Bico calado
- «O Ministério
Público acusou um ex-vereador da Câmara de Espinho [QJ] e mais
três arguidos por suspeita de terem beneficiado uma empresa [ESSE]e a sua legal
representante, num caso relacionado com a ocupação de lugares de estacionamento
na via pública. Os factos ocorreram entre 2015 e 2020, durante o mandato de
Pinto Moreira (PSD) à frente do executivo daquela autarquia. Segundo a
Procuradoria, o Ministério Público (MP) considerou indiciado que dois dos
arguidos, um na qualidade de vereador da Câmara de Espinho e outro enquanto
técnico da Divisão das Obras Municipais, conluiados com a arguida representante
da sociedade, "instruíram e decidiram em favor desta, um pedido para
ocupação de lugares de estacionamento na via pública, sem que fossem pagas, na
sua totalidade, as taxas devidas". O MP diz que os arguidos "falsearam
o procedimento" como se apenas tivesse sido requerida e autorizada a
ocupação de um lugar e por período limitado de tempo, quando sabiam que se
tratava da ocupação de dois lugares e pelo período de 24 horas. A sociedade
arguida e a sua representante terão assim beneficiado ilicitamente da quantia
global de 10.867,10 euros por taxas não pagas entre os anos de 2015 e 2020,
valor este que o MP requereu que fosse declarado perdido a favor do Estado.» JN28abr2023.
- E se os
imigrantes decidissem fazer greve durante uma semana? Certamente que o modelo
económico lisboeta, alicerçado na exploração e na precariedade destes
trabalhadores invisíveis, desmoronaria. Entrevista de João Biscais a
Filipa Bolotinha, coordenadora da associação Renovar a Mouraria. Setenta eQuatro.
- Muitos
jornalistas têm menos conhecimentos de Economia do que se supõe e a sua análise
das opções orçamentais é tudo menos objetiva. As ideias de que “aumentar a
dívida pública é mau” e “cortar impostos é bom” são assumidas como verdades
universais, quando não o são. Vicente Ferreira, Setenta e Quatro.
- «O problema
secular das democracias é terem de tolerar e de viver com quem não é democrata
mas apenas se aproveita das suas liberdades e, na primeira oportunidade, em
podendo, trata logo de suprimir a democracia e a liberdade dos outros. Por isso
é que só depois de muitos e muitos anos, de várias gerações educadas na cultura
democrática, é que começamos a acreditar que ela está consolidada e é imune a
crises, a populismos ou a modas. A nossa democracia, que “apenas” tem 50 anos,
é um bom exemplo disso, continuando a ser uma democracia em processo de
educação colectiva e individual. Portanto, quando todos os anos se pergunta aos
portugueses se estão satisfeitos com o 25 de Abril, uma larga franja responde
que não, porque confunde a democracia e a liberdade de que goza — a razão
primeira do 25 de Abril — com a conjuntura económica ou com o seu bem-estar
pessoal, coisas com as quais os portugueses jamais estarão satisfeitos ou
acharão que lhes cabe alguma responsabilidade, mesmo após terem recebido 150
mil milhões de euros de ajudas europeias ao longo de 37 anos. (...) O Chega
mete dó e nojo, o VOX mete medo, porque tem um discurso estruturado, duro e
impiedoso, assente na História, e um programa de Governo que poderia começar a
executar amanhã. Mas do Chega, nem sequer os seus fiéis seguidores (...) são
capazes de apontar uma só ideia do que quer que seja em termos programáticos:
economia, saúde pública, educação, política externa, segurança social,
agricultura, ambiente. Nada. O Chega, além de estar de serviço permanente ao
racismo e ao combate aos imigrantes pobres, não passa de um guarda-nocturno da
política: recolhe a cada noite os despojos do dia, para então, vasculhando no
caixote do lixo, desencantar qualquer pequeno escândalo ou qualquer causa
populista, onde esgota toda a sua forma de estar e de “servir a pátria”. Eu
olhei para aqueles 12 alarves parlamentares, a quem a pátria, um por um, nada
conhece de recomendável, entretidos a insultar o Presidente do Brasil, e só não
me encolhi de vergonha porque, felizmente, Lula da Silva é bem mais inteligente
do que qualquer um deles e percebeu bem que feios, arruaceiros e maus cada país
tem os seus e cada democracia tem de tolerar os que tem.» Miguel Sousa Tavares,
Feios, arruaceiros e maus – Expresso.
Sem comentários:
Enviar um comentário