- “(...) A máquina mediática ocidental, que controla os circuitos e conteúdos informativos transnacionais graças aos seus poderes económico-financeiros e tecnológicos, trabalha com métodos coloniais, mistura ostensivamente informação com propaganda, perdeu os escrúpulos perante a mentira, transformou-se num aparelho global de guerra, militarismo, expansionismo e dominação ao serviço das oligarquias de espectro global. (...) O grande pecado dos jornalistas, sobretudo desde o advento do neoliberalismo, foi o de quase terem deixado morrer, na prática, as suas associações profissionais, de não apostarem na solidariedade e na união de uma classe tão cobiçada pelos poderes – que não perdem uma oportunidade para fazer funcionar as suas estratégias de divisão, de chantagem e de exploração do oportunismo sabujo. (...) Jornalistas oportunistas, carreiristas, colaboracionistas e com mentalidade de capatazes sempre houve – situações que são comuns a todas as profissões. E as estruturas jornalísticas devem ter a coragem de fazer-lhes frente em vez de se conformarem, dia-após-dia, com os seus comportamentos, mesmo que ajam com as costas muito quentes. Os jornalistas têm leis do seu lado, que se sobrepõem, se invocadas, a quaisquer sistemas de organização e comportamentos internos que não as cumpram. O medo e a inércia induzem faltas de respeito e alimentam as pulsões patronais para violar as leis. (...) As chamadas publicações ‘de referência’ são uma armadilha, sobretudo na formação da opinião pública, um instrumento essencial e ‘elegante’das estruturas de poder e patronais. São propriedade de grandes grupos oligárquicos pretendendo convencer-nos de que dão inteira liberdade aos profissionais da comunicação, mesmo que, pontualmente ou não, a actividade destes lese os seus interesses – já se ouviram histórias da carochinha bem mais credíveis. Ao mesmo tempo, os jornalistas por eles contratados fazem de conta (ou chegam a acreditar) que têm inteira liberdade, ao mesmo tempo que as classes políticas e patronais os vão envolvendo em auras de credibilidade, qualidade profissional e sapiência. Cria-se e alimenta-se uma elite, uma aristocracia jornalística sofrendo de complexo de superioridade sobre os companheiros de profissão que não foram dotados com os seus skills (dotes, em linguagem da plebe), ou então que ousam ter opiniões diferentes da versão única, recorram a fontes plurais ou tenham até o desplante de criticá-la. Os jornalistas ‘de referência’, os iluminados conhecedores da política e dos jogos de poder, dos quais são íntimos e até actores, têm a União Europeia e a NATO na conta de infalíveis e inatacáveis, enfim são também eles pilares da ‘democracia liberal’. Pisam as alcatifas dos poderes, bebem do fino, no caso de se esmerarem na conquista de boas referências podem até ser contemplados com uma cadeirinha num qualquer conclave de Bilderberg, entre a nata conspirativa mundial. Porque têm atributos próprios da aristocracia, são jornalistas que não hesitam em atacar e difamar, nas suas prosas e dissertações, companheiros de profissão que se mantêm fiéis aos princípios da deontologia e teimam em ser independentes. O jornalismo foi minado pelo ‘jornalismo de referência’, instrumento do poder neoliberal globalista. O estado desprestigiado e desprestigiante a que o jornalismo chegou tem igualmente que ver, sem dúvida, com o papel divisionista e segregacionista representado por essa suposta elite, pelo seu desempenho na formatação da opinião única e na perseguição a quem não a segue, na descredibilização do jornalismo guiado pela deontologia e pela colagem letal aos poderes políticos e das oligarquias patronais.(...)” José Goulão, A miséria do jornalismo ocidental - Abril Abril.
- Putin condena a propaganda anti-China do bicho papão que o aliado de Trump, Tucker Carlson, vomitou na sua entrevista em Moscovo, enquanto zomba do ex-apresentador da Fox News por se candidatar para ingressar na CIA. Ben Norton.
- Palestinos não podem avançar para resgatar o menino porque os mesmos atiradores israelitas que atiraram contra ele e mataram a sua mãe estão atacando as equipas de resgate. Pode ouvir-se os atiradores disparando enquanto o resgate é concluído. Video.
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