Bico calado
- “(...) A presidente da Comissão Europeia, a alemã Ursula
von der Leyen, apresentou há dias o discurso do estado da União Europeia no
Parlamento Europeu que não ultrapassou a vulgaridade entre a economia verde e
superioridade de valores morais e civilizacionais da Europa (que incluem,
recorde-se entre muitos outros, os que promoveram as chacinas das
cruzadas — quer as contra os cátaros europeus quer as das chacinas de árabes,
judeus e cristãos que se mantiveram de Jerusalém; a Inquisição, a invasão de
dois continentes, a da América, do Alasca à Patagónia e a de África; o
genocídio dos povos indígenas; o colonialismo iniciado na Conferência de Berlim
(em que o grande herói inglês é Cecil Rhodes, responsável, segundo estatísticas
inglesas, pela morte de cerca de 60 milhões de africanos e o herói europeu
continental é o rei belga Leopoldo II, que fez do Congo uma propriedade pessoal
e exerceu o mais feroz terror contra as populações nativas; duas guerras
mundiais já no século XX, a primeira desencadeada para obter vantagens com a
exploração de África decidida na Conferência de Berlim (1885/1886), a segunda
para defesa dos interesses dos grandes industriais alemães, franceses,
ingleses, italianos contra os trabalhadores e o receio do comunismo, e que
originou o nazismo e o fascismo. Valores europeus que incluem ainda o
mercantilismo: tudo é mercado e valor de troca. O valor sagrado é o lucro, é
extorquir o outro, e quanto mais melhor. (...) Quanto ao cerimonial do
Parlamento Europeu, tratou-se, pois, de um sermão para crentes, em que Ursula
Von der Leyen tanto surge nas fotos das agências com o fácies tenso de um
pregador na quaresma, a falar sobre o apocalipse, como aparece deliberadamente
fotografada com o halo angiográfico das estrelas da União sobre a cabeça: uma
virgem Santa que vem à Terra converter a Rússia em cacos. O Parlamento Europeu
passou a ser sucedâneo da Gruta de Lurdes, em França, e da Azinheira com
capelinha de aparições de Fátima, em Portugal! Estamos (ou continuamos no mundo
ditatorial da Fé! A comissão de Bruxelas presidida por Ursula Von der Leyen
assumiu o papel dos Três Pastorinhos de converter a Rússia, não ao catolicismo
romano, mas à ordem militar do Pentágono Americano e à ordem económica do Dólar
e da Reserva Americana (o FED)! (...) Os inimigos dos EUA passaram a ser os
inimigos da U E, logo, a UE passou a ter por inimigos os inimigos dos EUA, com
todas as consequências de abdicar de estabelecer alianças convenientes e
distintas, de ser autónoma e interlocutora com voz própria no mundo! Isto é, nas reuniões mundiais, a UE passou a sentar-se na
segunda fila, nos banquinhos dos assessores, dos ajudantes de campo, dos
conselheiros e dos adjuntos das delegações dos EUA. Bem analisadas as coisas, o
Euro, a emissão de uma moeda comum, deixou de fazer sentido. A moeda do império
a que a UE se submete é o dólar. Os ingleses sempre assim agiram. A Libra é um
dólar com a foto de um regente local com uma coroa na cabeça! As fontes de
energia e de matérias primas essenciais para as indústrias europeias passaram a
ser determinadas pelos EUA, quer pela autorização quer pela negação do
acesso — daí o domínio americano do Médio Oriente (onde a Europa não existe) e
a expulsão em curso dos Estados Europeus (da França em particular — dado os
ingleses serem sócios por parte dos Estados Unidos das zonas de África
produtoras de petróleo (energia) e de terras raras (caso do Congo, da Zâmbia e
até de Angola) de onde são extraídos os materiais indispensáveis para os novos
produtos de alta tecnologia. (…) A União Europeia a tudo se submeteu desde que
deixou Durão Barroso, o lacaio escolhido por Blair com a anuência de Bush Jr.
ser presidente da Comissão Europeia, abrindo o caminho que trouxe Ursula Von
der Leyen, a finalizadora do projeto de transformação da U E num animal doméstico
da Casa Branca. Este é o estado geral da União Europeia. (...)A União Europeia
era desde os “pais fundadores da “comunidade do carvão e do aço” e da CEE um
espaço de lealdade duvidosa para a estratégia dos EUA. O Reino Unido recebeu
com entusiasmo e competência a tarefa de minar a UE e as intenções de autonomia
desta no jogo de poder mundial. Tendo desempenhado o seu papel de Cavalo de
Troia com Tatcther, continuado por Blair e finalizado por Boris Johnson, com o
Brexit que a triste Theresa May teve de conduzir, a União Europeia estava no
ponto para decidir ser peão na estratégia de longo prazo dos EUA para tentarem
manter a sua hegemonia mundial. Para ser um peão entre outros peões: o grande
peão, o Reino Unido — o peão para o flanco norte da Europa e o cavalo de Troia
para minar qualquer veleidade de autonomia da U E; Israel, o grande peão do
flanco sul da Europa e Médio Oriente, para os trabalhos mais sujos que garantam
aos EUA o controlo do petróleo no antigo Crescente Fértil — a península arábica
e a faixa de se estende pelo que são hoje os estados da Arábia, e da sua
península do acesso ao mar Vermelho e daí ao Índico, da Síria, do Iraque e do
Irão. Israel, a ponta da lança dos Estados Unidos mantém uma guerra permanente
e de desgaste com os palestinianos, com os sírios, com o Irão. Faltava o ferro
da lança para atacar o centro da Europa e ameaçar a Rússia, o que Brezezinski
designou como o espaço da Euroasia — a velha rota de invasão europeia à Rússia,
a rota de Napoleão e de Hitler: dois líderes paranoicos. A União Europeia
ofereceu-se para esse papel de vassalo (numa terminologia aristocrática) ou de
sendeiro (em termos mais rudes) para realizar a terceira tentativa de destruir
a Rússia. (...) Deixem os pregadores da UE — da senhora Von der Leyen ao
chanceler alemão, de Sanchez de Espanha a Macron em França de falar de valores
e de antigas grandezas europeias! Ou façam-no apenas no dia das Bruxas, ou pelo
Natal, com desejos de Boas Festas, ou na celebração do dia em que a agente da
CIA Victoria Nuland, atual subsecretária de estado dos negócios estrangeiros do
governo de Biden, afirmou em Kiev durante a preparação do golpe da Praça
Maidan: Quero que a União Europeia se Foda! Fuck the European Union!,
disse a senhora de fino trato ao embaixador americano! (...) Eu dispenso-me de
participar na ratificação da capitulação. É um dos poucos direitos que me
restam: Recusar integrar o rebanho na entrada para o redil; recuso votar para
escolher gado para um rebanho que muge em uníssono, para um bando de aves que
voa todo na mesma direção atrás de um guia que ninguém garante saber para onde
vai, para uma multidão de ratos que segue o flautista de Hamelin até se afogar
no rio, para integrar excursões de peregrinos que acreditam em milagres da fé,
em vez da razão. (...)” Carlos Matos Gomes, Quanto vale a União Europeia? Vale mais ou menos que Israel?
Ou que o Japão? Ou que a Coreia do Sul? Ou que Taiwan? - Medium.
- O Consulado
Geral dos EUA em Cracóvia contatou os media polacos, oferecendo-lhes 50 mil
dólares para escreverem sobre os refugiados ucranianos e a sua jornada de
“retorno e reconstrução”. O objetivo do projeto é incentivar os media locais e
regionais polacos a fornecerem reportagens aprofundadas sobre o regresso das
famílias ucranianas da Polónia à Ucrânia, bem como sobre os seus esforços de
reconstrução social e física. A ONG polaca selecionada para o projeto
trabalhará em estreita colaboração com o pessoal da embaixada dos EUA, que terá
um envolvimento substancial na implementação da subvenção. Este
envolvimento inclui a revisão e aprovação da seleção de participantes,
formadores e decisões de premiação dentro do projeto. A ONG receberá uma doação
de 50 mil dólares e depois supervisionará a distribuição de parte do dinheiro
aos jornalistas polacos. Para
garantir o sucesso do projeto, a embaixada planeia organizar pelo menos uma ação
de formação para os jornalistas participantes que ensinará aos repórteres como
abordar o tema de uma maneira culturalmente sensível e informada sobre o
trauma, bem como criar histórias atraentes de interesse humano neste contexto. A
ação será conduzida por especialistas com experiência na intersecção entre
saúde mental e jornalismo em zonas de guerra. O projeto está programado para
durar um ano, mas o Departamento de Estado dos EUA reserva-se o direito de
estendê-lo se considerar necessário. Atualmente, a Polónia acolhe
aproximadamente um milhão de refugiados ucranianos. Inquéritos recentes mostram
que mais de 40% destes refugiados não pretendem regressar à Ucrânia, mesmo que
o conflito com a Rússia chegue ao fim. RT/ANR.
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