sábado, 16 de julho de 2022

Reflexão – “O eucalipto tem que ser parado. É uma monocultura que nos põe em risco de vida”

«O Director do Público conseguiu fazer um editorial sem a palavra eucalipto e explica-nos que "somos impotentes contra o aquecimento global". Fala de "florestas", e nunca escreve a palavra eucalipto. No Expresso, mais arejado em pluralismo neste caso, um grupo de engenheiros, ambientalistas, biólogos, explicam com coragem que o Estado está dominado pelo lobby das celuloses. Ponto. Assim mesmo. E que o eucalipto devasta o país. Quem quer lutar a sério contra fenómenos extremos de clima defende a biodiversidade e luta contra o eucalipto. Não há outra forma de ser ecologista em Portugal. O Estado, que permite isto, é o grande culpado. Não tem que ser defendido, tem que ser combatido, por uma informação crítica - há outra informação que não seja a crítica? Pode haver jornalismo sem crítica ao Estado? Xavier Viegas, especialista em fogos, no DN de hoje diz claramente, que não foi feito nada do que foi recomendado por ele e outros em 2017 depois da condução para a morte de dezenas de pessoas naquela estrada (insistem sem respeito algum pelos familiares em mostrar as imagens macabras), queimadas vivas em fogos de eucalipto, sim, eucalipto, vou escrever outra vez, EUCALIPTO. O que há 5 anos depois? Tirar as pessoas das casas - sim, ainda bem, pelo menos isso, era o mínimo dos mínimos, não deixar morrer mais gente. Mas e tudo o resto? Nada - o país arde. (…) Manto que arde não como pequenos matos, com chamas curtas, possíveis de apagar, mas com chamas incontroláveis, de 30 metros, que os bombeiros assumiram estes dias nada conseguir fazer; que eles próprios, estes fogos, formam ventos a arder e correntes, e que expelem a km (um especialistas dizia até 30km!) fitas de óleos a arder - essa árvore chama-se eucalipto. E é a floresta portuguesa. A palavra proibida da tragédia nacional.

Porque há um lobby em Portugal chamado celuloses, como o disseram no Expresso e o escreveram quase todos os florestais desde sempre.

O Eucalipto que produz lucro todos os anos e destrói a riqueza - o trabalho, as casas, o custo de apagar fogos, vidas em risco. A segurança dos lucros é a nossa insegurança, a nossa contigência, a nossa insegurança, o nosso medo do futuro. Esse estado permanente de um Estado em crise profunda, que agora, sem vergonha de si próprio, se auto apelida de "Estado de Contingência". Se fazemos casas para enfrentar extremos, como terramotos, porque não temos uma floresta preparada para enfrentar, quando necessário, clima extremo? Porque é o lucro que conta. Não são as nossas vidas.

Só por ingenuidade (ou puro desconhecimento das ciências económicas) se insiste em dizer que riqueza e lucro são a mesma coisa. Na verdade cada vez mais no mundo o lucro de poucos implica a destruição da riqueza da terra e o empobrecimento geral da larga maioria das pessoas. Hoje ser ecologista, frontal e corajoso, defender o interesse publico, é dizer e agir numa direcção - o eucalipto tem que ser parado. É uma monocultura que nos põe em risco de vida.

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