quarta-feira, 10 de agosto de 2022

Bico calado

  • «O busilis das verdades dos EUA e da NATO (acolitadas pela ONU, que remédio) é que é muito difícil de acreditar que um sistema de observação por satélite tão eficaz e rigoroso que permite aos EUA matar o lider da Al-Qeda - al-Zawahiri - na varanda da sua casa, num prédio indistinto da confusa cidade que é Cabul, disparando um míssil tão certeiro que poupou a pobre família do homem, não consiga saber com certeza quem dispara misseis contra a central nuclear, ainda para mais com as armas que lhe forneceu! Pois é nesta elevada competência em rastrear movimentos de um homem e atingi-lo na varanda da sua casa, em Cabul e na elevada incompetência em saber quem dispara há dias armas pesadas em direção a uma central nuclear que os "amigos de Zelenski" querem que os pobres de espirito, nós, acreditemos. » CarlosMatos Gomes.
  • «Toda a minha vida profissional como jornalista, já lá vão 30 anos, tive colegas que eram e, alguns, ainda são, excelentes jornalistas. A maioria foi despedida, humilhada, forçada a sair do jornalismo. A teia de interesses que une os vários sectores do poder na capital portuguesa não admite a isenção nem premeia a liberdade editorial (tive a sorte de ter sempre um pé profissional fora de Portugal, o que várias vezes me salvou de ficar sem trabalho). Depois houve os outros. Os vendidos. Em Lisboa conheci-os a todos, trabalhei com muitos deles. Desde a primeira hora, usavam o jornalismo. Usavam-no, violavam-no, traficavam-no, trocavam-no, ora por migalhas, ora por uma fatia de bolo. Não eram nem são jornalistas; bastava, basta falar com eles uma, duas vezes para o perceber. Estavam, estão, no jornalismo, à espera. Enquanto lá estão, recebem instruções, seguem agendas. Sempre a correr atrás de uma fatia maior do bolo, da dose de natas em cima da fatia do bolo, da cereja em cima das natas, dos talheres de prata para comer o bolo. Gulosos, insaciáveis, desprezíveis. Os mais espertos entre eles estão agora nas fundações, nos bancos, nos corredores do poder, são assessores ou presidente. N.B. Este texto foi retirado de um artigo de opinião que escrevi há já alguns anos.» Miguel Szymanski.
  • «A história dos Estados Unidos está repleta de estórias de repressão governamental contra dissidentes. Embora conheçamos os meios violentos de repressão da dissidência, os meios mais subtis são mais difíceis de apreender. Em "Beyond Bullets: The Suppression of Dissent in the United States", Jules Boykoff apresenta uma teoria sobre como a dissidência é suprimida, baseando-a em exemplos históricos e atuais, na sua maioria dos Estados Unidos do século XX. Em muitos lugares do mundo - e mesmo nos EUA - o esmagamento da dissidência pelo Estado é a pura violência que imaginamos, mas em geral, em países "ricos" como os EUA, a supressão da dissidência requer muito mais cooperação por parte da população, dos media, e outros. Não há tanques a rolar nos bairros que obrigam à subjugação na maioria dos lugares nos EUA, mas os media quase universais e uma força policial omnipresente, juntamente com todo o tipo de regras legais extra para dissidentes que não são aplicadas para outros, cumprem a tarefa. Como é que funciona? Boykoff descreve os métodos e dá exemplos. Ele começa com o óbvio: Violência direta, mais frequentemente utilizada contra pessoas de cor em grupos como os Panteras Negras, o AIM, os Young Lords, e outros. Isto envolve assassinatos e ataques diretos, como o assassinato de Fred Hampton em Chicago pela polícia de Chicago ou o ataque de agentes do FBI em Pine Ridge, pelo qual Leonard Peltier foi incriminado. O método seguinte que ele examina é a realização de Audiências Públicas e Processos Públicos, como os utilizados contra dissidentes nos anos 50 para incriminar os radicais como "comunistas". Estas audiências visavam principalmente ativistas laborais que tinham acabado de iniciar uma enorme greve envolvendo 2 milhões de pessoas em 1946 e inteletuais e trabalhadores de Hollywood envolvidos na indústria cinematográfica. O senador Joseph McCarthy liderou uma cruzada contra qualquer pessoa que ousasse falar contra a Guerra Fria ou o capitalismo, enquadrando as audiências de modo a que apenas testemunhas favoráveis fossem autorizadas a falar e testemunhas dissidentes fossem rotineiramente descartadas. Esta foi uma forma de estimular o apoio à Guerra Fria e esmagar o crescente movimento operário, culpando o pequeno Partido Comunista dos EUA. Parte da mesma rotina é negar emprego, ou colocar dissidentes na lista negra, como ocorreu quando Angela Davis foi despedida da UCLA em 1970, satisfazendo a exigência do Governador Ronald Reagan. A detenção de dissidentes com acusações falsas ou raramente aplicadas, também retira a energia aos ativistas. São colocados na defensiva na sala de audiências onde a resolução pode levar anos. As detenções em massa de manifestantes da justiça global no exterior do Banco Mundial em setembro de 2002 amarraram centenas de pessoas aos tribunais durante anos. Isto intimida as pessoas a expressar a sua opinião e coloca uma marca negra no seu registo criminal. A vigilância e as invasões estão fazem parte dos truques sujos para suprimir a dissidência, especialmente no programa COINTELPRO gerido pelo FBI, que funcionou até meados dos anos 70 para esmagar a "Nova Esquerda". Martin Luther King e a Conferência de Liderança da Pobreza do Sul foram considerados grupos comunistas a neutralizar para impedir a ascensão de "um messias negro". A partir daí, voltaram-se contra quaisquer comunistas (ativos ou não membros) em estreita relação com King, gravaram assuntos que King estava a ter, e enviaram cartas ameaçadoras exigindo que King cometesse suicídio. O FBI invadiu muitas vezes os escritórios da organização dos Direitos Civis com o objetivo de plantar escutas telefónicas sem mandato judicial. Infiltrar-se em grupos com agentes provocadores e tentar orientar a sua direção, colocar informadores em grupos, e tentar fazer com que as pessoas pensem que os líderes dos grupos são na realidade agentes do FBI, um processo conhecido como "Badjacketing", destacam-se como formas mais diretas que o FBI utilizou e utiliza para suprimir a dissidência. Douglas Durham infiltrou-se no Movimento Índio Americano (AIM), e orientou-o para a violência agressiva, abrindo combates com outros grupos de esquerda. No espaço de dois anos, as acções de Durham tinham fragmentado o AIM como um grupo. No caso de Anna Mae Aquash, a perda de confiança do seu grupo AIM por causa do badjacketing do FBI levou diretamente ao seu suicídio. Além disso, a "Propaganda Negra", ou falso correio hostil enviado pelo FBI em nome de um grupo para outro com a intenção de suscitar conflitos entre os dois grupos, levou o Partido Pantera Negra e os Escravos Unidos (uma organização cultural nacionalista negra) a começarem a atacar-se mutuamente, levando à morte de vários membros em ambos os grupos. O FBI também enviou um desenho animado falso a um grupo político maioritariamente negro, supostamente de um grupo maioritariamente branco, dizendo-lhes para "chuparem a minha banana, seus macacos". A peça final da supressão da dissidência é a forma como os media, intimamente ligados às corporações e ao Estado, marginalizam e minimizam os movimentos dissidentes. Mais recentemente, os manifestantes em 1999 contra a Organização Mundial do Comércio e a subsequente globalização anti-corporativa descobriram que os seus pontos de vista se tornaram notícia de uma forma que não se concentrava nas questões. Em vez disso, aas notícias relatavam que os organizadores só conseguiram algumas centenas de pessoas (mesmo nos casos em que o número era muito superior, que aberrações e estranhos apareceram para protestar, que a mensagem não era clara, e que os manifestantes procuravam a violência desinformada e muitas vezes não sabiam nada sobre os problemas. Boykoff avança para exemplos de supressão de dissidência nos últimos anos, tais como o "Medo Verde" em que as leis anti-terrorismo são usadas contra ativistas ambientais, ao ponto de ter um infiltrado do FBI ("Anna") a levar um grupo a quase fazer explodir uma torre de telemóveis e depois dar a um dos participantes, Eric McDavid, uma pena draconiana de prisão de 20 anos por um crime que nunca aconteceuApreciação de James Generic sobre ‘Beyond Bullets: The Suppression of Dissent in the United States’, de Jules Boykoff.
  • A CNN tenta policiar Roger Waters. Kevin Gosztola compara a versão editada de 7 minutos da CNN da entrevista de Michael Smerconish com Roger Waters com uma versão não cortada de 30 minutos. A comparação ilustra como a CNN usou a entrevista para tentar pintar Roger como um "louco político" para desacreditar o seu programa "This Is Not A Drill". 0:00 Introdução; 4:00 "Bravery of Being Out Of Range" de Roger Waters (do concerto "This Is Not A Drill"; 20:25 versão editada da entrevista;  25:35 versão integral da entrevista ; 35:55 papel dos EUA como ‘libertadores’; 35:55 Smerconish: Roger Waters é maluco; 47:40 Smerconish: "If I Don't Call You Out"; 50:15 comentário final.

  • Como promover o ódio? No Central Park de Nova Iorque, no parque infantil, colocaram uma mini-estátua de Putin sentado num tanque, tudo pintado de vermelho. As crianças podem divertir-se a disparar pistolas de água contra eles, ou derramar areia por cima. Fotos de Victoria Bonya, Instagram. Via Giorgio Bianchi.
  • Uma comissão do governo ucraniano incluiu numa lista negra cidadãos norte-americanos considerados inimigos do Estado por promoverem a propaganda russa: senador Rand Paul (R-KY), Tulsi Gabbard (D-HI), analista military Edward Luttwak, economista Jeffrey Sachs, ex inspector de armas das Nações Unidas Scott Ritter, coronel na reserve Douglas Macgregor, professor da universidade de Chicago John Mearsheimer, jornalista Glenn Greenwald. Scott Ritter desmonta muito bem a trama: na Ucrânia, as pessoas de uma lista negra são para abater. Tudo porque contaram a verdade e expressaram assuas ideias. Quem elaborou a lista negra foram funcionários ucranianos pagos com dinheiro do pacote de ajudas dos EUA. Uma ignomínia. Ele já escreveu aos politicos em quemvotou, apelando para que tomem medidas para imedir que o Governo da Ucrânia suprima o direito à liberdade de expressão garantido aos cidadãos dos Estados Unidos ao abrigo da Constituição.
  • Em Cherkassy, um deputado da oposição ao partido de Zelensky (OPFL) foi libertado sob fiança de um centro de detenção pré-julgamento. Foi recebido por patriotas locais, que lhe partiram o nariz, forçaram-no a ajoelhar-se e a pedir desculpa ao Azov e outras formações Nazis. Ainda vazaram um líquido verde por cima da cabeça. Fonte

Sem comentários: