“O regime aprovado pelo Governo que permite construir em solo rural é um dos maiores crimes cometidos por esta classe que nos governa – sim, deixemo-nos de infantilidade, governos representam classes – e que representa de facto menos de 1% da população, disposta a pilhar tudo para garantir os seus investimentos. Oeiras está no topo desta catástrofe urbanística, mas que se estende, claro, ao Porto, Lisboa, etc. A lei permite construir em solos que são fundamentais para a agricultura. Oeiras, a par de Beja, têm solos com capacidade para produzir por exemplo cereais, a base agrícola de qualquer sociedade. O que vamos ver é mais umas centenas de patos-bravos a construir casas para especulação, para garantir a remuneração dos acionistas bancários, casas que em nada vão resolver o problema da habitação, pelo contrário vão colocar mais casas no mercado para vender a investidores estrangeiros que aqui não vão sequer habitar. É um crime ecológico porque é um crime social, que nos coloca ainda mais em risco e faz do país todo uma Albufeira.
Os nossos filhos não conseguem comprar casa não é por falta de casas. Portugal tem casas a mais. Não conseguem porque a burguesia portuguesa, que hoje é fundamentalmente um braço de remuneração da banca alemã e francesa, resolveu, depois de 2008, especular com a habitação permitindo que estrangeiros não residentes adquiram casas. Se eu manhã for ao supermercado e comprar tudo o que ali se vende e guardar para a semana que vem vender pelo dobro, deixando os meus vizinhos com fome isso é um crime, como é um crime comprar uma casa para não ser habitada, apenas como poupança especulativa.
Isaltino, Moedas, entre outros, estão no topo destas políticas. Aliás Isaltino não finge sequer, Oeiras chama-se agora Oeiras Valley. É uma classe dirigente que se chama a si própria em forma de mercadoria e em inglês. Gente que nos coloca, a nossa vida e dos nossos filhos, à venda. É mais um exemplo de como o lucro destrói a riqueza e a vida.
As audições parlamentares não vão impedir isto, como não impedem urgências fechadas para alimentar as urgências privadas, como não impedem horários de trabalho de 6 dias por semana.
Ou há movimentos sociais cívicos ou este país será destruído em nome dos investimentos de 1%."
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