Bico calado

11 de novembro de 1975: Pinheiro de Azevedo profere a célebre tirada ‘O povo é sereno, é só fumaça’

• O mural alusivo a Salgueiro Maia, um dos generais que liderou as forças revolucionárias no 25 de Abril de 1974, que ocupava uma das paredes da Avenida de Berna desde 2014 foi reinterpretado. Tamara Alves, Sara Fonseca da Graça (Petra Preta), Moami e Mariana Malhão são as artistas que dão vida ao “novo” Salgueiro Maia da Avenida de Berna, baseando-se no trabalho anterior de Vhils, Miguel Januário, Frederico Draw, Diogo Machado e Gonçalo Ribeiro. LPP.

• “(...) Há muito que os negócios do lítio e do hidrogénio eram objeto de críticas e de denúncias, não apenas relativamente aos erros das decisões e opções tomadas (designadamente pelo desprezo pelo ambiente e pelos direitos das populações e pela própria falta de viabilidade económico-financeira), mas também pelo modo obscuro como os grandes interesses envolvidos em tais áreas acabaram sempre, e reiteradamente no meio de toda uma particular opacidade, por ser protegidos e favorecidos. E claro que o cabal esclarecimento de todas essas situações não poderia ser eternamente adiado e impedido pelo amordaçamento dos cidadãos e dos seus movimentos cívicos e pelo insulto e pela perseguição aos jornalistas que procuravam investigar tais matérias. E é o cabal esclarecimento dessas situações (...) que todos temos agora o elementar dever cívico de exigir às autoridades competentes para a investigação. (...) E assim sendo, e tendo tal forma de actuação do Ministério Público conduzido – como era tão previsível quanto inevitável que conduzisse – à demissão do Primeiro-Ministro e à queda do Governo, não há agora alternativa a esta questão: ou as suspeitas do Ministério Público têm um mínimo de credibilidade e não podem deixar de, num processo justo e com as devidas garantias de defesa, conduzir a uma fundamentada acusação e depois a uma justa condenação, tendo António Costa que assumir as respectivas responsabilidades jurídico-penais e políticas; ou tudo isto não passou de autêntica “fumaça”, e o Ministério Público, a sua dirigente máxima e todos quantos com eles alinharam nesta operação de cerco e aniquilamento não poderão deixar de ser política e criminalmente responsabilizados pelos gravíssimos danos pessoais, sociais e políticos que causaram, até porque não é de todo admissível que, numa situação como esta (ou seja, se se vir que a pública imputação não tinha fundamento), o Ministério Público possa, num autêntico golpe de Estado, derrubar um Primeiro-Ministro e o seu Governo, sejam eles quais forem!” António Garcia Pereira, A propósito da demissão de António Costa – Notícias Online.

• Câmara de Lisboa: só este ano, contratos em assessoria política atingem os 1,8 milhões de euros. Página Um.

 

• O genocídio não é apenas de Israel; é vosso, e Haia não é suficientemente boa para você, Ursula von der Leyen. Clare Daly, eurodeputada.

• Israel está a ser processado no Tribunal Penal Internacional por genocídio em Gaza. L'Antidiplomatico.

• Ronald Smith, um condenado à prisão perpétua que trabalhava num grupo em Dixie, na Flórida, lembra-se de ter os tornozelos acorrentados enquanto usava uma lâmina para limpar as ervas daninhas dos canais cheios de cobras ao longo de plantação de cana-de-açúcar. “Se nos recusássemos a trabalhar, tínhamos de ficar em cima de uma caixa de madeira, ao sol. Chamava-se ‘fazer do espantalho’ e alguns desmaiavam de calor”, lembra. Esta não é uma lembrança de 1800, mas um relato de 1988, quando agentes penitenciários a cavalo penduravam espingardas calibre 12 sobre os ombros e repreendiam trabalhadores encarcerados enquanto trabalhavam no exterior. Embora a escravidão tenha sido legalmente proibida no país em 1865, a prática continua sob a forma de trabalhos forçados por prisioneiros, ocorrendo nos campos do Mississippi, Flórida, Louisiana, Arkansas, Texas, Pensilvânia, Nova York e muitos mais. E embora a Décima Terceira Emenda da Constituição dos EUA tenha abolido tecnicamente a escravatura, o acréscimo da frase “exceto como punição por um crime pelo qual a parte tenha sido devidamente condenada” significa que centenas de milhares de americanos estão atualmente escravizados – como punição por um crime. As plantações prisionais são agora comuns no sistema prisional, mesmo fora do Sul. O valor estimado das commodities produzidas é de cerca de US$ 2 biliões por ano. Os trabalhadores encarcerados são como servos contratados que não recebem salário, nem benefícios, nem proteções legais, e são punidos com confinamento solitário por incumprimento nos campos. Ryan Moser, JSTOR.