Lagoa
Rasa, Flores, Açores. Foto: 9 Imagens – Audiovisual Açores 20nov2014.
O ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, disse que a conservação da natureza deve ser encarada não só como uma questão de dever mas também de oportunidade económica.
«Ainda não conseguimos encontrar uma forma suficientemente eficiente para colocar o valor económico da biodiversidade no preço final de todos os produtos e processos», salientou o ministro, apontando que essa tarefa já foi cumprida nas alterações climáticas, nos resíduos e na água.
A ideia de que a aposta na conservação da natureza representa um obstáculo ao desenvolvimento é anacrónica. admitiu Jorge Moreira da Silva, na cerimónia que marcou o início das comemorações dos 30 anos da Quercus.
Sublinho o que o ministro do Ambiente disse: « Ainda não conseguimos colocar esse valor no preço final dos produtos e dos processos e no dia em que o conseguirmos fazer estaremos em condições de remunerar esses serviços e quem vive nessas áreas passa a ter mais vantagens do que inconvenientes».
Embora não tenha referido o conceito, o ministro fala aqui de «economia verde». E, sobre o assunto, convém recordar o que Esther Vivas escreveu no Público de 17jun2012, citado pelo Ambiente Ondas3:
«O objetivo da economia verde é promover negócio com a natureza e a vida, é fomentar a neocolonização dos recursos naturais, aqueles que ainda não estão privatizados, e tentar transformá-los em mercadorias de compra e venda. Os seus promotores são precisamente aqueles que nos conduziram à situação de crise em que nos encontramos: as grandes multinacionais, com o apoio ativo de governos e instituições internacionais. As prinicipais empresas que promovem a economia verde são as mesmas que monopolizam o mercado da energia (Exxon, BP, Chevron, Shell, Total), da agro-indústria (Unilever, Cargill, DuPont, Monsanto, Procter&Gamble), das farmacêuticas (Roche, Merck), da química (Dow, DuPont, BASF).»
Já agora, convém também recoradar o que, entre outras coisas, Jeff Conant escreveu no Yes Magazine de 23ag2012, citado pelo Ambiente Ondas3:
«As atuais regras dos mercados mostram que os preços dependem da procura e da oferta, isto é, da escassez; se o petróleo escasseia, o seu preço sobe, e vai acontecer o mesmo com a “economia verde”; se atribuirmos um preço às florestas, à biodiversidade, a outros bens comuns, esses preços vão subir conforme a sua escassez, e isso interessa muito aos investidores porque quanto maior for a escassez dos serviços de ecossistemas mais valor terão; em vez de estender o poder dos mercados à natureza, uma verdadeira economia verde significaria a inversão da sua mercantilização e financialização, a redução do papel dos mercados e do setor financeiro e o reforço do controlo democrático sobre os bens comuns ecológicos do mundo.»
1 comentário:
Sobre este tema, reler artigo de George Monbiot, no The Guardian de 15mai2018, aqui no blogue de 17mai2018.
https://onda7.blogspot.pt/2018/05/reflexao-impactos-da-atribuicao-de.html
Enviar um comentário