Os governos de Espanha e Portugal querem permitir mais
pesca no Mediterrâneo e no Golfo da Biscaia em 2022 do que a Comissão Europeia
e os seus consultores científicos exigem a fim de evitar a ameaça de extinção
dos recursos haliêuticos, diz um relatório da equipa de jornalistas da
Investigate Europe. Os dois governos não querem aceitar que: os seus pescadores
no Mediterrâneo ocidental reduzam a pesca com redes de arrasto particularmente
nocivas; as capturas de pescada, linguado e camarão devem ser reduzidas de um
quinto na mesma região; a pesca do lagostim ao largo das costas espanholas deve
cessar completamente em algumas regiões e ser substancialmente reduzida no
Golfo de Cádis.
O governo português exigiu por escrito que as quotas de
captura de pescada e linguado fossem alargadas através de um
"roll-over" e que não fossem mais reduzidas, ao contrário do parecer
explícito dos peritos nomeados pela UE. Um porta-voz do ministro do Mar,
Ricardo Serrão Santos, explicou que os cientistas iriam "considerar apenas
a componente ambiental". Mas "como com todos os pareceres
científicos", escreveu ele, havia "margem de manobra para discutir e
negociar diferentes abordagens dentro dos limites do modelo".
Os governos ibéricos não estão sozinhos nesta posição.
Representantes da Dinamarca, França, Irlanda e Suécia também têm-se manifestado
contra restrições adicionais de pesca, relata a perita em pescas Jenni Grossmann, que
há muito tempo faz campanha pela proteção dos recursos haliêuticos em nome da
Client Earth.
Grossmann receia que também para o Mar do Norte e o
Atlântico Norte, os Estados do Norte da UE, juntamente com a Noruega e a
Grã-Bretanha, "prefeririam arriscar pescar em excesso com referência a
incertezas científicas do que tomar a precaução de reduzir as quotas de pesca".
Já em 2013, os Estados da UE assumiram o compromisso legal de acabar com a
sobrepesca nos mares da Europa até 2020. Mas em muitas regiões este objetivo
não foi atingido porque os ministros responsáveis cederam às exigências da
indústria pesqueira.
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