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terça-feira, 8 de agosto de 2023
Bico calado
“E se algum ou alguma dos e das coristas que matraquearam
vulgaridades e sopraram bolas de sabão sobre a Jornada Mundial da Juventude
tivesse perguntado qual a causa pela qual os jovens participantes estariam
dispostos a lutar? (…) Eu
perguntaria o que pensam os jovens católicos (em particular dos franceses) dos jovens
suburbanos que participaram nos incêndios e conduziram os motins de há um mês
nas cidades francesas. E o que pensam os jovens católicos (em particular
os norte-americanos) do embargo a Cuba, da invasão do Iraque, do Afeganistão, e
da Síria, esta que até tem uma respeitável comunidade cristã, e o que pensam os
jovens italianos sobre os migrantes do norte de África, e aos jovens de África
perguntaria o que pensam da extração de matérias-primas dos seus territórios
por grandes companhias ocidentais e assim por diante, incluindo o que pensam os
sul-americanos da desflorestação da Amazónia ou do genocídio dos indígenas. Havia
tantas perguntas a fazer aos jovens que vieram a Lisboa! Mas não. Os grandes
meios de comunicação não estão interessados nas causas das coisas, mas no
espetáculo das coisas. Reduziram a interpretação de um grande acontecimento
social e político ao mais rasteiro folclore. À semelhança, aliás, do que fazem
com o futebol, outro grande fenómeno social, um fenómeno social total, como as
religiões, motivador de emoções, gerador de grandes negócios, de interesses de
toda a ordem e que é reduzido pelos fabricantes de alienação a qualquer coisa
do género: vinte e dois tipos/as de calções a correr atrás de uma bola.
Perguntar a um jovem participante nas JMJ porque veio a Lisboa e ficar todo
contente ao ouvir a resposta: Ver o papa, equivale a interpelar um adepto do
futebol e perguntar-lhe porque veio e ele responder: Vim ver o Ronaldo. As
horas em que as câmaras de televisão seguiram o carro do papa são as mesmas em
que seguem o autocarro das equipas de futebol a caminho do estádio! Não é um
acaso, é uma estratégia de neutralização de questões. Não existe inocência nas
abordagens que a comunicação social de massas faz aos grandes eventos, nem sequer
a da incompetência dos repórteres e diretores de comunicação. O primarismo das
questões é deliberado, nem é novo, aliás. Comparar o papa da Igreja Católica a
uma estrela do futebol até tem antecedentes anedóticos aqui em Portugal, na
figura do comendador Santos da Cunha, governador civil de Braga, beato e
queirosianamente populista, que numa celebração do 28 de Maio de 1926 se virou
para Salazar e lhe atirou com esta pérola: «Vossa Excelência é o Eusébio do
governo!» Os atuais comunicadores, com Marcelo Rebelo de Sousa à cabeça não
desmerecem de Santos da Cunha bem poderiam ter dito: Vossa santidade é o Messi
da nossa Igreja! Mas a JMJ foi e é mais do que aquilo que as instituições de
poder político e religioso pretendem que os cidadãos dela se apercebam. A
mensagem do papa esteve e está em contra corrente da ideologia dominante no
Ocidente. Daí tudo ter sido feito para a silenciar debaixo do ruído
dos fait divers, das bênçãos das criancinhas e dos atiradores
nos telhados. A mensagem do papa Francisco nas Jornadas Mundiais da Juventude
centrou-se no “outro”, nos outros, na ideia de aceitar os outros, de servir os
outros, numa proposta de generosidade. Esta mensagem é herética, porque a
ideologia dominante no Ocidente é centrada no “eu”, no individualismo. Por isso a mensagem centrada no outro foi
diluída pelos intérpretes numa calda de vulgaridades e de ridículo que começou
logo com a sacudidela de Marcelo à chegada. Estava dado o mote pelo mais alto
magistrado da Nação Católica aos jovens católicos. O papa é um boneco. Pensem
no papa como uma representação do vosso mundo e não como um estímulo para
questionarem os seus fundamentos. (…)” Carlos Matos Gomes, A religião do
Ocidente não é a deste papa - Medium.
O
primeiro-ministro do Canadá entre 1921 e 1948, William Lyon Mackenzie King,
expressou alívio pelo facto de a primeira bomba atómica usada contra humanos ter
sido lançada sobre os japoneses e não sobre "as raças brancas da
Europa", de acordo com um diário de 1945. Os diários de 1944 e 1945 de
Mackenzie King, que morreu em 1950, aos 76 anos, foram tornados públicos em 2 de
janeiro 1976 após o termo de uma proibição de 30 anos à publicação de material
secreto do governo. Robert Trumbull, The New York Times 3 janeiro 1976.
"Conhecida como
o Reino Eremita, a península coreana - localizada na encruzilhada estratégica
da China, Japão e Rússia - estava isolada há mais de dois séculos e meio, após
repetidas invasões dos seus vizinhos. Em 1876, o Japão conseguiu forçar a
Coreia a assinar o Tratado de Kanghwa, abrindo três portos marítimos ao
comércio, acabando com o domínio chinês sobre a Coreia e concedendo ao Japão
direitos extraterritoriais para explorar os ricos recursos naturais do país. Outras
nações ocidentais, incluindo Estados Unidos, Grã-Bretanha, Alemanha, Rússia,
Itália e França, seguiram-lhe o exemplo. Seguiu-se um
período de rivalidade internacional pelo controlo da Coreia, com o Japão a
reivindicar a vitória depois de derrotar a China na Guerra Sino-Japonesa de
1895 e a Rússia na Guerra Russo-Japonesa de 1905. Como potência mundial
asiática em ascensão, o Japão logrou declarar a Coreia seu protetorado em 1905
e anexou-a formalmente em 1910. Embora os
Estados Unidos tivessem assinado o Tratado de Amizade e Comércio com a Coreia
em 1882, prometendo proteger a Coreia contra as hostilidades de outra nação,
não o fizeram. Isto porque o presidente Theodore Roosevelt havia assinado o
Tratado secreto de Taft-Katsura com o Japão em 1905, pelo qual os Estados
Unidos reconheceriam a hegemonia japonesa sobre a Coreia em troca da não
interferência do Japão nos assuntos dos EUA nas Filipinas." Erika Lee & Judy Yung, Angel Island, immigrant
gateway to America – Oxford University Press 2010, pp 178-179.
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