Perante temporadas de esqui cada vez mais curtas e irregulares, a Cetursa e o Presidente da Andaluzia Moreno Bonilla pedem o dobro da água a extrair do rio Monachil para produzir mais neve artificial. O argumento oficial é que isso não terá qualquer impacto ambiental. Para o governo regional, a operação não agravará a crise hídrica que a região atravessa devido a uma seca quase crónica, porque a água extraída volta mais tarde ao circuito, um argumento que é refutado pelos especialistas. Os peritos refutam-no. De acordo com um relatório recente do Observatório das Alterações Globais da Serra Nevada, o manto de neve está a diminuir há 40 anos. Ricardo Aliod, professor de Engenharia Hidráulica e de Rega na Escola Superior de Agrónomos de Huesca e membro da Fundação Nova Cultura da Água, adverte que o argumento da Junta omite que parte da neve não derrete, evapora-se e perde-se na atmosfera, não é recuperada. "Na Serra Nevada, esta sublimação situa-se entre 15 e 20 por cento. Por outro lado, acrescenta Alido, "os regressos não vão necessariamente para o mesmo leito de onde partiram". Por conseguinte, a ideia de que, uma vez derretida, a água regressará ao leito do Monachil é errónea.
Rafael Seiz, da WWF, adverte que a precipitação está a concentrar-se em menos semanas e em maior volume no início da primavera e isto significa que o aumento das captações de água no inverno a partir das zonas de cabeceira pode ter um efeito negativo mais grave e intenso, reduzindo os caudais nos meses mais importantes. E sublinha que as regras de gestão da água em vigor em Espanha dão prioridade ao abastecimento urbano (água da torneira), seguido da irrigação (produção alimentar) e dos usos industriais, como a produção de energia. "Os usos recreativos estão no fim da lista e deve entender-se que a produção de neve artificial para uma estância de esqui é um uso recreativo enquanto tal", conclui.
Andrés Actis, Climática.
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