quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Itália: pecuária ligada a desflorestação do Gran Chaco argentino

  • A Alemanha vai nacionalizar a Uniper para salvar o maior importador de gás do país e evitar o colapso do setor energético na maior economia da Europa neste Inverno. A Uniper acumulou 8,5 mil milhões de euros em perdas relacionadas com o gás após a Rússia ter cortado o abastecimento à Europa. A Alemanha assumirá o controlo da Uniper, comprando os 78% detidos pela Fortum - que é maioritariamente propriedade do governo finlandês. A Uniper já recebeu uma série de resgates e empréstimos de salvamento, mas estes foram rapidamente ultrapassados pela escala da crise e é necessário um apoio estatal mais robusto.  Energy Voice.
  • O Secretário-Geral da ONU António Guterres apelou às nações mais ricas para tributarem os lucros inesperados das empresas de combustíveis fósseis. Discursando na Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque, disse que esses fundos deveriam ser redirecionados para países que sofrem perdas e danos causados pela crise climática e aqueles que lutam com o aumento do custo de vida. "A indústria dos combustíveis fósseis está a banquetear-se com centenas de biliões de dólares em subsídios e lucros inesperados, enquanto os orçamentos familiares diminuem e o nosso planeta arde... Os poluidores têm de pagar", afirmou.  Guterres disse ainda que os bancos multilaterais de desenvolvimento "têm de se esforçar e cumprir" e que ajudar os países pobres a adaptarem-se às alterações climáticas "tem de constituir metade de todo o financiamento climático". Entretanto, a Dinamarca tornou-se o primeiro país a prometer fundos aos países em desenvolvimento especificamente para "perdas e danos". A Dinamarca comprometeu-se com 13 milhões de dólares para "construir resiliência e ajudar as vítimas do clima a recuperar" durante uma reunião ministerial à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, com parte desta verba destinada a apoiar programas de seguros nos países mais pobres e "parcerias estratégicas com a sociedade civil" centradas na região do Sahel no Norte de África. Fontes: AP, The Independent, Reuters e Climate Home News.
  • Num evento à margem da Assembleia Geral da ONU, o antigo vice-presidente dos EUA, Al Gore, chamou "negacionista do clima" a David Malpass, o chefe do Banco Mundial, e disse que Joe Biden "deveria trabalhar para o seu afastamento". Segundo ele, Malpass, - nomeado por Donald Trump para liderar o banco de desenvolvimento em 2019 -, tinha "sido incapaz de melhorar o acesso ao financiamento para que os países em desenvolvimento assumissem projetos climáticos". Malpass "defendeu o seu historial em matéria de clima, mas recusou-se a dizer diretamente se aceitava o consenso científico de que a queima de combustíveis fósseis está a aquecer perigosamente o planeta", acrescentou. Manuela Andreoni, The New York Times.
  • Uma antiga fábrica da General Motors em St. Catharines está a derramar químicos tóxicos. Há muito tempo à espera que os novos proprietários da Bayshore Groups descontaminem o local, os residentes souberam que Ontário e a Câmara Municipal mantiveram as suspeitas de fugas de produtos químicos em silêncio durante dois anos. Ashley Okwuosa, TheNarwhal.

  • Uma investigação realizada por vários grupos de jornalismo e organizações não governamentais descobriu ligações entre a pecuária em Itália e a desflorestação no Gran Chaco, a segunda maior floresta da América do Sul. A investigação utilizou imagens de satélite para rastrear como a soja produzida no Gran Chaco argentino se desloca para instalações de trituração antes de ser enviada para Itália, onde o produto é utilizado na alimentação animal. "Sem se aperceberem disso nem o quererem, os consumidores italianos estão a contribuir para a destruição do ecossistema mais biodiversificado do país", afirma o relatório. A investigação levantou preocupações de que a nova lei de desflorestação da UE possa não ser suficiente para impedir este tipo de perda do ecossistema, explicando: "O projeto de regulamento da UE utiliza a definição de 'floresta' da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura. No entanto, as regiões tropicais que mais sofrem com a desflorestação são mosaicos complexos de ecossistemas ou biomas que não se enquadram nesta definição, tais como o Cerrado brasileiro e o Chaco argentino, que compreendem uma mistura de floresta, savana e prados naturais".
  • Várias comunidades de menonitas - um grupo cristão com origens na Frísia do século XVI, Holanda - que criaram quintas nas profundezas da Amazónia peruana estão a ser acusados de desflorestação ilegal. Um representante do grupo disse que tinham "adquirido a terra de boa fé, no entendimento de que lhes seriam concedidos títulos legais assim que a área fosse desbravada para a agricultura". Mas este argumento foi rejeitado pelo procurador do ambiente José Luis Guzmán, que afirmou: "Não posso desflorestar e depois pedir uma licença! Não funciona assim". Dan Collyns, The Guardian.
  • A Indonésia perdoou oficialmente 75 empresas que operaram ilegalmente em florestas, com mais centenas a serem amnistiadas no futuro. Hans Nicholas Jong, Mongabay.
  • Um ilhéu de Tiwi ganhou um caso histórico no Tribunal Federal, com o chumbo de um projeto de extração de gás a noroeste de Darwin, Austrália. AAP/MWM.

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