessórias de qualquer pescaria - arrastando um grande número de tartarugas e outras espécies ameaçadas. A aquacultura de camarão é igualmente ruim, eliminando vastas áreas de floresta de mangue, berçários cruciais para milhares de espécies. 

Têm-nos mantido ignorantes sobre este tipo de questões. Como consumidores, estamos confusos, enganados e quase impotentes - e o poder corporativo tudo tem feito para nos convencer de que estamos assim.» 

George Monbiot, in The Guardian 6set2018.

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