quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Bico calado

  • Quanto custou a «visita» de dois dias de um blogger espanhol que «visitou» Espinho para conhecer e divulgar o concelho? Veio por sua conta e risco? Foi convidado? Quem o convidou? Que o executivo camarário de Espinho promova o concelho e pague a profissionais para o fazer, nada contra. Sabemos que não há milagres e que se o município de Espinho não puxar a brasa à sua sardinha ninguém o fará por ele. Mas dizer que um blogger espanhol e sua companheira «visitaram» Espinho para conhecer e divulgar o território, não passa de uma estória mal amanhada.
  • O executivo camarário de Espinho fez aprovar a sétima proposta de alteração à empreitada do ReCaFE. Adjudicada há 4 anos por cerca de 12,5 milhões, a obra já soma 3 milhões de derrapagem, entre trabalhos a mais e correção de erros. Para não falar do atraso de um ano em relação ao prazo contratual de 3 anos.
  • Empresários pensavam estar a comprar candidatos autárquicos, mas estavam a pagar a burlão. Judiciária desmontou esquema que envolvia financiamento de politicos em troca de alegadas adjudicações de obras. Ana Henriques, Público 22ago2021.
  • A Grécia terminou a construção de um muro de 40 km ao longo da sua fronteira com a Turquia. Os funcionários governamentais dizem temer um afluxo de migrantes afegãos em busca de asilo. Redfish. O muro terá sido construído com o apoio de governos europeus.

  • Joe Glenton, ex-soldado britânico destrói narrativa oficial do Afeganistão.

  • «(...) o financiamento da infraestrutura ferroviária destinava-se a beneficiar os britânicos e não os indianos. Em 1849, o governo britânico anunciou que iria garantir às empresas privadas um retorno de 5% no projeto; os prejuízos seriam da responsabilidade do governo indiano (por outras palavras, do contribuinte indiano). Muitos investidores agarraram a oportunidade, e o sistema criou inevitavelmente ineficiência, porque obter um retorno estável garantido significava que os investidores não eram incentivados a assegurar a competência. Houve muitos cortes no processo de construção; além disso, o pressuposto de que os materiais britânicos eram naturalmente superiores significava que a Grã-Bretanha não permitia o desenvolvimento de uma indústria local para fornecer o material circulante e as locomotivas para os caminhos-de-ferro, preferindo importar de casa o que era necessário. Em 1869, havia mil locomotivas a vapor em circulação na Índia; nem uma única tinha sido construída lá. As indústrias que apoiavam os caminhos-de-ferro, tais como siderurgias e minas de carvão, eram também dominadas por empresas sediadas na Grã-Bretanha. Durante a construção, as empresas ferroviárias britânicas não fizeram qualquer esforço para garantir a saúde e segurança dos seus empregados locais, que também estavam expostos a doenças como a cólera: por isso, muitos morreram, sobretudo os cerca de 25.000 que perderam a vida durante uma obra de oito anos, tornando-a provavelmente "o projecto ferroviário mais mortífero jamais empreendido no mundo". Uma minoria significativa da mão-de-obra indiana (…) eram crianças. Mesmo para os trabalhadores mais bem pagos, os salários eram miseravelmente baixos, e sofriam muitas deduções sem causa ou eram completamente retidos. E não havia qualquer hipótese de promoção: os britânicos acreditavam que os indianos eram naturalmente incompetentes, e por isso não lhes era permitido aproximarem-se da maioria dos cargos de gestão, supervisão e técnicos. Em suma, o sistema de emprego nos caminhos-de-ferro era manifestamente racista». Sathnam Sanghera, Empireland – Penguin 2021.

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