«O Director do Público conseguiu fazer um editorial sem a
palavra eucalipto e explica-nos que "somos impotentes contra o aquecimento
global". Fala de "florestas", e nunca escreve a palavra
eucalipto. No Expresso, mais arejado em pluralismo neste caso, um grupo de
engenheiros, ambientalistas, biólogos, explicam com coragem que o Estado está
dominado pelo lobby das celuloses. Ponto. Assim mesmo. E que o eucalipto
devasta o país. Quem quer lutar a sério contra fenómenos extremos de clima
defende a biodiversidade e luta contra o eucalipto. Não há outra forma de ser
ecologista em Portugal. O Estado, que permite isto, é o grande culpado. Não tem
que ser defendido, tem que ser combatido, por uma informação crítica - há outra
informação que não seja a crítica? Pode haver jornalismo sem crítica ao Estado?
Xavier Viegas, especialista em fogos, no DN de hoje diz claramente, que não foi
feito nada do que foi recomendado por ele e outros em 2017 depois da condução
para a morte de dezenas de pessoas naquela estrada (insistem sem respeito algum
pelos familiares em mostrar as imagens macabras), queimadas vivas em fogos de
eucalipto, sim, eucalipto, vou escrever outra vez, EUCALIPTO. O que há 5 anos
depois? Tirar as pessoas das casas - sim, ainda bem, pelo menos isso, era o
mínimo dos mínimos, não deixar morrer mais gente. Mas e tudo o resto? Nada - o
país arde. (…) Manto que arde não como pequenos matos, com chamas curtas,
possíveis de apagar, mas com chamas incontroláveis, de 30 metros, que os
bombeiros assumiram estes dias nada conseguir fazer; que eles próprios, estes
fogos, formam ventos a arder e correntes, e que expelem a km (um especialistas
dizia até 30km!) fitas de óleos a arder - essa árvore chama-se eucalipto. E é a
floresta portuguesa. A palavra proibida da tragédia nacional.
Porque há um lobby em Portugal chamado celuloses, como o
disseram no Expresso e o escreveram quase todos os florestais desde sempre.
O Eucalipto que produz lucro todos os anos e destrói a
riqueza - o trabalho, as casas, o custo de apagar fogos, vidas em risco. A
segurança dos lucros é a nossa insegurança, a nossa contigência, a nossa
insegurança, o nosso medo do futuro. Esse estado permanente de um Estado em
crise profunda, que agora, sem vergonha de si próprio, se auto apelida de
"Estado de Contingência". Se fazemos casas para enfrentar extremos,
como terramotos, porque não temos uma floresta preparada para enfrentar, quando
necessário, clima extremo? Porque é o lucro que conta. Não são as nossas vidas.
Só por ingenuidade (ou puro desconhecimento das ciências
económicas) se insiste em dizer que riqueza e lucro são a mesma coisa. Na
verdade cada vez mais no mundo o lucro de poucos implica a destruição da
riqueza da terra e o empobrecimento geral da larga maioria das pessoas. Hoje
ser ecologista, frontal e corajoso, defender o interesse publico, é dizer e
agir numa direcção - o eucalipto tem que ser parado. É uma monocultura que nos
põe em risco de vida.
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