O economista ambiental Aviel Verbruggen estima que a indústria dos combustíveis fósseis gerou lucros de 2,8 mil milhões de dólares cada e todos os dias nos últimos 50 anos. As gigantes petrolíferas projetam desenvolver novos campos de petróleo e gás no valor de 932 mil milhões de dólares até ao final de 2030 - e uma fortuna de 1,5tn dólares até 2040. Isso é um grande incentivo para continuar a emitir, mesmo antes de a guerra ucraniana lhes ter dado um novo fôlego. A ExxonMobil anunciou recentemente um lucro de 17,85 mil milhões de dólares para o segundo trimestre de 2022 (um valor quase quatro vezes superior ao de 2021); tanto a Chevron como a Shell acabaram de quebrar os seus próprios recordes anteriores. "Com todo este dinheiro pode-se comprar todos os políticos, todos os sistemas”, diz Verbruggen. Os incríveis subsídios públicos aos combustíveis fósseis fornecem uma ilustração impressionante: em 2021, os estados a nível mundial utilizaram cerca de 700 mil milhões de dólares do dinheiro dos contribuintes para sustentar o gás e o petróleo.
Para além de subsidiarem os poluidores, os governos estão cada vez mais a protegê-los contra os ativistas. Por exemplo, este ano, a conferência das partes da ONU (COP27) reúne-se no Egipto, um país onde o Presidente Abdel Fattah al-Sisi é apresentado como um campeão da justiça climática. Porém, a Human Rights Watch diz que os ambientalistas do país lutam para fazer investigação, quanto mais campanhas, sem medo de serem presos.
Nos Estados Unidos, algumas legislaturas estatais em
meados da década de 2010 começaram a elaborar estatutos para impor penas de
prisão a activistas que interferiam com refinarias e oleodutos. As leis
basearam-se no código de segurança nacional pós 11 de Setembro para classificar
as infra-estruturas de combustíveis fósseis como vitais para "a segurança
económica nacional, saúde pública nacional ou segurança em geral".
Na Europa, a "lei" anti-ambiental também se
intensificou, com os ativistas do clima na Alemanha a enfrentarem enormes
faturas por danos após o bloqueio de uma central eléctrica a carvão.
Na Austrália, onde os lobistas dos combustíveis fósseis exercem uma tremenda influência sobre os principais partidos políticos, a tendência tem provavelmente ido mais longe do que em qualquer outro lugar. Maiorias nos vários parlamentos fizeram aprovar leis anti-protesto que legitimam enormes multas pesadas e penas de prisão de dois anos para os manifestantes ambientalistas que se colem ou se acorrentem a pavimentos ou edifícios públicos.
Jeff Sparrow, The Guardian.
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