terça-feira, 2 de maio de 2023

Bico calado

  • «O Ministério Público acusou um ex-vereador da Câmara de Espinho [QJ] e mais três arguidos por suspeita de terem beneficiado uma empresa [ESSE]e a sua legal representante, num caso relacionado com a ocupação de lugares de estacionamento na via pública. Os factos ocorreram entre 2015 e 2020, durante o mandato de Pinto Moreira (PSD) à frente do executivo daquela autarquia. Segundo a Procuradoria, o Ministério Público (MP) considerou indiciado que dois dos arguidos, um na qualidade de vereador da Câmara de Espinho e outro enquanto técnico da Divisão das Obras Municipais, conluiados com a arguida representante da sociedade, "instruíram e decidiram em favor desta, um pedido para ocupação de lugares de estacionamento na via pública, sem que fossem pagas, na sua totalidade, as taxas devidas". O MP diz que os arguidos "falsearam o procedimento" como se apenas tivesse sido requerida e autorizada a ocupação de um lugar e por período limitado de tempo, quando sabiam que se tratava da ocupação de dois lugares e pelo período de 24 horas. A sociedade arguida e a sua representante terão assim beneficiado ilicitamente da quantia global de 10.867,10 euros por taxas não pagas entre os anos de 2015 e 2020, valor este que o MP requereu que fosse declarado perdido a favor do Estado.» JN28abr2023.
  • E se os imigrantes decidissem fazer greve durante uma semana? Certamente que o modelo económico lisboeta, alicerçado na exploração e na precariedade destes trabalhadores invisíveis, desmoronaria. Entrevista de João Biscais a Filipa Bolotinha, coordenadora da associação Renovar a Mouraria. Setenta eQuatro.
  • Muitos jornalistas têm menos conhecimentos de Economia do que se supõe e a sua análise das opções orçamentais é tudo menos objetiva. As ideias de que “aumentar a dívida pública é mau” e “cortar impostos é bom” são assumidas como verdades universais, quando não o são. Vicente Ferreira, Setenta e Quatro.
  • «O problema secular das democracias é terem de tolerar e de viver com quem não é democrata mas apenas se aproveita das suas liberdades e, na primeira oportunidade, em podendo, trata logo de suprimir a democracia e a liberdade dos outros. Por isso é que só depois de muitos e muitos anos, de várias gerações educadas na cultura democrática, é que começamos a acreditar que ela está consolidada e é imune a crises, a populismos ou a modas. A nossa democracia, que “apenas” tem 50 anos, é um bom exemplo disso, continuando a ser uma democracia em processo de educação colectiva e individual. Portanto, quando todos os anos se pergunta aos portugueses se estão satisfeitos com o 25 de Abril, uma larga franja responde que não, porque confunde a democracia e a liberdade de que goza — a razão primeira do 25 de Abril — com a conjuntura económica ou com o seu bem-estar pessoal, coisas com as quais os portugueses jamais estarão satisfeitos ou acharão que lhes cabe alguma responsabilidade, mesmo após terem recebido 150 mil milhões de euros de ajudas europeias ao longo de 37 anos. (...) O Chega mete dó e nojo, o VOX mete medo, porque tem um discurso estruturado, duro e impiedoso, assente na História, e um programa de Governo que poderia começar a executar amanhã. Mas do Chega, nem sequer os seus fiéis seguidores (...) são capazes de apontar uma só ideia do que quer que seja em termos programáticos: economia, saúde pública, educação, política externa, segurança social, agricultura, ambiente. Nada. O Chega, além de estar de serviço permanente ao racismo e ao combate aos imigrantes pobres, não passa de um guarda-nocturno da política: recolhe a cada noite os despojos do dia, para então, vasculhando no caixote do lixo, desencantar qualquer pequeno escândalo ou qualquer causa populista, onde esgota toda a sua forma de estar e de “servir a pátria”. Eu olhei para aqueles 12 alarves parlamentares, a quem a pátria, um por um, nada conhece de recomendável, entretidos a insultar o Presidente do Brasil, e só não me encolhi de vergonha porque, felizmente, Lula da Silva é bem mais inteligente do que qualquer um deles e percebeu bem que feios, arruaceiros e maus cada país tem os seus e cada democracia tem de tolerar os que tem.» Miguel Sousa Tavares, Feios, arruaceiros e maus – Expresso.

Sem comentários: