No sul de
Portugal, no município de Mértola, a associação Terra Sintrópica tem vindo a
experimentar há três anos a agricultura sintrópica para reduzir o consumo de
água numa das zonas mais secas do país.
Aí, acelgas, couves,
cebolas, manjericão e espinafres crescem entre filas de árvores. As vinhas
trepam em choupos, misturados com pêssego, damasco e figueiras. A seus pés,
lavanda, canas e favas. Tudo isto sobre uma cobertura densa de material
triturado e composto. Este cultivo em camadas, a base da agricultura sintrópica,
tem sido aplicado nesta quinta desde 2019.
O conceito de
agricultura sintrópica foi inventado e testado no Brasil pelo agrónomo Ernst
Götsch nos anos 1980. Ele demonstrou que era possível obter bons resultados com
baixo consumo de água e sem a utilização de fertilizantes externos, seguindo o
princípio da simbiose entre diferentes vegetações. As árvores protegem os
vegetais durante os meses quentes de Verão. As suas folhas nutrem o solo,
mantendo-o o mais húmido possível e alimentando os cogumelos no material
triturado. Mas na altura, a técnica foi concebida para "um clima
extremamente húmido, muito diferente do clima seco do Mediterrâneo", diz
Antonio Coelho. Foi apenas três anos mais tarde, depois de conhecer Felipe
Pasini, estudante de Ernst Götsch, que decidiu avançar e co-fundar a associação
com um grupo de habitantes de Mértola.
Uma vez que as plantas brasileiras são diferentes das portuguesas, tiveram de ser inventadas novas combinações de culturas locais. Aqui, abóboras, ervilhas e milho foram plantadas entre filas de choupos e árvores de fruto.
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