Reflexão - «fala-se em "floresta", "fogos rurais", só se vê eucalipto a arder»
- «Abram qualquer canal de notícias e vejam o que arde -
eucalipto. A palavra não é pronunciada - fala-se em "floresta",
"fogos rurais", só se vê eucalipto a arder. É o fantasma, tem cor,
tem cheiro, queima, destrói, imparável, mas não tem nome. O seu nome foi
suprimido das notícias. Façam esse exercício com qualquer imagem. Vale a pena
isto? O eucalipto rende 7%. É super rentável. É verdade, é do
mais rentável que há no campo. No mercado mundial plantar batatas dá prejuízo,
a fome ameaça os pobres do mundo, o eucalipto rende 7%. É um
"investimento". As armas são mais rentáveis. Medicamentos que não
curam também. Qual é o preço deste inferno "rentável" e até quando o
vamos permitir? Queremos viver num mercado rentável ou numa sociedade
sustentável? Não esgrimam o argumento estatístico para crianças de 5
anos de que as explorações das celuloses não ardem. Primeiro, ardem. E já
arderam. Mesmo assim representam uma ínfima parte. E estão ordenadas, com
guardas florestais, helicópteros, e vigilância 24 horas/dia. Mas o negócio das
celuloses não é ter explorações. Isso é uma ínfima parte. O negócio é outro. É
esperar que milhares de pequenos proprietários no país plantem eucalipto, em
qualquer lado. Uma parte irá arder, mas outra vai ser rentável, uma roleta
russa. Quem planta fá-lo perto de casas e aldeias - os accionistas das
celuloses não vivem em aldeias rodeadas de eucalipto. (...) Enquanto existirem manchas ininterruptas de eucalipto,
com um campo abandonado, sem biodiversidade, com as populações concentradas nas
cidades, e o eucalipto for lucrativo, podem cortar todos os matos e chamar
todos os bombeiros e meios que o país vai arder. (…) País encaliptado vai
arder, mesmo que lhe chamemos "floresta", mesmo que a comunicação
política insista em dizer que a culpa é de quem não limpa matos ou das ondas de
calor. A destruição ecológica não causa fogos no eucalipto por ondas de calor,
são os eucaliptais que provocam a destruição ecológica porque são parte da
política predatória dessa onda de calor chamada "capitalismo",
"mercado", "investimento".» Raquel Varela, aqui e aqui.
- «Como habitual anunciou milhões de euros em fundos
comunitários para resolver problemas estruturais, mas em todo o seu discurso
Costa ignora o facto de ser primeiro ministro desde 2015. Quantos hectares de
floresta foram convertidos de monocultura de eucalipto e pinheiro para espécies
mais resilientes em territórios vulneráveis deste então? Quantos ha de
florestas mistas foram plantados ou semeados até ao momento? Quantos pequenos
agricultores localizados em áreas vulneráveis passaram a receber apoios da PAC
para não abandonarem a atividade e continuarem a garantir a fragmentação da
paisagem e a proteção dos povoamentos? Que investimento extra foi concretizado
ao longo do seu mandato para garantir gestão coletiva em território vulnerável,
quantos hectares e quantos proprietários florestais? Onde está o prometido
ecoregime da PAC para apoiar a implementação das Áreas Integradas de Gestão da
Paisagem (ausente do plano estratégico apresentado em Bruxelas)?» Ricardo
Vicente.
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