sábado, 27 de julho de 2024

BICO CALADO

  • "Chamar Volta a Portugal à principal prova de ciclismo do país é já só uma força de expressão. Os ciclistas nem percorrem agora todas as regiões de Portugal e até andam cada vez mais de autocarro, porque a localidade de partida, no dia seguinte, é quase sempre diferente da do sítio da chegada. Este ano, por exemplo, os ciclistas pedalarão, a partir de hoje, 1.540 quilómetros, mas serão transportados em viaturas por mais 763. A ‘culpa’ é da organização que define os percursos em função das autarquias que abrem os ‘cordões à bolsa’ com dinheiros públicos. O PÁGINA UM contabilizou, só no ano passado, 16 contratos entre autarquias e a empresa organizadora (Podium Events) no valor total de quase 860 mil euros, ultrapassando um milhão se se incluir IVA. Este ano o valor deverá ultrapassar a fasquia de um milhão, uma vez que a Santa Casa da Misericórdia vai, com 310 mil euros por edição, passar a patrocinar a ‘camisola branca’. À conta dos pagamentos com dinheiros públicos – num evento que conta com dezenas de patrocinadores privados –, Lisboa só vai ser a meta da etapa desta quinta-feira porque a Junta de Freguesia de Marvila ‘despachou’ 90 mil euros. (…) O município da Guarda pagou 140 mil euros, havendo mais seis autarquias que pagaram, para ver os ciclistas a terminarem ou a começarem etapas, valores acima dos 75 mil euros, a saber: Loulé (85.000 euros), Viana do Castelo (83.500 euros), Castelo Branco, Fafe e Montalegre (80.000 euros, cada um), Mondim de Basto (79.950 euros) e Covilhã (52.500 euros). Com verbas mais modestas para patrocinar a Volta a Portugal adiantaram-se ainda as autarquias de Paredes (40.000 euros), Abrantes (25.000 euros), Anadia (20.325 euros), Penamacor (20.000 euros), Ourique (12.500 euros, embora a etapa tenha partido de Sines). A Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo deu um patrocínio de 15.000 euros. No total, a Podium Events – que organiza este evento desde 2001, embora com outra denominação antes de 2013 – recebeu, via municípios, quase 860 mil euros de dinheiros públicos." P1.
  • Israel não deve participar nos Jogos Olímpicos de Paris, afirmou o presidente do Comité Olímpico Palestiniano, Jibril Rajoub, instando o Comité Olímpico Internacional (COI) a reconsiderar a sua decisão e a sensibilizar o mundo para as atrocidades cometidas em Gaza. Rajoub disse que Israel perdeu o direito de competir nos Jogos Olímpicos, tal como aconteceu com a África do Sul entre 1964 e 1988, durante o apartheid. Fonte.
  • Douglas Macgregor denuncia carnificina na Palestina. O testemunho de um médico é arrepiante (5:30-7:40).
  • “(…) Hoje, em Paris, a questão da pretensa neutralidade axiológica dos Jogos coloca-se uma vez mais, mas de forma renovada. Numa França em ebulição política e num mundo em implosão, as Olimpíadas serão, como sempre, um espelho geopolítico e uma plataforma para questionar as relações de poder. Motivos não faltam: o Comité Olímpico assume-se como autoridade moral global, mas esse propósito convive mal com a mercantilização imparável dos Jogos; Rússia e Bielorrússia foram excluídas por violarem as tréguas, mas o mesmo não acontece com Israel, que já bombardeou Gaza depois da entrada em vigor das tréguas, dia 19 de julho; Paris decretou um estado de exceção, com mecanismos experimentais de videovigilância por inteligência artificial, para já provisórios, mas que anunciam um futuro sinistro para as liberdades individuais. (…)” Pedro Adão e Silva, Não deem tréguas políticas aos Jogos – Público 26Jul2024.

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