quarta-feira, 11 de abril de 2018

Reflexão – Mineradora suíça polui e viola direitos humanos no Perú; governo suíço sabe e nada faz

Imagem captada aqui.

A mineradora suíça Glencore opera três minas de cobre e ouro em Tintaya, Antapaccay e Coroccohuayco, em Espinar, Peru. Apesar dos lucros declarados de 5,78 biliões de dólares, a Glencore não só deixa atrás das suas operações um cenário de caos e destruição ambiental de solos, linhas de água e aquíferos contaminados, como regista uma vergonhosa herança de doenças contraídas e mortes causadas devido à exposição das comunidades locais a toda a contaminação.

Em 2012 eclodiram confrontos aquando da abertura da mina de Antapaccay, tendo-se registado 3 mortos e 100 feridos. O presidente da autarquia local, que apoiava os protestos dos camponeses espoliados das suas terras e com as suas águas contaminadas por mercúrio, cianeto, cádmio e arsénio, acabou por ser detido temporariamente. O governo do Perú esteve sempre conivente com a mineradora, tanto neste caso como em outros. 

Junto da mina de Antapaccay vivem cerca de 1200 pessoas, todas pobres, sem eletricidade e sem água corrente em suas casas. A aldeia que foi atacada tem um poço e um rio próximo que a mina quer controlar e desviar para as suas operações. O ataque intimidatório foi levado a cabo por 30-50 agentes de segurança e polícias contratados equipados com material anti-motim. 
O objetivo deste bullying constante é expropriar os agricultores da sua água, sem os indemnizar. A mineração exige muita água e a Glencore não só não quer pagar a água que gasta nas suas operações como ainda por cima contamina a água com metais pesados tóxicos. A Glencore nem sequer oferece aos agricultores habitação alternativa. As mulheres tentaram apresentar queixas na polícia, mas esta não as ouve. 
As pessoas contraem muitas doenças e muitas acabam por morrer por exposição ao ar contaminado. A corrupção grassa na polícia, nos advogados, nos juízes, nos políticos, nos médicos, nos enfermeiros e nos laboratórios da zona. Há três meses, dois indivíduos entregaram amostras do seu sangue e urina para análises a metais pesados. Os resultados das análises ainda não foram entregues, e provavelmente nunca o serão porque revelariam a presença de resíduos tóxicos.
Aquela comunidade sofre de doenças de pulmão, de articulações, perda de memória, falta de concentração e fadiga extrema. A Glencore não disponibiliza assistência médica e quando os mineiros ficam doentes, protestam ou morrem são imediatamente repatriados para as suas regiões de origem para não provocarem mais problemas em Espinar. Por isso, será legítimo concluir que a Glencore paga a médicos, enfermeiros e laboratórios para não revelarem o nível de toxinas que eles detetam nos corpos das vítimas.

Em 2014, uma delegação parlamentar suíça visitou a mina de Glencore em Espinar. O anúncio da visita foi feito com grande antecedência, pelo que a mineradora teve imenso tempo para fazer limpezas, evitando eventuais protestos. A delegação reuniu com o antigo presidente da Câmara, que defendia a população e lhe forneceu dados sobre a realidade da situação. Durante os dois dias da visita, a delegação foi apaparicada pela Glencore, sendo o relatório para o parlamento convenientemente favorável. 


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