As imagens são surpreendentes: mês após mês, mostram-nos imagens de satélite onde uma porção cada vez maior de floresta tropical num hotspot de biodiversidade do Camboja desaparece.
“Como isso é possível?”, perguntamo-nos.
Para responder a essa pergunta, ao longo dos últimos três meses, os repórteres analisaram dezenas de documentos, debruçaram-se sobre dados e imagens de dois satélites diferentes e entrevistaram auditores, proprietários de projetos e governos. Descobrimos que regras pouco rigorosas e pouca transparência podem levar a grandes discrepâncias entre o que os projetos declaram nos seus relatórios de monitorização e o que pode ser visto através de imagens de satélite. E, mesmo quando mais de um quinto de uma floresta desaparece ou um projeto é encerrado, as suas compensações continuam a ser compradas e implementadas em planos climáticos.
Isto não se limita ao Camboja. Os repórteres analisaram projetos no Brasil e todos tinham um denominador comum: todos são supervisionados pela Verra, a principal certificadora de compensações do mundo. Verra está sob fogo desde o início deste ano, tendo o Guardian afirmado que até 90% das suas compensações de floresta tropical podem ser inúteis porque as ameaças às suas árvores são exageradas.
Mas a nossa investigação mostra que os riscos dos projetos que produzem “ar quente” não param por aí: quando uma maior desflorestação se materializa ao longo da vida de um projeto, pode ser subnotificada sem penalização e continuar a vender créditos altamente questionáveis.
Verra afirma que trabalha para “garantir padrões e processos de alta qualidade que tragam credibilidade e supervisão”, incluindo o refinamento de metodologias baseadas na melhor ciência disponível.
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