sexta-feira, 4 de outubro de 2024

LEITURAS À MARGEM

White Trash - A história não contada de 400 anos de classes na América (30)

“Priddy recrutou Arthur Estabrook, da Carnegie Institution, para a sua campanha, conseguindo que ele apresentasse nos tribunais da Virgínia a sua opinião especializada sobre testes de inteligência. Mas este colega de Davenport espalhou a mensagem eugénica de outra forma. Em 1926, Estabrook publicou Mongrel Virginians, um estudo de uma comunidade isolada das montanhas da Virgínia conhecida como a tribo Win. Os Wins apresentavam um caso curioso de consanguinidade e reprodução inter-racial; eram de 'raças mistas, nem negros nem brancos'- em grande parte índios. O retrato era arrasador: a comunidade descrita por Estabrook sofria de uma ignorância congénita, tudo isto devido à licenciosidade das mulheres mestiças. O seu hábito de procriação era, nas suas palavras, 'quase o de um animal na sua liberdade'.

As provas apresentadas em Mongrel Virginians foram suficientes para garantir a aprovação da Lei da Integridade Racial de 1924, que proibia os casamentos entre negros e brancos e não tratava o sangue índio de forma diferente do sangue negro. (...) No fundo, os legisladores da Virgínia acreditavam ter imunizado a população contra a mestiçagem no altar. Pararam o contágio que passava dos negros e dos índios para os brancos pobres e, subindo na hierarquia, para a classe média e as elites brancas desprevenidas."

Nancy Isenberg, White Trash – The 400-year untold history of class in America. Atlantic Books 2017, pp 200-201.

Sem comentários: