Há cada vez mais startups norte-americanas, incluindo a Make Sunsets e a Stardust, a tantar comercializar a geoengenharia solar, a prática de diminuir a intensidade da luz solar através da libertação de partículas refletoras na estratosfera. A Make Sunsets já lançou balões com dióxido de enxofre sem aprovação regulatória, enquanto a Stardust arrecadou US$ 75 milhões para desenvolver uma nova partícula patenteada que, segundo ela, será mais segura do que o enxofre. A rápida comercialização dessa intervenção climática altamente controversa está a despertar o escrutínio do governo e a preocupação mundial.
Há muito que a geoengenharia solar existe à margem da ciência climática devido a receios de conflitos geopolíticos, perturbações climáticas e riscos morais. Os governos não têm estruturas regulatórias específicas, e vários estados dos EUA já emitiram proibições. Investigadores académicos têm repetidamente interrompido experiências ao ar livre na sequência da reação negativa do público, criando espaço para que atores privados avancem mais rapidamente — e com muito menos supervisão.
Teoricamente, a geoengenharia solar poderia arrefecer o planeta de forma rápida e barata, reduzindo potencialmente o calor extremo e os danos climáticos — mas também corre o risco de alterar os padrões de precipitação, agravar a poluição atmosférica, prejudicar os ecossistemas e criar tensões geopolíticas irreversíveis. A implantação privada não regulamentada levanta profundas preocupações de justiça: as ações tomadas por uma única empresa ou bilionário poderiam afetar o clima de todas as regiões, minando a governança global e desviando a atenção da redução das emissões. Uma supervisão eficaz é essencial para evitar que uma ferramenta de último recurso arriscada se transforme numa corrida comercial.
O ministério do Ambiente dos EUA está a investigar a Make Sunsets, e mais estados dos EUA estão a considerar proibições. A Stardust planeia publicar dados científicos e avançar para testes ao ar livre assim que as regulamentações forem aprovadas. Órgãos internacionais — incluindo a ONU — enfrentam novos apelos por regras globais, enquanto os governos avaliam se devem proibir a prática por completo ou criar caminhos de pesquisa controlados. A pressão está a aumentar para uma governança coordenada antes que os atores comerciais ampliem as suas experiências.

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