Bico calado
- É tempo de o
Fórum Económico Mundial justificar este festival anual de riqueza, usando a sua
influência para criar um sistema fiscal mais justo. Jayati Ghosh, IPS.
- Os fabricantes
de automóveis chineses superam as marcas estrangeiras no seu boom de veículos
eléctricos. FT.
- A organização
palestiniana de direitos humanos, Al-Haq, divulgou um relatório acusando
grandes corporações de manter o apartheid hídrico de Israel sobre os
palestinianos que vivem nos territórios ocupados. O relatório detalha as ações não
só das empresas de água israelitas Mekorot e Hagihon, mas também empresas
externas como TAHAL Group International B.V., Hyundai, Caterpillar Inc., JC
Bamford Excavators Ltd. (JCB), Volvo Car Group, Hidromek, Daio e LiuGong. Jessica
Buxbaum, MPN.
- «Por toda a vastidão imperial britânica, outro tipo
de destruição sistemática estava a desenrolar-se nos cem campos de detenção do
Quénia. O estado de emergência tinha sido declarado em outubro de 1952, e na
Primavera de 1957 doze mil detidos perigosos recusavam-se a cooperar com as
autoridades coloniais, enquanto milhares de outros "cinzentos"
labutavam nos "campos de trabalho". Os detidos revoltaram-se e
fizeram greves de fome. Os guardas do
campo e as equipas de interrogatório infligiam castigos diários e rotinas de
trabalho forçado, tornando a vida por detrás do arame farpado insuportável, se
não mesmo letal. No Verão de 1955, o Gabinete Colonial já se tinha interrogado:
"Quanto tempo podemos esperar manter 12.000 pessoas presas?". O
governo britânico tinha planeado contornar a Convenção sobre os Direitos
Humanos, que tinha sido derrogada ao abrigo do Artigo 15, enviando o
"núcleo duro" para um número limitado de "campos de exílio"
permanentes dentro da colónia, uma vez levantado o estado de emergência. Uma tal medida
prometia detenção perpétua sem julgamento para milhares de súbditos no Quénia,
uma violação da convenção. Logo que o Reino Unido levantou o estado de
emergência, a derrogação ao abrigo do Artigo 15 deixou de ser uma opção, ou
assim pareceu. O Governador do Quénia, Sir Evelyn Baring, e o Secretário
Colonial Lennox-Boyd estavam a tentar encontrar uma forma de contornar o
direito internacional dos direitos humanos, e a escala foi o fator decisivo.
"O Governo da sua Majestade poderia, em primeira instância, justificar uma
violação da Convenção a outros signatários se os números em causa não fossem
tão elevados", sublinhou Baring.» Caroline Elkins, Legacy of Violence – a History of the
British Empire. The Bodley Head/Penguin 2022, p 543.
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