sexta-feira, 4 de outubro de 2024

BICO CALADO

Toby Melville/Reuters

  • “(…) Em Paris, a equipa de natação chinesa ganhou 12 das 40 medalhas de ouro atribuídas, um feito notável. O nadador chinês Pan Zhanle bateu o recorde do mundo nos 100 metros livres masculinos. Os nadadores chineses venceram a estafeta de 4x100 metros medley masculina. Mas os seus feitos foram manchados pelo ceticismo devido a uma controvérsia sobre doping que voltou a surgir nos media em abril, alguns meses antes dos Jogos Olímpicos de Paris. A campanha de difamação contra a China incluiu um documentário produzido na Alemanha, vários artigos no New York Times, bem como jornais franceses, que criaram uma tempestade mediática. A campanha centrou-se nas alegações de dopagem em 2021, quando metade dos 23 nadadores olímpicos chineses enviados para os Jogos Olímpicos de Tóquio acusaram positivo a trimetazidina (TMZ), um medicamento para o coração que é proibido no desporto olímpico. Todos os nadadores com resultados positivos eram de diferentes partes da China e tinham diferentes treinadores. Os nadadores chineses que estavam hospedados em hotéis diferentes não apresentaram resultados positivos. A CHINADA constatou também que o TMZ estava presente nas condutas de ar do hotel e nos balcões da cozinha. Todos os nadadores foram autorizados a competir. A CHINADA comunicou as suas conclusões à Agência Mundial Antidopagem (WADA). O relatório não foi tornado público porque se verificou que os atletas não tinham feito nada de errado. A Agência Antidopagem da China, CHINADA, conduziu uma investigação e descobriu que os resultados positivos se deviam à contaminação da comida do restaurante, especialmente da carne picada. Os 23 atletas tinham estado todos alojados no mesmo hotel, comido na mesma sala de jantar e todos tinham comido refeições confecionadas com o mesmo ingrediente. Alguns dos nadadores tiveram resultados positivos num dia, negativos no dia seguinte e positivos no dia seguinte, e assim sucessivamente. Concluíram que estes resultados flutuantes não eram consistentes com dopagem deliberada, mas mais provavelmente com contaminação acidental. Na sequência das reportagens do NYT, os nadadores norte-americanos Michael Phelps e Alison Schmidt, medalhados de ouro, bem como Travis Teigart, diretor da Agência Antidopagem dos EUA (USADA), vão testemunhar perante uma subcomissão do Congresso. A WADA analisou a investigação da CHINADA e não encontrou qualquer razão para contestar os resultados. No entanto, os EUA subiram a parada da sua campanha anti-China em agosto, quando o Congresso apresentou um projeto de lei para reter o financiamento da WADA e o FBI lançou uma investigação criminal à organização. Entretanto, foi noticiado que os EUA permitiram que os seus próprios atletas competissem apesar de terem violado as regras antidopagem. A Reuters noticiou a 17 de abril que, entre 2011 e 2014, a agência antidopagem dos EUA, a USADA, permitiu que vários atletas que tinham testado positivo continuassem a competir em troca de servirem como informadores de dopagem infiltrados. A USADA alegou que a WADA assinou este acordo, mas a WADA negou, afirmando que, quando tomou conhecimento da prática em 2021, disse à USADA para a interromper imediatamente. De acordo com o relatório da Reuters, pelo menos três atletas norte-americanos foram autorizados a continuar a competir apesar das violações de doping. A WADA foi pressionada pela USADA para não tornar pública esta informação. Outra duplicidade de critérios é a utilização pelos atletas de medicamentos com isenção de uso terapêutico (TUE) para tratar doenças como a asma. Em 2015, a AMA registou mais de 1000 isenções de uso terapêutico. Cerca de 69% destas foram concedidas a apenas três países: EUA, Austrália e França. Um relatório publicado no Scandinavian Journal of Medicine and Science in Sports concluiu que mais de 80% dos participantes olímpicos em desportos de resistência são diagnosticados com asma e 20% de todos os atletas dos Jogos Olímpicos sofrem desta doença. Em 2019, a asma afetou 3,4% da população mundial. O nível relativamente elevado de utilização de AUT entre os atletas europeus nunca é mencionado nos media. Yee afirmou que, embora a China não seja ‘nenhuma santa’, o mesmo nível de escrutínio mediático não é aplicado aos atletas norte-americanos. Os atletas chineses são testados com muito mais frequência do que os seus pares norte-americanos ou britânicos. Desde janeiro, cada um dos 31 membros da equipa de natação chinesa foi testado 21 vezes por diferentes organizações antidopagem. Pan Zhanle, da China, foi testado 20 vezes nos últimos meses. Qin Haiyang, que detém o recorde dos 200 metros bruços, afirmou que os testes vigorosos foram concebidos para perturbar o seu ritmo de treino. Em contrapartida, os nadadores norte-americanos foram testados apenas seis vezes e os australianos apenas quatro vezes, em média. ‘O racismo e a duplicidade de critérios são muito óbvios. Os EUA estão envolvidos numa guerra informativa e psicológica contra a China’, afirmou Yee. Os Jogos Olímpicos deveriam ser uma oportunidade para os países mostrarem as capacidades e aptidões atléticas dos seus cidadãos. No entanto, para proteger a sua hegemonia económica, militar e desportiva, os EUA estão a utilizar os Jogos Olímpicos como parte da sua guerra fria cultural contra a China. Coral Wynter, Os EUA levam a cruzada anti-China para os Jogos OlímpicosGreen Left.
  • “(…) A medida de redução do IRC põe o patronato todo contente e todos os ideólogos do liberalismo económico a aplaudir, mas o PS e a esquerda apontam-lhe a provável ineficácia (beneficiaria essencialmente grandes empresas, que não precisam destas ajudas) e a degradação perigosa da receita do Estado, sem benefício social que justifique o risco. (…) quer os temas em discussão quer a forma de os debater focam-se nos efeitos da luta partidária pelo poder, no perigo de abertura de uma crise política, no que pode ganhar a economia (leia-se, no que podem beneficiar as empresas), no proveito fiscal que pequenas partes da população podem obter e em alegadas “profundas” diferenças ideológicas. Nesse debate estão interessados os políticos, empresários, os gestores, os jovens que ganham salários acima de 1500 euros, mas nada disso, na verdade, diz respeito à generalidade dos trabalhadores, pois quase nada ganham com o que está em causa - na verdade, nem sequer estão representados com força suficiente em todo este debate. (…)” Pedro Tadeu, O orçamento interessa aos trabalhadores?DN 2out2024.
  • (…) chegar aos 75 anos e ser considerado pelo Estado de Israel persona non grata é motivo de orgulho, é um carimbo de decência no passaporte da vida. Guterres está do lado certo, contra o mais bárbaro dos Estados hoje, que semeia a guerra e a destruição inclemente e nos ameaça a todos, todos os dias. (…)” Raquel Varela, A leitura do mundo, virando-o dos pés para a cabeça.

Mustafa Yalçın – Anadolu Agency

  • A Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa designou oficialmente o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, como "prisioneiro político". A moção foi aprovada com 88 votos a favor, 13 votos contra e 20 abstenções. A moção sublinha que a liberdade de imprensa é fundamental para o funcionamento dos Estados democráticos e congratula-se com a libertação de Assange, reconhecendo o seu papel na divulgação de informações que revelam potenciais violações dos direitos humanos e crimes de guerra. A moção critica as autoridades britânicas por não terem protegido a liberdade de expressão de Assange e insta os EUA a reformarem as suas leis de espionagem, que conduziram a acusações graves contra o jornalista. Fonte.
  • “Sou acusado de parcialidade pró-Palestina como jornalista. Sejamos claros. Quando vemos crianças a serem mortas à nossa frente. Quando amigos íntimos são despedaçados com os seus filhos. Quando se perdem mais de 100 membros da família alargada e colegas... Não se pode ser ‘objetivo’, mas pode-se dizer a verdade.Robert Inlakesh.
  • O ministro Paulo Rangel invocou motivos de agenda para não receber Francesca Albanese. A relatora especial da ONU para os territórios palestinianos ocupados está em Portugal e defende que o Governo tem de ser coerente com o o seu voto na Nações Unidas. Mariana Mortágua diz que a ausência de Rangel na audiência no Ministério é mais uma das contradições do Governo português nesta matéria. Fonte.
  • A Câmara Municipal de Espinho terá pagado 140 mil euros pelas despesas da Festa em Honra da Nossa Senhora da Ajuda, assim distribuídas: 80.100 euros (promoção e dinamização dos espetáculos musicais), 19.950 (iluminações decorativas de rua), 19.750 (aquisição de 10 quiosques de madeira) e 19.350 euros (espetáculo pirotécnico). Maré Viva de 2out2024.

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